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Arautos do Estendal

Ela, do alto das suas esbeltas e intrigantes pernas, veio caminhando quintal abaixo até ao estendal, dependurando a toalha onde, minutos antes, tinha limpo as últimas gotas de água. O Arauto viu, porque o Arauto estava lá. E tocou a trombeta.

Ela, do alto das suas esbeltas e intrigantes pernas, veio caminhando quintal abaixo até ao estendal, dependurando a toalha onde, minutos antes, tinha limpo as últimas gotas de água. O Arauto viu, porque o Arauto estava lá. E tocou a trombeta.

Arautos do Estendal

26
Ago13

Novas teorias dos incêndios

pickwick

Durante mais de quatro décadas, mantive rigidamente o hábito de dormir com o mínimo dos mínimos: a bela e fiel cueca. Porquê? Porque, se a casa, ou o prédio, ou a tenda, pegar fogo a meio da noite, um gajo está apto a sair a correr e salvar a vida com o mínimo de dignidade, sem qualquer penduricalho que possa ferir a susceptibilidade de uma bombeira menos atrevida ou de uma mirone armada em púdica. Com jeito, dar imediatamente uma entrevista para um canal de televisão, preferencialmente com uma jornalista fofinha. 


Acontece que, ao fim destes anos todos de hábito fixo, precisamente a meio do verão de 2013, o meu subconsciente deve ter terminado uma longa teorização sobre os incêndios, a saber: existe um volume anual de incêndios que não é ultrapassado, digamos que X, sendo que este volume acumula os incêndios de inverno Y (com destaque para as velhotas cujas ceroulas pegam fogo no braseiro) com os incêndios de verão Z (tipicamente o empresário M paga ao magano N, que não regula bem da cabeça ou tem muita sede, para pegar fogo ao pinhal); a relação X=Y+Z mostra, claramente, que durante o inverno não há incêndios no pinhal, porque não dá rendimento, e durante o verão não há incêndios em habitações, porque o fogo está ocupado e não tem aquela mania feminina da multitarefa (o tal mito facilmente desmascarável).


Assim que o subconsciente concluiu a defesa desta teoria a si próprio, deu indicações aos miolos para que não mais se usassem cuecas durante as noites de verão. A memória queixou-se que ah e tal, tem que se usar sempre, mas não serviu de nada. Nem cuecas, nem calções, nem fraldas, nem sequer uma mini-saia escocesa que fica sempre bem num homem maduro. Nudez completa!


Ora, acontece que, face a esta nova situação, o meu consciente começou logo a fazer o que melhor sabe fazer: atrofiar-me o juízo! Tanta nudez, para quê? Agora? Por amor de Deus, devias dormir assim mas era quando tinhas namorada, que ela ficava-te muito agradecida pela disponibilidade, podendo servir-se facilmente em qualquer altura da noite, como quem apetece um copo de leite fresco a meio da noite e o frigorífico nem tem porta e já há uma palhinha a sair do pacote! Portanto. pickwick

26
Jul13

Combinação imperfeita

pickwick

Apesar de previamente ter pensado que o dia poderia ser melhor aproveitado noutras actividades, alinhei num programa de lazer relativamente simples: piscina, comer e beber. O dia inteiro. Vá, só comecei quase às 13h00, porque outros valores se levantaram e passei a manhã a tentar recuperar do óleo da véspera. E a meter o sono em dia, também.

 

Quando cheguei à beirinha da piscina, pasmo dos pasmos: a Dulce e a Fabiana estavam em fato de banho! As minhas perninhas quase que vacilaram, tão incapaz que eu estava de interiorizar a surpresa.

 

Foi um dia agradável, entre comida saudável, vinho frisante, comida menos saudável, e espumante. Muito difícil. Cinco horas de polo aquático contra uma quase invencível quadrilha de criancinhas abaixo dos treze anos. Muito doloroso.

 

Onde é que entra a parte da combinação imperfeita? É simples: falta de cintura e mamilos-schraeder. A Fabiana tinha falta de cintura e mamilos-schraeder. A colega-que-me-apalpou-o-braço tinha falta de cintura e mamilos-schraeder. E a Dulce tinha falta de cintura, embora não tenha reparado se tinha mamilos-schraeder ou mamilos-low-profile. Tenho dias em que não consigo reparar em tudo, é verdade. Seja como for, estes dois detalhes formam uma combinação imperfeita.

 

Onde é que entra a parte da imperfeição? Ora, um gajo olha para uma falta de cintura e pensa: ah e tal, tanto sofá… e umas corridinhas, não?, e onde é que eu meto as mãos para a puxar para mim?, e uma mini-saia fica pendurada onde?, e por aí fora. Por outro lado, um gajo olha para uns mamilos-schraeder e exclama: uiii… ganda maluca!, a aguinha está a espevitar-te as válvulas?, isso com uns três centímetros de adesivo resolvia-se e ficava bem melhor à vista!, e coiso e tal.

 

Portanto, se tivermos apenas seis centímetros de adesivo, temos um problema sério: três centímetros para cada mamilo resolve a parte estética mais evidente, mas falta adesivo para segurar a mini-saia que não tem ancas onde se segurar; quatro bocados de centímetro e meio fixam a mini-saia à pele em quatro pontos, evitando que caia pelas pernas abaixo e exponha as cuequinhas de cor duvidosa, mas, com aqueles mamilos-schraeder a concentrar as atenções, ninguém repara numas cuequinhas, por mais vistosas ou esburacadas que sejam. Quando há duas situações que carecem de solução e apenas conseguimos solucionar uma delas, temos o quê? Isso mesmo: uma imperfeição!

 

E o que raio são mamilos-schraeder?

O nome deriva da extraordinária semelhança entre um mamilo feminino extraordinária e permanentemente erecto, e uma válvula de ar do tipo Schraeder, como as usadas nos pneus de automóveis e bicicletas de montanha. Obviamente! pickwick

03
Abr13

Mistérios do Corpo Feminino I

pickwick

Estava eu a braços com as festividades pascais, isto é, na paz e no sossego do lar-doce-lar apenas com o compromisso do almoço familiar no Domingo de Páscoa, quando recebo uma chamada da Lulu. Surpresa!

A Lulu é uma quarentona, divorciada, mãe de filhos já adultos, na qual tropecei há uns três anos atrás. Foi daquelas oportunidades que… chutamos inexplicavelmente para canto. A terminar uma licenciatura em psicologia e com um passado ligado ao atletismo, como atleta e treinadora, acrescia a característica de ser uma boa moça, coisa rara nos tempos que correm. Do contra, uma relação mal finalizada e que lhe deixou mazelas psicológicas não desprezáveis, e uma barriguinha descuidada. O suficiente para me recusar a um envolvimento para o qual ela estava prontamente disponível, com múltiplas opções de profundidade. Sim, eu sou mesmo esquisitinho.

Ora, durante este tempo todo, acho que nos encontrámos duas ou três vezes, no máximo, uma das quais para uma saudável caminhada na Serra da Estrela, e outra para uma corridinha no mato, que terminou com um quase-desmaio da Lulu e um cotovelo avariado na minha pessoa. E meia dúzia de conversas para meter as novidades em dia.

Então, recebo a chamada da Lulu, e, para evitar o aquecimento exagerado da minha orelha por causa das ondas electromagnéticas do telemóvel (algo que cada vez mais me irrita), desafiei-a para irmos jantar os dois. Assim, eu sempre saía de casa para desanuviar, poupava-me à fritura dos miolos com ondas electromagnéticas, e gozava de alguns momentos em companhia feminina, coisa que tem escasseado.

Sempre vi a Lulu de calças. Tanto ao vivo, como em fotos. Daí que, quando apareceu ao pé de mim de salto alto-moderado, com uma mini-saia e umas meias escuras fantasiadas, comecei a pensar seriamente na minha vida. Elegante. Muito elegante. Pernas esguias. Postura direita, muito agradável à vista. Uma delícia. Cabelo pintado de castanho. Sem maquilhagem que se vislumbrasse, mas com um rosto muito bonito. Um gajo começa a fazer contas de cabeça e tem que se conter para não começar a uivar, nem a fazer comentários como se acartasse tijolos de sol a sol.

Dadas as condições climatéricas, a Lulu só tirou o casaco à mesa, no restaurante. Camisola carmim, justa ao corpo. Como é que um gajo tira as medidas a uma mulher sentada à sua frente durante uma refeição? Liliana, sempre quiseste saber, não? Eu explico. Há fracções de segundo, ao longo do tempo, em que, ou porque ela precisa de olhar para o bife que está a cortar com a faca, ou porque ela farta-se de olhar para mim e precisa de descansar a vista noutro alvo. Aí, um gajo está atento e tira as medidas. Num piscar de olhos, para não ser apanhado em flagrante. É tudo um jogo de velocidade. Ela nem dá por nada. É preciso é estar sempre a controlar-lhe o olhar.

Esta técnica só não resulta quando se está em frente a uma gaja extremamente sabidona e desconfiada, que já conhece a técnica, e que simula, por um cagagésimo de segundo, o esperado desvio de olhar para o bife ou para o além. Simula que olha o bife, um gajo detecta que desviou o olhar, o cérebro diz que é altura de olhar para o decote, mas, no preciso momento em que os olhos pecadores caem sobre o peito dela, já está o olhar reprovador a apanhar o flagrante delito. Pimba! Eu sei que só me lixo a relevar publicamente esta técnica, mas, depois deste jantar, não resisti.

E pronto, foi uma fartura de tirar de medidas à Lulu, só para confirmar que aquela elegância era transversal ao corpo inteiro, desde os pés à cabeça, incluindo a barriguinha. Houve uma evolução positiva, inegavelmente.

Ela falava da vida dela e eu perdia-me em sonhos. Momentos houve em que já me estava a ver, qual animal incontrolado, a varrer a mesa com os copos e os caroços de azeitona e os bifes e as batatas fritas, tudo a voar pelos ares, para lhe agarrar as mandíbulas com um toque de veludo e encher-lhe aqueles lábios de beijos. Felizmente, sou um homem com um auto-controlo acima da média, e comi mais umas batatas fritas e duas folhas de alface, na esperança de uma calma interior que tardava em chegar.

Eu nunca tinha visto a Lulu naqueles preparos. E fiquei fascinadíssimo. Estava uma figura, que não há homem à face da Terra que não se sentisse orgulhoso de passear de braço dado com ela. Ou de mão dada, pronto.

Depois tirei-lhe uns vírus do computador portátil, dois beijinhos de despedida e lá foi ela. Fiquei uns segundos imóvel, no carro, de olhar grudado naquelas pernas enquanto ela atravessava a rua até ao carro dela. E o resto da noite foi para pensar na vida, nas oportunidades chutadas para canto e nos mistérios do corpo feminino. pickwick

19
Jun12

A cor do primeiro encontro

pickwick

Ao fim de longos meses de espera, de anseio, de lábios mordidos, de talvezes, de qualquer-dias, a Liliana viu-se a braços com o facto de ter três dias para escolher a roupa para o seu primeiro encontro com o Mateus. Naturalmente, recorreu ao meu aconselhamento técnico, dadas as minhas excepcionais capacidades para debitar baboseiras sobre vestuário feminino.

 

A primeira coisa que me veio ao pensamento, foi o meu primeiro encontro com uma mocinha, lá para o ano de 1985. Era uma rapariga engraçadinha, que me enchia as medidas, com uns lábios imprevisivelmente carnudos naquelas feições orientais. Uma mulher, é sempre uma mulher, seja chinesa, como ela, ou nem por isso, com as mesmas expectativas, preocupações e anseios. Acontece que a rapariga deve ter procurado aconselhamento técnico para aquele primeiro encontro. E tal foi a intensidade do aconselhamento, que eu quase não a reconhecida, tal era a transformação. O longo cabelo negro, que eu tanto desejava afagar e sentir, estava todinho apanhado no cimo da nuca, num enrodilhado artístico que mais parecia um cocó de São Bernardo. Desilusão completa! Semanas a fio, a imaginar-me pendurado nos fios do cabelo dela, qual Tarzan romântico, deitadas pela sanita abaixo com aquela amarração escusada. O corpinho, que eu venerava, e que conhecia ora debaixo de um uniforme escolar branco e imaculado, ora debaixo de um vestuário sóbrio, estava escondido debaixo de um exercício de alfaiate muito mal conseguido. Um vestido armado ao chiquérrimo, a atirar para o balão, que tira a qualquer homem a vontade de abraçar a cintura feminina. Uma desgraça. Para completar, uma mistura impressionante de bodegas a cobrir-lhe o rosto, que hoje compreendo, mas que na altura me deu a volta ao estômago. Para mim, que aprecio a sobriedade e a naturalidade, foi uma tacada de basebol no queixo. A coisa começou logo a correr mal, muito mal, e terminou pessimamente. Nunca mais ela falou comigo, nem eu com ela, e muitas pragas me deve ter rogado. Eventualmente, poderá ter ido para freira, à semelhança da… coiso… bom… adiante…

 

Portanto, tentei orientar o meu aconselhamento técnico no sentido do desaconselhamento. Isto é, nestas coisas, mais vale uma mulher ficar “quieta”, do que meter-se com invenções e acabar num estado desagradável à vista. Apesar disso, a Liliana insistiu em ir de vestidinho. Tem corpinho para isso, obra das longas horas quase diárias que tem passado no ginásio desde há muitos meses. Só faltava escolher a cor. Preto, vermelho, branco e preto, salmão.

 

Branco e preto, não, porque baralha. Não se pode deixar um homem baralhado, quando o objectivo é não o deixar fugir. É uma espécie de gelado “Perna de Pau”: não se sabe se começar pelo chocolate, pelo branco, ou pelo vermelho, ou mudar para uma sandes de presunto.

 

Vermelho, também não. Fere a vista e atinge o cérebro masculino, podendo provocar lesões atitudinais indesejáveis. Parece um fogo que não queima, como uma roseira que não pica, pelo que o homem, seja bombeiro, pirómano, ou maricas, não terá receio algum em se atirar de cabeça para as chamas.

 

Salmão, só a partir do segundo encontro. Salmão transmite uma ideia de fragilidade. Um homem a olhar para uma mulher vestida cor de salmão, é como um urso no Alasca a olhar para as águas baixas de um ribeiro, onde um salmão de aspecto delicioso aguarda pacientemente pelo seu fim, entalado entre dois calhaus.

 

Preto, é que é. Primeiro, ninguém desconfia. Depois, impõe respeito. Não baralha. E tem a vantagem de concentrar o olhar masculino, que fica hipnotizado como que à procura do fundo num buraco negro. E, como diria o poeta, homem concentrado, é homem garantido.

 

E nem penses em levar aquela mini-saia rodada e arejada! Senão, acabas o encontro romântico no hospital, com o pobre Mateus em estado grave de encravanço cardíaco, de língua de fora, espasmos na perna esquerda, olhos revirados, súbito crescimento capilar, e um prolongado uivo disfarçado de suspiro… pickwick

03
Mai12

A importância da cintura

pickwick

Não saberia explicitar esta minha preocupação com as cinturas femininas, se não tivesse levado uma ensaboadela da minha ex sobre o assunto, há largos anos atrás. Convém referir, contudo, que a minha ex não sabia desta minha preocupação, tal como desconhecia as demais, pois por essa altura eu era um gajo muito despreocupado, excepto com o fenómeno do excesso de pêlos, com o fenómeno do excesso de volume, e outros aspectos de dimensão estética elevadíssima.


Dizia a minha ex, que o macho faz uma inconsciente distinção das fêmeas na perspectiva da procriação bem sucedida. E o sucesso da procriação está directamente relacionado com a largueza estrutural das ancas – que é bem diferente da largueza conseguida às custas da acumulação de celulite! Porque, pois então, uma estrutura de ancas mais larga permite procriar melhor, isto é, debitar cachopos maiores e a um ritmo mais acelerado. O olho do macho detecta isto num relance, sem que o consciente se aperceba. Um gajo está a tirar as medidas às coxas, à penugem, à dimensão e firmeza dos seios, ao cabelo sedoso ou seboso, ao aroma, ah e tal, enquanto o inconsciente está a fazer contas à velocidade da luz. Zás!, 34 cm de ossatura, parideira média, comprado! Só 29 cm?... Nem com um esquilo consegue procriar!


Ora, das ancas até ao umbigo, vai aquilo a que chamamos cintura. Menos ancas, logo cintura menos acentuada, logo reprovação do inconsciente.


E se tiver umas ancas estruturalmente largas, mas sem cintura? Isto é, uma espécie de cilindro. Será boa parideira? Veja-se o caso do hipopótamo: não tem cinturinha nenhuma, apesar de não ser bicho estreito de ancas, e o resultado está bem à vista – uma cria, apenas! Já a Popota foi desconfigurada com o nefasto propósito de accionar os inconscientes alarmes das criancinhas, geneticamente preparadas para a detecção de boas parideiras. Assim, uma Popota com uma ligeira cinturinha – e não o pote de geleia de um real hipopótamo – convence a criançada de que estão perante uma eficaz reprodutora de hipopotamozinhos. Até os paizinhos olham uma segunda vez, para conferir a sua capacidade reprodutora e dar a bênção financeira.


Depois, há os detalhes da cintura. Uma cintura mais discreta e mais flácida, passa a ideia de uma procriação relaxada. Uma cintura mais bem delineada, com um pouquinho de fibra e palmo e meio de músculo, transmite uma sensação de procriação cuidada, bem assistida e vigorosa. Quando há aquele discreto desfiladeiro duplo (“double canyon”) a descer para as virilhas, o olhar perde-se e o coração atrapalha-se, porque o inconsciente está a dar o tilt com o brutal expoente da potência de procriação da fêmea.


Passando à frente da teoria da minha ex, a cintura feminina também tem muita importância pelo facto de que qualquer gajo se sente muito mais confortável quando sabe que a mulher está do seu lado e nela se pode apoiar para não dar uma das muitas possíveis quedas ao longo do trilho da vida. Evidentemente, toda o homem sabe que, numa queda, não vale a pena lançar as mãos às maminhas da mulher, pois aquelas não foram concebidas para os homens se pendurarem nelas e alguma eventual ou bem disfarçada elasticidade pode levar os dentes ao chão. Pelo que, a seguir às maminhas, a caminho do solo, vêm as ancas. Havendo cintura, é como na escalada de montanhas, um gajo tem onde se segurar. Sem cintura relevante, é como querer subir a um poste ensebado, e as mãos deslizam non-stop até aos tornozelos, onde já é demasiado tarde. E não, joelhos salientes não são sexualmente estimulantes nem ajudam a parar o deslizamento das mãos numa queda.


Por fim, há um outro pormenor na preocupação com cinturas bem definidas: o extremo erotismo da roupa que sai por cima. Gaja que é gaja, tira a roupa por cima quando está com um gajo. Cruza os braços com aquele jeito inimitável, levanta-os e a banda filarmónica começa a tocar “Carmina Burana” como se fosse o desembarque de intrépidos pioneiros numa qualquer praia de uma qualquer ilha desconhecida. Não há maminhas que não subam na consideração de um homem quando os braços se levantam. Junta-se, neste momento, a oportunidade bem safada de um gajo poder deitar o olho, em total liberdade e sem qualquer constrangimento, a qualquer parte do corpo (ou roupa) dela. Uma espécie de momento “Red Light District”. Sem cintura, qualquer movimento das magras ancas pode levar a que a roupa caia de forma pouco natural e muito pouco sensual. É o aconteceria se uma fêmea de hipopótamo estivesse em cima de apenas as patas traseiras, trajando uma mini-saia axadrezada e meias de seda fantasiadas, e abanasse a cauda – blerk!... Com cintura, elas até costumam fazer aquele teatro simpático em que fingem que tentam tirar a roupa por baixo, mas descobrem que não passa nas ancas, e ups!, um sorriso traquina, levantam os braços e… lá está… a banda toca a “Carmina Burana” e… pronto… o resto já se sabe… pickwick

17
Abr12

Tortura silenciosa

pickwick

No blogue de uma certa menina e moça lisboeta com escamas, que não conheço de parte alguma, encontrei uma referência a um episódio a transbordar de erotismo: uma mulher trajando um casaco comprido (o termo técnico é “trench coat” – as coisas que eu aprendo com mulheres), saia curta e oculta, provocando, assim, a imaginação de quem lhe passa a vista por cima; com uma hipotética abertura do casaco, revelar-se-ia um corpo nu e sensual, ou, para estragar tudo, um bem abonado mostruário de relógios traficados.

 

Pessoalmente, acho que, quando uma mulher usa casaco comprido e saia curta, sendo que esta é tão curta ou aquele tão comprido ao ponto de aquela ficar oculta por este, fá-lo por pura e dura sacanice para com o sexo oposto. Não é uma opção inocente. Não pode ser. É propositadíssimo, porque já é sabido que tal combinação de vestuário vai gerar uma daquelas dúvidas capaz de levar um homem ao suicídio por afogamento na própria saliva.

 

Há um niquinho de sadismo em toda a mulher minimamente apresentável… uma espécie de “querias comer-me toda mas agora não que acabaram-se-me os oregãos”. E o ego vai pela sanita abaixo quando não se vislumbra um olhar masculino carregado de dúvida. Não me importo nada com isto e até acho muito bem. Nós, homens, devemos saborear as dúvidas, ao invés das “favas contadas”, pois as coisas mais difíceis são aquelas a que daremos mais valor. Dizem.

 

Mas, muito pior que um “trench coat” por cima de uma saia curta, é uma saia-calção, ou, melhor, um calção-saia. Ou seja, um calção a imitar uma saia. Uma mini-saia! São a coisa mais irritante que existe em termos de vestuário feminino! Dá vontade de ir lá e espancar a rapariga e gritar-lhe sua estúpida era mini-saia a sério que devias usar, mas ‘tás parva ou quê?! Um gajo ali a salivar e afinal… Juro que já não me chegam os dedos dos pés para contar o número de vezes que senti um impulso animal interior para ir ao pé delas e distribuir chapadas a eito e meia dúzia de cabeçadas com a nuca.

 

Aparentemente, usar calção ou calção-saia vai dar ao mesmo, dado que mostra a mesma área desnuda de pernas, mas… que tem de tão fenomenal a mini-saia? É aquela “coisa” do casaco… o que estará por baixo? Toda a gente sabe, é o mesmo em todo o mundo, tirando o mito das orientais ou alguma inesperada redução de pano… Portanto, qual é a crise?

 

Qual é a ideia, afinal? A pornografia é uma mera exibição da nossa privacidade… é como fazer cocó e levá-lo num frasquinho para o trabalho, para mostrar aos colegas, ou para um jantar com a família. Eventualmente, selar o cocó com laca para o cabelo, para o expor inodoro numa qualquer galeria de arte. Ninguém leva o cocó para o trabalho, porque é coisa íntima, tal como o pirilau que não se exibe por aí com um pouco de Rimel nos pêlos púbicos mais compridos.

 

A mini-saia consegue fazer a ponte entre a privacidade e a pornografia. O triunfo da mini-saia, não está na nudez das pernas, mas no efeito “trench coat” que provoca. Se não fosse assim, e se não houvesse o niquinho de sadismo feminino tão generalizado, não haveria mini-saias. Era calções curtos para todas as mulheres: a mesma área de pernas a bronzear, muito mais prático para subir escadotes em bibliotecas, e a garantia de nunca arejar as cuequinhas numa qualquer escorregadela imprevista! pickwick

Toma! Toma!

 

06
Set11

Toilettes de Verão

pickwick

No início do Verão, fui fazer uma singela caminhada na Serra da Estrela com uma amiga. A Liliana, vá!, que é nome de código e fica giro. É coisa salutar, barata e limpa os pulmões. É coisa que contraria as actividades que pratica a maioria dos portugueses: dão cabo da saúde, da carteira e ainda sujam os pulmões.

 

Mas, com tanta saúde e austeridade, houve um aspecto, nesta actividade, que não foi tão positivo assim. Aliás, direi mesmo que o aspecto em causa acabou por me atormentar durante todo o dia e ainda nos dias além, até que acabou por sucumbir ligeiramente à perda de memória que tanto me afecta.

 

Vamos por partes.

 

Parte I – Toilette “Mas eu fiz mal a alguém?”

Fui buscar a Liliana à central da camionagem de Viseu, essa grande capital de distrito. Alguma curiosidade pairava no ar. Será que ela vinha com botas militares até meio da canela e calças camufladas? Ou calças caqui de bolsos laterais? Ou botas para trekking? Não!... A Liliana apareceu com uma mini-saia rodada. Como é sabido, este tipo de mini-saia é o mais fatal de todos os tipos de mini-saia. Nem demasiado curta, para a dona não parecer uma galdéria, nem demasiado comprida, de como quem vai à missa. Não demasiado justa, que pareceria requerer autorização papal para consultar a bibliografia interior. É um modelo arejado, saudável, capaz de suscitar, no mais distraído dos distraídos, o desejo súbito de que sopre um ventinho mais arrojado. Enquanto nos dirigíamos para o carro, pensava para comigo: “Mas eu fiz mal a alguém? Parti os dentes a alguma criancinha ou senhora de idade? Era só para fazermos uma caminhada na serra! Eu, assim, não vou aguentar!” Bom, entrámos para o carro, e eis que, poucos metros à frente, tive que encostar para a Liliana ir ao Multibanco. O mundo inteiro, mais os astros e os anjinhos e o Pai Natal, estavam todos contra mim: a caixa do Multibanco estava num local elevado em relação ao carro. Estou tramado, pensei para comigo. O que poderia haver pior que uma mini-saia rodada dois metros acima do nível dos olhos? Exacto: umas pernas finamente talhadas a escorrer por ali abaixo até ao chão; sem pitada de celulite e com muita, mas muita fibra. Não havia mais condições para manter a serenidade que se impunha. Mas, teve que ser! Daí até ao cimo da serra, ainda seria bem mais de uma hora de caminho, sujeito a ataques sucessivos e violentíssimos de vertigens “downhill”. E o que são “vertigens downhill”? São vertigens em que um gajo está sossegado, mas, de repente, sente como que uma tontura (mas que não é tontura, embora se arrisque a fazer figura de tonto), e uma força misteriosa e invisível o puxa para cima da bem torneada coxa de uma mulher. Hora e meia nisto, resistindo valorosamente, foi obra!

 

Parte II – Toilette “Credo! É melhor olhar para o chão!”

Chegados ao destino, no belo lugar de Penhas Douradas, estacionei o carro e deixei a Liliana entregue à privacidade necessária para trocar de roupa (que eu já estava quase sem aguentar mais um minuto de sofrimento) para a caminhada. Agora é que iam aparecer as calças camufladas, pensei eu. Nã! Nada disso! Mártir que é mártir, não tem sossego. A Liliana sai do carro e… pumba! Leggings pretos e uma espécie de top cinzento. Tudo muuuuuito justinho ao corpo. Definitivamente, fiz muito mal a alguém num passado pouco distante. Mal refeito do choque e metemo-nos ao caminho. Credo, pensei eu. É melhor olhar para o chão! Ou para o lado. Fechar os olhos, não podia, por causa dos calhaus. Até à paragem para almoçar, junto a um ribeiro de águas límpidas salpicadas por flores brancas flutuando à superfície, foi mais hora e meia de tortura. Aquela coisa das leggings, é, basicamente, como que uma pintura a spray por cima das pernas, numa só camada. Permite apreciar pormenorizadamente a interacção muscular das coxas, dos gémeos e dos glúteos. Sempre com grande discrição, claro. O top cinzento justo, tem o defeito de permitir aferir a dimensão e a consistência da região do tórax, as quais, no caso particular da Liliana, estavam na dose perfeita para um gajo se desorientar. O meu azar, sinceramente, foi a Liliana frequentar um ginásio. Senão, a situação até poderia passar-me ao lado. Mas, não foi o caso. Aquilo eram pernas demasiado bem talhadas para um gajo se deixar distrair pelas plantas, pelos montes, pelos vales e pelos passarinhos. Enfim, depois parámos para almoçar, descansar, tirar umas fotos e apreciar a natureza, junto ao tal ribeiro. Entretanto, a Liliana estava entretida a fotografar umas plantinhas e eu estava entretido a fotografá-la a ela. Discretamente, claro. Ou não. Acho que já estava a perder a vergonha e não tirava os olhos de cima dela. Aqueles braços bem feitos e suavemente musculados, também, ui!, ui! Depois veio uma conversa sobre macrofotografia, ah e tal, ela encostou-se ligeiramente a mim para espreitar a máquina e pensei logo: nã!... tu deves é ter pegado fogo a um infantário sobrelotado na hora da sesta! Gaguejei? Não me lembro. Mas passou-me um arrepio pela espinha abaixo… Depois continuámos viagem, mais um bocadinho de tortura, deixámos o trilho e começámos a entrarem corta-mato. Eu, preocupadíssimo com o bem-estar da Liliana, e a rapariga, afinal, não tinha fibra só no corpo todo. Meteu-se por ali fora, no meio de um matagal de giestas, tojos e demais vegetação serrana, saltitando graciosamente de penedo em penedo, qual gazela passeando na savana. Mais uns pontos a favor dela.

 

Parte III – Toilette “Ufff!...”

Finalmente, estávamos de volta ao carro. Mais um bocadinho de privacidade para a muda de roupa. Eu já não sabia se havia de esfregar as mãos de contente por ir passar mais uma hora e meia sentado ao lado de uma deliciosa mulher de mini-saia, com umas coxas que me tiram a serenidade toda, ou se havia de começar a rezar antes de hora e meia de “vertigens downhill”. Tortura pura. E se eu me enganava a meter uma mudança e me “caía” a mão em cima da pele daquela coxa tão ah e tal? E se me descuidava e ficava colado naquelas coxas e deixava o carro resvalar para o meio dos pinheiros-de-casquinha e das tramazeiras e dos penedos? Ó vida difícil! Estava entregue a estes pensamentos pecaminosos, quando ela saiu, finalmente. De calças de ganga justas. A terceira toilette do dia. Pensei logo: ufff!... Acabou-se parte do tormento! Mas, atenção! Aquelas calças de ganga não são de se menosprezar. São as calças perfeitas para um qualquer passeio ou jantar, em que um homem sente aquele prazer infinito de estar orgulhosamente na companhia de uma bela mulher. Parámos, mais à frente, para provar a água na nascente do Mondego, e tive oportunidade para verificar que, efectivamente, aquelas calças eram umas boas calças. Portanto.

 

E pronto. Fui levá-la para apanhar o autocarro de volta à terra dela e regressei, sossegado, conforme consegui, para a paz da minha casinha. Seguiram-se umas quantas noites mal dormidas, assaltado por visões de mini-saias rodadas, de leggings pretas, e dos contornos irresistíveis do corpinho da Liliana. E agora, só por causa de estar para aqui a escrever isto, já estou mesmo a ver que vou ter outra noite mal dormida. Ai, a minha vida! pickwick

26
Jan11

Medicina moderna e prazeres reprimidos

pickwick

Durante o fim-de-semana passado, engendrei um esquema para ir visitar uma povoação encalhada na margem acidentada de um rio, mesmo à saída da Serra da Estrela. Uma área rica em espécies vegetais, pensava eu. Entre o convite a uma colega de trabalho (Lili – nome de código), que também estava interessada em conhecer o local, e o pedido a uma amiga (Sisi – nome de código), para servir de guia, juntou-se ali um rebanho de gente, crianças em esmagadora maioria, sendo que o único exemplar do sexo masculino era a minha pessoa. Sabeis como é: ah e tal, vão as filhas e as amigas das filhas e até uma cadelinha com pilhas não-desgastáveis.

 

Numa breve paragem para apreciar a paisagem, eis que surgiu um discreto momento de descontracção, ali mesmo, rodeados de uma natureza deslumbrante, ao som das águas deslizantes do rio Alva. De repente, a Lili olha para a filha mais velha, quase com o dobro do tamanho dela, e faz um reparo científico sobre a sua postura corporal. Ah e tal, endireita as costas!

 

Bravo!, pensei eu para comigo.

 

A Lili deve ter pressentido a minha exclamação, pelo que aproveitou para debitar para ali algumas preciosas informações, a saber:

 

- A Lili levou a filha ao médico.

- O médico detectou que a coluna da moça não estava a desenvolver-se da melhor forma, mercê de um abuso de posturas incorrectas.

- Havia que combater esse abuso.

- Medida um: a Lili registar, em suporte papel, todas as ocasiões em que detectasse a filhota em posturas incorrectas.

- Medida dois: a filhota começar a usar uma mini-saia extremamente curta, que a fizesse andar de costas direitas para que não se vissem as cuecas. (a rapariga tem 15 anos)

- Medida três: a Lili encurtar ainda mais a mini-saia já extremamente curta da filhota, para que esta se sentisse ainda mais forçada a endireitar as coisas. (apesar de 15 anos, a rapariga já vai, à vontade, nos seus 175 cm de altura)

 

Estava eu ainda a começar a abrir a boca de espanto, tanto pela inovação científica das medidas, como pela figurinha que a filhota haveria de fazer… quando a Sisi fez uma intervenção… como direi… inesperada, vá!

 

Com um sorriso rasgadíssimo, quase em bicos de pés e a deixar escapar um ligeiro estremecimento corporal, exclamou a Sisi: ah e tal, no meu tempo é que não havia médicos assim!, senão eu podia ter ido logo para casa dizer aos meus pais que era receita médica, e tal…

 

(“e tal”, é como quem diz que os pais não gostavam muito da ideia de a Sisi andar de mini-saia, pelo que teve que passar a sua adolescência e, quiçá, parte da vida adulta, a trajar-se de forma conservadora)

 

De facto, eu já tinha reparado, noutras ocasiões, que a Sisi tem um prazer incontrolável em se apresentar de mini-saia, para gáudio de espectadores atentos. Mas, daí até isso ter sido um prazer reprimido durante anos… Upa! Upa!

 

E, pergunto eu, que prazer misterioso é esse, que assiste a algumas mulheres?

 

Será exibicionismo? Excesso de calor abaixo da cintura? Maior facilidade de movimentos para subir escadas de três em três degraus? Austeridade têxtil? Paixão por cintos largos? Gosto em sentir-se sensual? Ou, simplesmente, adora ver os olhinhos masculinos a darem reviravoltas dentro das órbitas? pickwick

 

20
Abr09

Pernocas no Alfa

pickwick
No sábado tive que fazer mais uma viagem-relâmpago até à capital, para mais uma reunião da treta, deitando aos caracóis mais um dia de paz e descanso. Um gajo bem que anda necessitado de clausura, mas parece que há sempre mais uma coisinha para termos que sair de casa.
 
A viagem para baixo, com partida de Coimbra às 7h45 da madrugada, foi, como toda a gente depreende, num Alfa Pendular. Ninguém sai de Coimbra às 7h45, a menos que vá de comboio. Um gajo vai meio rabugento, a tentar bater uma soneca matinal para tentar combater a alvorada precoce, ora olha pela janela, ora olha para a hospedeira de bordo, ora pisca os olhos, ora tira o livro da pasta para o fechar passados 40 segundos, e por aí fora… Enfim, banalidades.
 
A reunião foi pouco animada, em virtude da participação de uma única mulher. O almoço também, porque, para além da participante na reunião, apenas apareceu no restaurante mais uma mulher, misteriosa, vistosa, cabelo loiro farfalhudo, modelo pela retaguarda, avó-carcaça pela frente. Enfim, mais um mau momento.
 
No regresso a Coimbra, novamente num Alfa, vi-me confrontado com a vizinhança inesperada de duas fêmeas, na fila oposta.
 
A primeira, chamemos-lhe Felismina, teria os seus trinta anos e um corpo abonecado de quem já foi mãe mas procura fazer um esforço para manter algumas linhas. Trazia uma saia acima do joelho, daquelas que encolhem quando a dona dobra pela bacia, e collants pretos. Pronto, estava um ligeiro frio. Para cima, um decote descontraído. E o que raio é um decote descontraído? Ora bem, é um decote que parece que não está decotado, mas que deixa uma sugestiva fracção das mamas a apanhar ar. É preciso ter classe, para ostentar um decote destes.
 
A segunda, chamemos-lhe Leontina, tinha mais um palmo de altura que a Felismina e usava um vestido preto, às pintas brancas. Ou seria branco, às pintas pretas? Parecia a mulher-zebra. Para baixo, collants pretos e botas pretas até ao joelho. Acontece que o vestido-zebra era daqueles que, em pose vertical, quase que dava para uma freira, mas que, na pose sentada, sobem de surpresa pelo corpo acima, ficando-se por uns míseros dez centímetros abaixo da cueca.
 
Ora, a Felismina começou por se armar em intelectual e folhear um livro. Passados uns minutos, chegou-lhe a verdade e esticou-se para uma sesta. Não tendo mais ninguém ao lado, aproveitou a velha técnica dos comboios regionais e inter-regionais e açambarcou dois lugares só para ela, cabeça para a janela, pernas para a fila oposta. E quem estava na fila oposta? Pois claro. Não bastasse a pose da Felizmina, a Leontina começou a espernear no seu lugar, com aquelas pernas de girafa, torcendo-as, virando-as, sei lá, dando aqueles jeitos que só as mulheres de saia conseguem.
 
O hospedeiro de bordo, livre do seu carrinho, passou por duas vezes na nossa carruagem, abrandando o passo junto às meninas. Aliás, a paisagem para o lado da Leontina devia estar bastante interessante, a avaliar pela forma como ele abrandou o passo, caminhando literalmente em câmara lenta e de olhos colados na rapariga.
 
Há viagens que são agradáveis. Esta, foi uma delas. Mais um bocado de calor, ou um pouco menos de frio, e não haveria collants, certamente, o que enriqueceria o ambiente e obrigaria o hospedeiro de bordo a fixar-se naquela carruagem. Eu é que já não sairia dali. Upa! Upa!... pickwick 
17
Abr09

Ena pá, um piropo…

pickwick
Outro dia, cruzei-me com a Carina (nome de código, atribuído a uma rapariga chamada Carina) à saída da minha instituição. A Carina era uma mocinha simpática, da minha altura, com um corpinho deliciosamente elegante, um cabelo castanho muito claro e um sorriso maroto sempre pronto. Não a via há uns três anos. Já deve ter os seus vinte e um anos, digo eu. Veio ter comigo, beijinho e tal, ah e coiso, conversa de circunstância. Era um dia de sol e calor, assim como que a anunciar uma Primavera que afinal ainda não chegou.
 
Assim que a vi, a uns dez metros de mim, disse para mim com firmeza: pá, não olhes para mais nenhum sítio além dos olhos dela e da encosta da Serra da Estrela. Nestes momentos é que mostramos, a nós mesmos, até que ponto a mente domina o corpo. Posso dizer que não foi fácil. Ora os olhos dela, ora a encosta da serra. Ainda por cima, entre este jogo de olhos, tive que manter uma conversa minimamente lógica. Não foi mesmo nada fácil.
 
E onde estava a dificuldade? É que a Carina, nesse dia de sol e calor, vinha da cidade com uma saia extremamente curta, ainda mais curta que uma mini-saia. Ora, dado que é uma moça de perna alta, aquela enorme área de pele nua ao sol funciona como um poderoso íman. E um gajo não pode cair na brejeirice de dizer “boa tarde” enquanto aprecia detalhadamente a qualidade da depilação a cerca de 29 cm abaixo da cintura. Não pode. Por isso, olha-a nos olhos ou então mira a encosta da serra. E fica desorientado para o resto do dia.
 
Durante os dez minutos que durou a conversa, a Carina fez o favor de ser uma querida e tecer comentários despropositados sobre a minha pessoa. Ah e tal, já não o via há tanto tempo, está mais… mais… bonito… errr… quer dizer… pronto… está bem… está bom… está com bom aspecto… hihihi… hihihi… hihihi…
 
As mulheres, quando querem ser simpáticas, ainda que mentirosas, conseguem-no. E uma minúscula mini-saia ajuda a dissipar qualquer desconfiança que se tenha sobre a sinceridade do discurso. Junte-se a isso um dia de sol e um lindo sorriso, e está montado o circo. pickwick