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Arautos do Estendal

Ela, do alto das suas esbeltas e intrigantes pernas, veio caminhando quintal abaixo até ao estendal, dependurando a toalha onde, minutos antes, tinha limpo as últimas gotas de água. O Arauto viu, porque o Arauto estava lá. E tocou a trombeta.

Ela, do alto das suas esbeltas e intrigantes pernas, veio caminhando quintal abaixo até ao estendal, dependurando a toalha onde, minutos antes, tinha limpo as últimas gotas de água. O Arauto viu, porque o Arauto estava lá. E tocou a trombeta.

Arautos do Estendal

14
Jul06

Poema de amor #2

riverfl0w

Porque as fãs têm direito a resposta (mas só as bonitas, obviamente).

Grru Grru (nome de código)
, minha fã
(até o título rima, hã?)

E
stava eu ali no émésséne,
e por lá te vi onlaine;
vesti as minhas cuecas de neoprene
e pus no meu cão o açaime.

Abri aquela janelinha,
e logo me surpreendi.
Não é que a tua carinha
estava num quadrado ali --> ?

Fiquei assim fascinado
com tamanha beleza...
E pus a minha foto no prado
(aquela com cuecas tigresa).

Confessaste a tua paixão secreta,
até me escreveste um poema,
espetaste tão fundo a seta
que o meu coração tem um edema.

Teu fã agora sou eu,
não há mais que esconder...
eu não sei o que me deu
mas estou louco por te ver!

riverfl0w

14
Jul06

Poema de amor #1

riverfl0w

Aqui há uns minutos, uma fã minha (e a única, convenhamos) dedicou-me um poema de amor. Um poema amor é uma coisa boa de se dedicar, sobretudo quando vem acompanhado por uma ou duas tortas de Azeitão. Enquanto as tortas não vêm até mim, ou eu não vou até às tortas, vejo-me obrigado a fazer uma análise literária:

riverfl0w (coraçõezinhos)
(riverfl0w é o destinatário, os coraçõezinhos devem funcionar como selo do correio.)

Acho que os teus olhos são verdes
Mas já não me lembro bem
(A autora sofre claramente de uma doença degenerativa fulminante, que a impede de se lembrar da beleza que é ver os meus olhos ao vento. São verdes, ok. Menos mal. Os boletins do Euromilhões só se podem entregar até às 18h.)
Tens poucoxinhos pelos
Olha.... ainda bem!
(A menina deve vir de uma família de Telmas, só daí é que consigo extrair o espanto pela minha aparente falta de pelagem.)

Tens sonhos e aspirações
Tens um estaminé e um jornal
Tens uma imagem de um coelhinho
(Reparem na sublime utilização da forma verbal do verbo ter em triplicado, o que reforça em muito a métrica do poema. É incrível como nunca ninguém se lembrou disto.)
Que te fica um bocado mal
(Claro momento de inveja mal disfarçado.)

Tendo em conta estas coisas
Devo estar a ficar doida varrida e um bocado maneta (... não havia mais nada que rimasse!)
(Atentem na genialidade intrigante deste último verso... deixa-me sem palavras)
Se não for por mais nada
É pela tua bicicleta :)
(É neste verso final em que tudo se consubstancia. Recebi eu um poema de amor, e ah e tal, cheio daqueles elogios que nos põem o ego ao alto, e no último verso... putz. Ela está apaixonada pela minha bicicleta.) riverfl0w

08
Set04

Passado ao futuro presente

riverfl0w


Estar num passado distante
A beijar alguém momentaneamente,
Sem que o tempo passe de rompante
Mesmo ali à nossa frente.

Aproveitando cada ocasião
Criada pela liberdade,
Preso à tua mão
Destino de verdade.

R
egressando a tudo o que não passámos
Sem nunca perder a esperança de o vivermos agora,
Longe do tempo que sentimos
Agarrados à memória
De estarmos esquecidos de nos lembrar
Tantas coisas inexistentes,
Que sentimos nas palmas a abraçar
Os corpos suados e quentes.

E voltar de onde tivemos origem
Como postal devolvido ao remetente,
Suspirando dos sentimentos que existem
Numa veracidade em que acreditámos veemente.

Q
ue depressa aos poucos e poucos
Se tornaram enfadonhos,
E acordamos, desesperados… loucos
Por tais enganosos e tristes… sonhos…

Defacto
8 de Setembro de 2004, em Voos da Alma
02
Set04

Aqui, eu e elas

riverfl0w
Silêncio.
Ecrã branco, cheio de nada.
Cessaram já os flashes e as palavras trocadas aqui e ali.
Agora, tudo está calmo. Apenas o discreto som das teclas se faz notar.
Só eu e elas, numa ligação que se revela infinitamente cúmplice.
Desejos, segredos, provocações, intimidades, saudades, ou o simples basbaquear do dia-a-dia, revelado pelo ritmado crepitar das teclas.
Os pássaros desistiram já de chilrear, a suave respiração dos outros já não é perceptível. Os carros já não passam lá fora, a televisão já não fala do mundo.
Esta noite, apenas eu e elas permanecemos aqui.
Um cão late, tímido.
E novamente o silêncio, abrasador. riverfl0w
15
Jul04

Língua Portuguesa

riverfl0w

O muar

pobre
solípede
solipsista
assolapado.
em solilóquios
abastosamente
faz-se abarroado.
sonhando-se alfaraz
é apenas, por alcançadura,
acurvilhada e alcachinada alimária,
reles abochonhado animal aguachado.

Alexandre Monteiro
7 de Julho de 2004, em No Arame
(poema acerca de Durão Barroso)

09
Jun04

Olhar Doce

riverfl0w

Sabe bem estar aqui
Longe e perto do meu mundo,
Sabendo que só por si,
Olhares se cruzam num segundo.


Rostos, gestos, sorrisos,
Palavras soltas, afinidades,
Nunca estamos perdidos
Quando os olhos dizem verdades.


Se não fosses fruto proibido,
E houvesse a coragem (que não trouxe),
Hoje mesmo levava comigo
Esse teu olhar, tão doce.


riverfl0w

30
Mai04

Milky Way

riverfl0w

A uma amiga estrela, porque afinal uma bolsa de estudo está apenas ao alcance dos melhores.

Milky Way

Far roads, high roads...
The Milky Way is beauty
and there's no beauty without stars.
It's milky roads
of the starry light
lead us into the supreme view:
stars, planets, constellations...
everything in the same picture.

If you start vertically
without wings
and reach beyond a high road...
you are a star!

riverfl0w
September 22nd 2003

06
Mai04

Poema: "Ó água que cais"

riverfl0w

Ontem vi-te
Ao sair pela porta esquerda,
Que p'la direita não foi,
Pois é uma estafadeira. (a porta era a do carro, tá claro)

Olhei o céu e,
Caindo desgovernada,
Lá vinhas tu,
Ó água danada! (eia, rimou!)

Mais um passo e
Olhei o chão.
Asneira da grossa,
Não gostei, não! (estarei a apanhar o jeito?)

Foi na careca,
Que elas adoram
Onde pingaste feliz,
Molhaste-me todo. (não rima, mas é a verdade)

Corri de volta
Com medo de ti,
Peguei o que te guarda
Ou me guarda a mim. (já não sei bem quem é que ele guarda, mas não faz mal)

De novo t' olhei,
Sorriso maroto,
Anda cá ó água,
Lava-me os pés. (ok, perceberam? Com o guarda chuva, só molho os pés... certo?)

pickwick