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Arautos do Estendal

Ela, do alto das suas esbeltas e intrigantes pernas, veio caminhando quintal abaixo até ao estendal, dependurando a toalha onde, minutos antes, tinha limpo as últimas gotas de água. O Arauto viu, porque o Arauto estava lá. E tocou a trombeta.

Ela, do alto das suas esbeltas e intrigantes pernas, veio caminhando quintal abaixo até ao estendal, dependurando a toalha onde, minutos antes, tinha limpo as últimas gotas de água. O Arauto viu, porque o Arauto estava lá. E tocou a trombeta.

Arautos do Estendal

26
Ago11

Hormonas masculinas

pickwick

Já devia ter escrito este post há uns oito meses atrás, mas só agora me veio a vontade. É como quem anda para defecar há oito dias, mas só passado esse tempo todo lhe vem a verdadeira vontade. Mais coisa, menos coisa.

 

No mundo, há três tipos de mulheres: as giras (A), as feias (B), e as mulheres com excesso de hormonas masculinas (C).

 

(A) No vasto grupo das giras, estão as verdadeiramente giras, as boazudas, as boazonas, as boas, as fofinhas, as carinhas larocas, a xixa fresca, enfim. Todas aquelas que me apetece agarrar e encher de beijos até ficar com as beiças desidratadas. É um grupo muito vasto, garanto. Isto não é uma questão de baixar a fasquia de qualidade, mas, apenas e só, um reconhecimento justo de que a mulher é, por natureza, algo bonito de se ver, de se apalpar, de se cheirar.

 

(B) As feias, bom… são irremediavelmente feias. Tenho que reconhecer que é um grupo pequeno, felizmente. Assim do tipo reduzido, vá. O rosto é desagradável, sem remédio possível, e às vezes parece que passou um búfalo por cima. Deve ser uma coisa inexplicável, relacionada com as proporções faciais. Não quer dizer que não sejam as melhores das pessoas deste mundo. Nem é isso que está em causa. É apenas uma apreciação fria e sem cor de um aspecto físico que, afinal, até é irrelevante, quando comparado com outras coisas do mundo.

 

(C) Quanto às mulheres com excesso de hormonas masculinas, para além de também serem poucas, felizmente, não há muito a dizer. Não estou a falar de mulheres peludas, de pêlo fofinho; estas, até dá gosto passar a mão pelo pêlo, como se costuma dizer, ou até dar uma lambidela, como quem brinca aos gatos. E também não estou a falar de mulheres de pêlo grosso, porque as há que tresandam mas é a hormonas femininas. As verdadeiras mulheres com excesso de hormonas masculinas, são aquelas que, com mais ou menos pêlo que a média, ao beijarmos, ou abraçarmos, parece que estamos a fazê-lo com um gajo! Carago! Podem ter quase pêlo nenhum, podem ser atraentes, sensuais, e tudo, e tudo, e tudo, mas vai-se a beijar e parece que se está a beijar um gajo que não é da família. Muito desagradável, portanto. Não sei se é de algum tipo de textura da pele, ou alguma fórmula nas feições do rosto, ou se é apenas falta de jeito para serem mulheres! pickwick 

 

25
Ago11

Coisas de miúdas!!!

pickwick

Era uma vez, do outro lado do planeta, lá para o ano de 1987, um grupo de amigos que ah e tal e faziam umas coisas juntos, iam acampar, curtiam a natureza, cantar à volta da fogueira, adormecer a olhar a Lua e a snifar o odor a terra húmida, etc. Eu andaria pelos 18 anos, sendo que o resto da malta descia por aí abaixo, até aos 12 anos, mais coisa, menos coisa. Hoje, é tudo trintões e quarentões.

 

Este grupo de amigos, entretanto, encontra-se disperso, tanto por Portugal, como pelo mundo. Ocasionalmente, toca o clarim e a malta encontra-se por aí, para matar saudades, meter a conversa em dia, e, com jeitinho, fazer alguns disparates. A última vez, foi há uns dois ou três anos. No próximo fim-de-semana, há novo encontro, mais um acampamento. Porque a malta curte o ar livre, pronto.

 

Temos trocado dezenas de e-mails para opinar, discutir e escolher o local, acertando detalhes de última hora, planeando disparates, enfim.

 

Como já havia gente a levar auto-caravana, outros a quererem ficar num bungalow, outros num jipe adaptado para caravana ambulante, achei por bem fazer um ponto de ordem à mesa e marcar a minha posição: eu é mais tenda!

 

Logo uma menina a reclamar, que ah e tal, “só faz estes convites agora, que está gordo e careca e nós velhas e flácidas... porque no tempo em que todas sonhávamos dormir na tenda dele, não os fazia...”

 

(um gajo diz que vai dormir numa tenda e parece logo que está a fazer um convite geral...)

 

Uma voz masculina veio meter lenha na fogueira: “minha sonsa, querias dormir com o Pickwick e não dizias nada?”

 

E a desculpa, a seguir: “Eu acho que todas nós, de alguma forma, tínhamos uma paixão secreta pelo Pickwick... coisas de miúdas, claro!!!”

 

Entretanto, uma voz feminina que há anos não era ouvida: “Também eu tinha uma paixão secreta pelo Pickwick... não sei se era uma real paixão, mas acho que era aquela figura mais velha, protector, (ahhh... e podemos também dizer que, tirando o meu paizinho, ele devia ser o único homem que eu via em tronco nu...!!!!) enfim... coisas de miúdas!!!”

 

Portanto, qual é o problema? É eu estar alegadamente “gordo e careca”, completamente desprovido de virtudes? Ou é eu ter passado grande parte da minha juventude completamente distraído?

 

Por falar em distraído, ocorre-me agora um episódio desse mesmo tempo, quando duas mocinhas da minha idade apareceram num pouco frequentado treino de artes marciais (eu e o Octávio). Conhecia-as de vista e de um ou dois “olás”. Dias mais tarde, tive oportunidade de lhes perguntar “o que raio” lá tinham ido fazer as duas. Respondeu a Paula: fomos lá para apreciar o teu “cabedal”. E pensei eu para comigo: grande estúpida inculta! o fato de judo é de algodão, não é de cabedal! Entretanto, hoje a Paula é professora universitária doutorada xpto algures no Norte, mas isso agora não interessa.

 

Portanto, agora estou “gordo e careca”, mas quando não estava, andava distraído. Os ingredientes garantidos para uma vida de sucesso junto do sexo oposto. pickwick

17
Ago11

Pseudo-Ode às Virtudes da Retaguarda

pickwick

Acabava-se o dia,

Quente, trabalhoso, produtivo;

Jantar no estômago

E banho tomado.

 

Noite dentro, com luar.

Leve e fresca ia ela,

Trilho acima, pelo mato,

A caminho da nossa tenda.

 

Cavalheiro e prestável,

Alumiando o caminho

Na subida irregular,

Seguia eu, na retaguarda.

 

No ar da noite,

Trazido pela brisa suave,

Chegava-me ao nariz

O aroma perfumado pós-banho.

 

A um terço da subida,

Iluminada pela Lua,

Com um jeito suave,

Puxou para cima as calças.

 

Atraído pelo movimento,

Que vi eu, pasmado?

Demónios!

Usava uma tanguinha!

 

Marota, pensei eu!

Vens para o campo

E trazes tanga para dormir?

Que é isso?

 

Atormentado,

Descontrolado,

Palpitações aceleradas,

Assim me deitei eu.

 

Já na privacidade da tenda,

Com dois palmos pelo meio,

Pois o respeitinho é bonito,

Sofri a noite toda.

 

Pois é de sensações,

Pelo olfacto e pela visão,

Que mais se sofre

Quanto se está de privação.

 

(e perguntou-me depois o Carlos: Então, pá?! Com isso tudo, passaram duas noites assim e nada?! Como é que é? Aiii…) pickwick

 

 

16
Ago11

Que perfume era aquele?

pickwick

Como de costume, aproveitei uma ida ao supermercado para apreciar as paisagens, depois de alguns dias de completa clausura nos meus aposentos, a gozar umas assim-assim merecidas férias. Era hora do almoço, altura favorita para fazer compras sem o reboliço do povo a circular. E era Agosto.

 

Entre os pouquíssimos clientes, encontrava-se uma figura feminina com cerca de 1,85m de altura, esguia, elegante, bonita, mas discreta. Uns 30 aninhos, mais coisa, menos coisa. Olhei-a de soslaio, enquanto ela pedia não-sei-o-quê na secção dos fiambres, queijos e demais frios. Ah e tal, tão fofinha, pensei eu. Aparentemente, fui menos discreto que o costume, e fui apanhado a gabar-lhe silenciosamente os contornos.

 

Menos de um minuto depois, cruzei-me com ela – inesperadamente, ou seja, sem planeamento estratégico prévio – na secção dos iogurtes. E as coisas começaram a correr mal. Entrou-me pelas narinas acima um odor impressionante, proveniente da supra citada figura feminina, que me deixou como que psicologicamente intoxicado. Muito. Quase sem me conseguir conter, virei-me para ela e simplesmente fiquei de queixo caído, a olhá-la, tentando evitar que um fio de baba me começasse a escolher pelas beiças abaixo. Obviamente, fui apanhadoem flagrante. Jáera a segunda vez num espaço demasiado curto.

 

Não sei que perfume era aquele. Não me era estranho, mas não consegui encontrá-lo no bafiento baú das minhas memórias. O que sei, é que tinha efeitos extraordinários. Senti-me quase irresistivelmente compelido a bater os pés no chão e começar a uivar ruidosamente, com a dentuça arreganhada, qual lobo esganado de fome perante um aromático presunto.

 

Normalmente, sou um homem discreto, contido, e disfarço, com inegável habilidade, os meus momentos de apreciação das qualidades femininas que se atravessam no caminho. Acontece que, vários factores contribuíram para a excepção à regra neste dia:

 

a) Tinha feito uma corridinha nos pinhais há menos de uma hora, precisamente naquela hora do dia de maior calor.

b) Ainda não tinha parado de transpirar por completo, apesar do banho de água fria.

c) Ainda não tinha almoçado e nem sequer tomado o pequeno-almoço.

d) No dia anterior, comi apenas três maçãs durante o dia todo.

 

Ou seja, por motivos de ausência de uma-coisa-qualquer-que-não-sei-o-nome, devido à falta de ingestão de comida nutritiva, o cérebro esta numa fase em que pouco faltava para dar o “tilt”. Qualquer coisa do género 2x3=7. Vergonhoso, portanto.

 

A moça, coitada, ainda teve o incómodo de me apanhar mais duas ou três vezes a olhá-la lá do fundo dos corredores. Não sei o que se passava comigo, mas aquele perfume era demais, e parecia que tinha ambientado todos os cantos do supermercado. Não tinha como escapar daquele aroma impressionante e irresistível.

 

Convenhamos que a moça não era assim uma coisa do outro mundo. Se fosse moça de tirar o estrume às vacas todos os dias, certamente nem teria dado conta dela. Mas, o perfume fez a diferença.

 

Eu costumo ser pouco sensível a perfumes. Bom, há um certo perfume que me deixa agoniado, e por causa dele terminei um relacionamento há muitos anos atrás, mas isso agora não interessa. Mas este… era demais… Hipnotizante! Completamente.

 

Sinto-me altamente fragilizado. Provavelmente, estará na altura de começar a andar na rua com uns tampões nas narinas, eventualmente de cor bege, para camuflar. Ou, então, sair menos de casa. Ou ir ao supermercado com uma mola da roupa no nariz. pickwick