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Arautos do Estendal

Ela, do alto das suas esbeltas e intrigantes pernas, veio caminhando quintal abaixo até ao estendal, dependurando a toalha onde, minutos antes, tinha limpo as últimas gotas de água. O Arauto viu, porque o Arauto estava lá. E tocou a trombeta.

Ela, do alto das suas esbeltas e intrigantes pernas, veio caminhando quintal abaixo até ao estendal, dependurando a toalha onde, minutos antes, tinha limpo as últimas gotas de água. O Arauto viu, porque o Arauto estava lá. E tocou a trombeta.

Arautos do Estendal

31
Ago06

Depilação, lasanha e a Catwoman

riverfl0w
A Marta gosta deles depilados. É verdade! Como é que eu sei? É fácil. Ontem, fiz uma pacata viagem de comboio, em classe InterCidades, aproveitando para adiantar uma leitura em atraso, em direcção a Aveiro, essa bela localidade. A carruagem ia cheia, ao ponto que não sobrar espaço para esticar as pernas, o que torna logo tudo muito incómodo. À minha volta sentava-se um grupo de jovens, sofisticados, provenientes de um lugarejo qualquer onde existe um clube desportivo chamado União. Se calhar seriam de Alguidares-de-Cima, que teria um clube chamado União dos Alguidares, ou União Alguidarense, sei lá. Bom, a conversa dos jovens estava animada, ao ponto de não me conseguir concentrar na leitura. Um dos temas, surgido por acaso, foi a depilação dos desportistas. O Marco (não presente) depila-se. Supostamente por causa das massagens. A Marta gosta deles depilados. Acha giro. Deve ser mas é parva! Enfim, um dos moços, certamente possuído de grande razão, adiantou uma teoria fantástica sobre a necessidade de os homens manterem os pêlos todos, pois assim haveria uma clara distinção entre homens e mulheres. Ou seja, se todos fossemos depilados, seríamos todos confundidos. Concordo e voto no rapaz. Tem bom senso. Essa Marta (nome verdadeiro), apesar de ter um corpinho que arrumar com a maior parte das mulheres-modelo das passerelles, com umas sardas todas engraçadas e um cabelo entre o ruivo e o loiro, deve ser parva. Ela estava no banco mesmo à minha frente e tive que fazer um esforço para não lhe enfiar uma patada com a bota de gortex nas mandíbulas. Não gosto nada quando aparecem estas gajas assim, ainda tão novinhas e já com estas ideias parvas de que ah e tal, hoje é normal os homens cuidarem-se e fazerem a depilação… raios, deve ser fã daquela aberração do não-sei-quê Castelo Branco. Arre! Bem, de chegada a Aveiro, juntei-me a uma pândega na espaçosa varanda da casa de um amigo, no rés-do-chão, com as vizinhas todas dos prédios circundantes a esticarem o olho à socapa para os gajos viris e musculados que se preparavam para um repasto de lasanha ao ar livre. Antes, contudo, foi necessário trocar uma lâmpada a um candeeiro de parede, na varanda, missão que levou ao envolvimento de quatro marmanjos (três dos quais licenciados em engenharia electrónica), uma cadeira, um spray milagroso W-40, um canivete suíço, uma aranha, uma caixa de ferramentas e alguns guardanapos. Durante uma boa meia-hora. Indescritível. A seguir, abriram-se os tintos dão e alentejanos, acabou-se com as azeitonas e veio a lasanha. Ao PM (nome de código), cozinheiro e anfitrião, aqui deixo a minha mensagem e aconselhamento: quando se serve um jantar de lasanha, as quantidades devem ser medidas de maneira que, caso os X convidados comam tudo até não sobrar nada, fiquem com lasanha até ao goto, até não caber mais, a tal ponto que, se taparem a boca com a mão, bastará a respiração natural para fazer esguichar lasanha pelo nariz, como a lava quente de um vulcão! Bom, depois de muito encher o bandulho, de esvaziar as garrafas todas, de muita conversa da treta sobre questões filosóficas e ah e tal, recolhemos cada um a suas casas. Eu tive que cravar alojamento e, aproveitando a onda, cravar também um filmezinho. A escolha recaiu em “Catwoman”, ou a mulher-gato. Ora bem, para quem não viu o filme, esta fantástica obra cinematográfica de grande qualidade, aconselho vivamente a perdê-la. Uma gaja com maminhas de lagartixa, fato de napa barata, uma máscara com orelhas de pulga, a abanar o rabo feita ordinária, com umas unhas compradas na loja do chinês, enfim… As legendas em brasileiro, bónus de um DivX sacado algures, rematavam a coisa. Adormeci a meio. Hoje de manhã, antes de ir apanhar o comboio de regresso ao lar, acabei de ver o filme, em modo zapping. A badalhoca da mulher-gato matou não sei quem, uma loira qualquer, ah e tal, o polícia apaixonou-se, mas ela, por ser gata, preferiu andar a miar feita estúpida pelos telhados e andaimes, com aquela fatiota preta e as bochechas do rabo a brilhar. Há pessoas que deviam ser proibidas de conspurcar o mundo do cinema! Aposto como o mundo gay já fez uma versão respectiva do filme: o homem-gato! Um gajo com ar de perfeito larilas, calças pretas em látex, depiladíssimo, um colar dourado e grosso com uma cruz, pendurado dos andaimes e parapeitos das janelas, a miar como se tivesse a boca cheia de sementes de girassol e larvas, sendo aplaudido por um bando de homens do lixo e estivadores em tronco nu e jardineiras. Uma nojeira pegada! pickwick

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