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Arautos do Estendal

Ela, do alto das suas esbeltas e intrigantes pernas, veio caminhando quintal abaixo até ao estendal, dependurando a toalha onde, minutos antes, tinha limpo as últimas gotas de água. O Arauto viu, porque o Arauto estava lá. E tocou a trombeta.

Ela, do alto das suas esbeltas e intrigantes pernas, veio caminhando quintal abaixo até ao estendal, dependurando a toalha onde, minutos antes, tinha limpo as últimas gotas de água. O Arauto viu, porque o Arauto estava lá. E tocou a trombeta.

Arautos do Estendal

23
Mar07

Caro anónimo – versão P

pickwick

Em primeiro lugar, admito que seja um prazer estar a dar-te o destaque de que tanto necessitas, ao dedicar-te um post inteirinho, todinho só para ti. Faço-o apenas porque, presumindo-te um visitante carente de alguma atenção, aqui a resposta ao teu comentário será projectada com maior facilidade na blogosfera.

Posta a introdução, passemos às considerações sobre os teus sábios comentários. Usarei de transcrições para que tudo se revista de um maior grau de entendimento.

 

1. “Tu és...a mesma coisa que ter celulite no cérebro” – Obrigado. Vou tomar isso como um elogio. Ofensa era falares em teias de aranha e baldes de areia. Posso agradecê-lo à minha mãezinha, que desde pequeno me alimentou com muitos nutrientes. Lembro-me dos miolos de carneiro. O meu irmãozinho também teve que gramar com o petisco, e talvez tenha sido por isso que tirou 19,7 no exame nacional de Matemática, sem estudar (esta parte é que a minha mãezinha não pode saber, senão há caldo entornado lá em casa). A celulite em si, a bem dizer, é tão natural como ter cabelo na cabeça: desde que não seja em exagero, dá um toque de elegância natural.

 

2. “Como podes atacar tanto as mulheres dessa forma?” – Permite-me introduzir uma pequena correcção: eu não ataco as mulheres! Por favor, rogo-te que não me imagines escondido todos os dias atrás de um arbusto, com um taco de basebol na mão e um fio de espuma branca a escorrer pelo canto da boca, à espera da primeira mini-saia que passe por perto. Espero pela primeira mini-saia, sim, confesso, mas é tão só e apenas para bater palmas e elogiar mais uma dádiva da natureza. Bom, nem sempre, porque há gajas que não têm noções elementares de estética, mas, na maior parte dos casos, há, de facto, motivos para aplaudir de pé.

 

3. “Só gostas do que não tem nada na cabeça como tu” – Gostava de, com o devido respeito pela tua opinião, refutar esta afirmação. Como podes verificar num post não há muitos dias atrás, eu não aprecio gajas carecas! Eu ainda tenho uns curtos cabelos aqui e acolá, a fazerem de jardim relvado ao redor do heliporto, pelo que também não estarás a brilhar pela correcção insinuando que eu não tenho nada na cabeça. Tenho! São poucos, são curtos, alguns são brancos, mas existem! E, para que não restem dúvidas, não gosto mesmo nada de gajas carecas!

 

4. “Se não fosse uma mulher tu não terias nascido para azar do mundo” – Subscrevo inteiramente a primeira parte. A genética e a ciência em geral ainda não chegaram ao ponto em que não é preciso uma mulher para gerar um ser humano. A mulher, nem que seja apenas uma pequenina parte dela, continua a ser imprescindível para criar a vida humana. Quem sabe, daqui a muitos anos, não bastará a um homem masturbar-se para dentro de uma garrafa de polpa de pêra e esperar meia dúzia de semanas para que dali nasça um ser humano adocicado e já vestido com roupa de marca. Quando à segunda parte, não sei até que ponto viria azar ao mundo se eu não tivesse nascido. Não sabemos o dia de amanhã, nem se a minha mente perversa não tenderá a, um dia destes, criar, organizar e concretizar um regime político e uma nova ordem mundial que façam o Hitler parecer uma menina a brincar com bonecas no sótão da avó.

 

5. “Deves achar que és uma beleza em pessoa” – Se achas que eu deveria achar alguma coisa, achas mal, porque eu não acho coisa alguma que tu achas que eu devo achar. E muito menos acho que sou uma beleza em pessoa. Sou gajo e, a haver beleza num ser humano, será obrigatoriamente na pessoa de uma mulher. As mulheres é que são belas, bem cheirosas, simpáticas, sensíveis, leves e frescas.

 

6. “Imagina-te velho e desdentado, com as pernas arqueadas, pelo peso da idade” – Segui a tua sugestão e imaginei-me assim. A parte das pernas arqueadas é que foi mais difícil, porque não costumo andar a cavalo, mas fiz de conta que sim e até meti ao barulho umas esporas, um chapéu texano e dois Colt Frontier com coronhas em madre pérola. Devo confessar que fiquei mesmo a matar. A parte do desdentado, bem vistas as coisas, até dá um ar engraçado à figura, assim a atirar para o humorístico, para o bem disposto.

 

7. “Gostavas que gozassem contigo?” – Depende da perspectiva. Se estivesse num bar, a beber um copázio de polpa de pêra, era capaz de não gostar, pelo que teria de me chatear, sacar dos Colt e meter alguém a dançar por cima dos balázios. Se fosse num blog, especialmente no blog de uma gaja que adorasse velhotes, iria achar graça pela forma exagerada com que ela abordaria todos os aspectos da velhice, incluindo os mais brejeiros.

 

8. “Chegas a repugnar com a tua escrita” - És a segunda pessoa no mundo a bater-se contra a minha escrita com tanta dureza. A primeira chamava-se Maria (só podia!), era estudante universitária e tinha medo de engravidar só por se deitar em cima de mim… vestida com o pijama! Não sei que faça para aliviar tanta repugnância. Posso sugerir-te comprares um daqueles sprays de chantily e espalhares o dito pelo ecrã quando vens cá ler no nosso blog. Sempre fica mais doce e lembra a neve, que é tão bonita e pura. Depois há as águas gaseificadas, a máscara de gás, um desodorizante, uma lata de mão-de-vaca com feijão, etc. Tudo depende dos teus gostos, os quais desconheço.

 

9. “Afinal isso só pode ser um trauma” – Tudo na vida são traumas. Até as pancadas na cabeça! Ou da cabeça!

 

10. “A tua mãe e irmã são gordinhas” – A minha mãe é gordinha, como qualquer mãe que se preze. É muito bonita, ainda com aquela idade avançada, especialmente quando sorri. A minha irmã, se tivesse uma, seria bonita, mesmo que poucos pensassem o mesmo, fosse magricelas ou enchida. As mulheres não se medem aos palmos, embora dê um certo gozo fazer de conta que sim só para ver quem é que aparece com ar de parvo a defender o que não precisa de defesa.

 

11. “Daí o teu ideal de mulher ser tão exigente” – O meu ideal de mulher, nunca o vais saber. É uma coisa entre mim e eu mesmo, e raramente me vem à mente, salvo nos momentos em que desanuvio o pensamento com a escrita. Contudo, posso adiantar-te que o meu ideal de mulher é aquela mulher por quem me apaixono. E sim, é muito exigente, cada vez mais, mas elas andam aí, longe dos holofotes da parvoeira da fama, longe dos olhares arregalados e da baba a escorrer pelos beiços abaixo.

 

12. “Toda a vida conviveste com gordura” – Tenho que dar-te razão. A minha mãezinha sempre usou margarina para untar a forma do bolo, óleo para fritar as batatas e azeite para o refogado. Umas lascas de bacon também ficam sempre bem, para dar aquele toque no paladar. Já o meu avô – paz à sua alma – mudava o óleo aos motores dos veículos de uma empresa de transportes pesados. Acho que a minha avozinha também usava banha de porco em certas comidas, e ficava muito bem!

 

13. “Aposto que elas as duas, com a sua gordura devem ter bem mais miolos do que tu” – Lá está, não tenho irmãzinha, embora o meu irmãozinho seja muitíssimo inteligente, bem mais que eu. Não faço ideia de como ficariam os nossos miolos todos distribuídos numa escala de dimensões, para efeitos comparativos, assim tipo quadro familiar. Não vejo muito bem o interesse disso, até porque, em matéria de miolos (e de pila também, segundo algumas entendidas), não é a quantidade que faz a diferença, mas sim o uso que se faz deles. Mas podes sempre lançar a moda de comparar o tamanho dos miolos. Quem sabe possas ganhar alguns trocos com uma patente, ir à TVI fazer figuras perante uma plateia de focas amestradas que batem palmas, ou até “escrever” um livro e ganhar contentores de euros. Força nisso! pickwick

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