Ontem fui acompanhar quinze crianças numa visita à Fundação de Serralves, nomeadamente uma exposição ou museu o lá o que era, com “obras de arte” misteriosas. Uma delas era uma barra metálica estreita, com cerca de um metro de altura, com uma pena na ponta, e espetada na vertical numa base em madeira na qual estava a frase “é uma pena” inscrita a giz. Outra obra de arte era uma gaveta achada na praia, dentro da qual espetaram com mais lixo achado na praia. Arte, portanto.
O guia procurava abrir os horizontes às crianças, despertando-os para aquele estado de espírito em que acham que todo o artista é louco e preguiçoso e que só faz aquelas porcarias porque não tem jeito para nada.
Dois quadros, em paredes opostas, representavam o “acto sexual”. Uma queca transfigurada pelo artista. No primeiro quadro a queca tinha um espelho redondo e uma fita métrica, no segundo tinha um cisne a saltar dos corpos nus. Nisto, o guia vira-se para a Cátia e pergunta o que representa a cena do quadro. Obviamente é uma queca, mas a Cátia fica sem pio. O guia passa a pergunta ao Mauro, que também perde o pio. Erotismo e pornografia? Blá blá blá…
Conversa puxa conversa, que as crianças eram muito tímidas e o guia tinha um ar de larilas, ah e tal, que não sei quem tinha dito que “o pincel é o pénis do artista”, diz o guia. Ah e tal, molhar o pincel. E tal, e molhar o bico. Claro, molhar o pincel, molhar o bico, cisne, sexo, ah e tal.
Moral da história, segundo o guia: os gajos que pintam a realidade são “macacos de imitação”; os gajos que pintam porcarias sem nexo e sem jeito, é que são artistas.
Moral da história, segundo o João: o homem estava sempre a gozar connosco!
Moral da história, segundo metade das crianças: oh, aquilo qualquer um é capaz de fazer!
Moral da história, segundo o Nuno: para a próxima, não meto o dedo numa tela, senão levo outro raspanete da senhora da segurança.
Moral da história, segundo o Paulo: hihihi… hahaha… hehehe… pickwick