Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

Arautos do Estendal

Ela, do alto das suas esbeltas e intrigantes pernas, veio caminhando quintal abaixo até ao estendal, dependurando a toalha onde, minutos antes, tinha limpo as últimas gotas de água. O Arauto viu, porque o Arauto estava lá. E tocou a trombeta.

Ela, do alto das suas esbeltas e intrigantes pernas, veio caminhando quintal abaixo até ao estendal, dependurando a toalha onde, minutos antes, tinha limpo as últimas gotas de água. O Arauto viu, porque o Arauto estava lá. E tocou a trombeta.

Arautos do Estendal

06
Ago06

Alguém tem espaço no quintal?

riverfl0w
«Em 2005 a produção de batata fixou-se nas 738 mil toneladas, representando um decréscimo de 22% face ao ano anterior. Vários foram os factores que contribuíram para esta situação: por um lado, as condições climatéricas adversas ocorridas durante a época de sementeira e que condicionaram a prática da actividade em especial nas zonas do Entre Douro e Minho, Beira Litoral e Ribatejo e Oeste. Por outro lado, a forte retracção por parte dos produtores em plantar batata, como consequência das dificuldades de escoamento sentidas em 2004, ano em que se registou um excedente de produção. Por isso mesmo, a área utilizada para esta cultura passou de 62 mil hectares em 2004 para 57 mil hectares no ano em análise.

Refira-se que nos últimos anos tem-se assistido a uma significativa expansão da exportação deste produto, fundamentalmente como resultado da forte procura exterior, nomeadamente comunitária. A comprovar isto mesmo está o decréscimo de circulação da batata em território nacional.»

Fonte: Ministério da Agricultura

Resumindo, estamos a ficar sem batata. E eu pude comprová-lo in loco no meu almoço de ontem. riverfl0w



Poisson-épée avec demi de pomme de terre et une courroie de citron.

 

02
Ago06

Homossexualidade feminina

riverfl0w
Sinónimo de confusão? Um bando de vinte lésbicas, de olhos vendados, num mercado de peixe! Era, assim, uma anedota que ouvi em tempos idos, juntamente com aquela de as polacas não poderem praticar ginástica de solo. Conhecem? Se não era assim, era tal e qual. Bom, seja como for, pode estar aqui a explicação para a homossexualidade feminina: os peixes! Não sei muito bem como é que se lá chega, mas de alguma forma há-de ser. Deve haver qualquer coisa de misterioso, quanto de erótico nos peixes. Ou ao contrário. O que é certo, é que elas deixam-se fotografar todas nuas, enroscadas em enormes peixes, para o calendário de uma marca de equipamento para pesca. Portanto, é só pensar um bocadinho, e havemos de chegar a alguma conclusão. Será que as lésbicas são mulheres que nunca compraram peixe num mercado? Nunca sentiram o contacto daquelas escamas húmidas, os bigodes da boga, a elegância da pescada? Ou será que, as lésbicas, são mulheres que tiveram um impulso secreto quando chegaram a casa com o pescado? Imagine-se, uma adolescente, que vai às compras com a mãe. Compram carapaus, a mãe vai à garagem arrumar as batatas e a miúda fica na cozinha a arrumar os carapaus no frigorífico. Quando lhes toca, sente um arrepio na espinha. Aquela humidade, as escamas escorregadias, a sensibilidade… e se metesse o carapau entre as pernas, pensa a adolescente? Os olhos até brilham! Entretanto, chega a mãe e estraga tudo. A adolescente, passado um bocado, vai até ao seu quarto, ainda alucinada com os carapaus húmidos, a respiração ofegante. Mais tarde, já mais calma, procura no seu universo de vida um carapau. Não há. O mais próximo que existe, é uma sereia. E uma sereia, é um ser mítico do sexo feminino, regra geral com uns seios perfeitos debaixo de uma gadelha farta. Uma sereia é que era, pensa a adolescente. Mas não há sereias. Por isso, o mais perto de uma sereia, é uma mulher. E pronto, está produzida uma lésbica. No dia seguinte, vai para a escola e procura, com o olhar atento, outras adolescentes que tenham tido um encontro imediato com um carapau, ou uma solha, ou uma pescada, e que busquem nas outras adolescentes a sereia que há nelas. Outro dia, fiz uma longa viagem de carro com uma amiga, nome de código Rita. Há poucas semanas atrás, eu tinha conhecido o namorado dela. Agora já era ex-namorado. Ela tinha-lhe dado um chuto. Conversa puxa conversa, ela confessa que já teve uma experiência a três, com o ex-namorado e mais uma amiga de ambos, numa típica “ménage à trois”, que correu muito bem. Tão bem, que depois experimentou só com a amiga, e ainda foi melhor. Segundo a Rita (cujo nome verdadeiro é bem diferente), uma relação sexual com uma mulher é bem mais interessante e proveitosa do que com um homem. Ela não deve conhecer muitos homens, tive vontade de lhe dizer. No entanto, passados meses, ela voltou a arranjar um namorado, e ainda por aí toda contente. Não a percebo. Seja como for, essa da relação mais proveitosa pode estar na preferência das mulheres pelas mulheres: a homossexualidade feminina. A ter em conta, nestas preferências, pode ser o conhecimento que as mulheres têm da máquina feminina. Por exemplo, a Ana sabe o que lhe dá muito prazer, logo, será, muito provavelmente, o que dará também muito prazer à Catarina. Além do mais, a mulher não chega ali, monta a outra mulher e em 18 segundos já tem a torneira aberta e está pronta para ir para o sofá beber uma cervejola e ver televisão. No mínimo, 18 minutos, e mesmo assim… Bem, para finalizar, estava aqui a pensar que um bom negócio para montar, e assim ganhar uns trocados extra, seria a venda de carapaus em sex-shops. De silicone. Vibradores, em forma de carapau, com variações em forma de sardinha, atum e peixe-espada. Auto-lubrificados. Com umas luzinhas nos olhos que piscavam, verdes ou azuis. Para as mais violentas, ou sadomasoquistas, uma versão de vibrador em forma de peixe-aranha, com os devidos ferrões. Ui… como elas iriam gostar! Com um dispositivo motorizado na cauda, tipo abano, para quando o carapau desaparece todo e fica só o rabo de fora, a abanar. Muito sexy! Um sucesso! pickwick
04
Jul06

O pesadelo num sonho de pescador

riverfl0w

No domingo fui até à Barragem da Aguieira lavar uma canoa e dar umas pagaiadas com o Miguel, para desenferrujar o corpo entorpecido por meses de cativeiro. Junto a uma ponte, existe um restaurante, uma loja de pesca e um parque de estacionamento, onde combinámos encontrar-nos. A sessão de canoagem foi divertidíssima. Apesar de sensação de andar a navegar numa sopa de cadáveres, patrocinada por aquele já célebre talhante de Santa Comba Dão, é sempre um prazer sulcar as águas calmas e esverdeadas de um lençol de água, abalroando um ocasional peixe morto ou serpenteando entre nacos de madeira apodrecidos. A parte mais divertida reside na falta de destreza da tripulação da canoa, muito adeptos dos golpes de rins que fazem desequilibrar a embarcação. Os artistas, são bons artistas, e assim proporcionaram o belo espectáculo de virar a canoa várias vezes. Um dos motivos para os golpes de rins e o consequente naufrágio, ou mesmo o maior motivo, era a bela da gargalhada. Pronto, um gajo ri-se por tudo e por nada, a barriga contrai, deixa de estar relaxada, contrai para aqui, contrai para ali, e em menos de nada um gajo está a gargarejar a bela da sopa esverdeada, com peixes minúsculos a saltarem pelas narinas. Bom, com toda a aventura e divertimento, chegou-se ao fim como numa prova de natação: todos estafadinhos e todos molhadinhos. Uma vez que se aproximava a hora do almoço e a fome começava a fazer corpo presente, demos um saltinho à loja de pesca, para tentar comprar uma t-shirt para o Miguel, que se tinha esquecido de uma de reserva. A verdade é que ele não tinha contado com os naufrágios da embarcação. Enquanto o Miguel corria a loja à procura, com o dono a mostrar-lhe as existências, eu vim até à rua ver o ambiente e a montra da loja. Aí, na montra, dei de caras com o calendário 2005 da Zebco, uma marca de equipamento para pesca. Aquilo não era um calendário. Era uma mostra de horrores! Não consegui evitar uma cara de enjoado e uma boca toda aberta. Os calendários, a cores e bem grandes, mostravam mulheres nuas e semi-nuas em poses artísticas com… peixes! Pá, não estou a falar de sardinhas nem petingas! Estou a falar de peixes grandes! Muito grandes e cheios de lodo. Elas encostavam as mamas aos peixes, seguravam neles com carinho como se lhes fossem beijar apaixonadamente as beiças, sentavam-se em cima deles como se tivessem um prazer fantástico em roçarem-se nas escamas, eu sei lá. Fiquei como que atirado para o meio de um pesadelo! Uma gaja toda boa e nua sentada em cima de um descapotável numa oficina de mecânica, ainda que bezuntada com óleo queimado, ainda vá que não vá, mas… peixes?! Peixes grandes?!... Por favor! Eu não tenho em muito boa conta os caçadores. Mas os pescadores, pronto, eu até pesquei uns peixitos no Mondego, quando ainda não tinha barba e a actividade até era divertida. Mas esta marca Zebco considera os pescadores como seres semi-humanos, animais com pila de homem que se excitam com um par de mamas e umas belas nádegas, mas que se excitam muito mais quanto as mamas e as nádegas contracenam com um peixão feio e asqueroso. Se a marca existe é porque tem clientes, e, se os clientes compram equipamento da marca, é porque se encaixam no perfil destinatário da publicidade. Ou seja, são uns tarados! Resta-me avisar as mulheres deste país: se o vosso marido, companheiro, namorado ou amigo das cambalhotas, usa equipamento Zebco, atenção! Ficai cientes que, naqueles momentos de grande paixão e ternura, de corpos suados e respiração ofegante, a visão bi-ocular do vosso parceiro estará a repartir equitativamente o vosso corpo real com a imaginação de um peixe enorme e feio, num verdadeiro e excitante ménage-à-trois. pickwick