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Arautos do Estendal

Ela, do alto das suas esbeltas e intrigantes pernas, veio caminhando quintal abaixo até ao estendal, dependurando a toalha onde, minutos antes, tinha limpo as últimas gotas de água. O Arauto viu, porque o Arauto estava lá. E tocou a trombeta.

Ela, do alto das suas esbeltas e intrigantes pernas, veio caminhando quintal abaixo até ao estendal, dependurando a toalha onde, minutos antes, tinha limpo as últimas gotas de água. O Arauto viu, porque o Arauto estava lá. E tocou a trombeta.

Arautos do Estendal

12
Jul09

Lentes de contacto

pickwick
Certo dia da semana que agora findou, alguém se lembrou de que era bonito o pessoal ir todo almoçar ao mesmo restaurante, à mesma hora. A minha ex-camarada do extinto patronato que tem um peito muito feminino e fica bem de saia justa, tomou em mãos a missão de contar as cabeças e telefonar para o restaurante a marcar mesa para vinte e poucos.
 
Já à mesa, entre uma sopa aguada e uma feijoada de chocos, uma colega meio destravada resolveu vir-lhe à “alembradura” um episódio já com dois anos, que me dizia respeito. Esta colega, é meio destravada porque não sabe medir o que diz, quando diz, o volume do som que usa, nem quantas vezes repete o que já disse. Contou ela, então, que, há dois anos atrás, quando se avançou com a estúpida ideia de depor o presidente-há-quase-duas-décadas da nossa instituição através de um golpe muito democrático (leia-se eleições), ela quis saber quem fazia parte da lista da oposição que concorria ao patronato. A ex-camarada do peito muito feminino indicou-lhe os nomes do quarteto maravilha, mas, dada a elevada discrição que me caracteriza, a destravada não fazia ideia de quem era a minha pessoa. Assim, a ex-camarada do peito muito feminino achou por bem explicar que ah e tal é aquele colega com os olhos muito bonitos.
 
Ora, há coisas que um gajo gosta de ouvir, mas há outras que nem por isso. Por exemplo, gosto muito quando recebo um elogio pelo requinte e pelo sabor ímpar do meu lombo de porco com batatas assadas (acho que só aconteceu uma vez na vida), gosto muito quando elogiam o meu talento para produzir licor de uva (bom, depois dos vómitos do verão passado, a minha auto-estima baixou um bocado, mas enfim), mas isso de elogiarem os olhos é um bocado foleiro. E eu, que gosto muito de me escapar sorrateiramente quando as coisas não me cheiram a arroz doce, respondi logo à destravada que ah e tal, eram lentes de contacto. Entretanto, a ex-camarada do peito muito feminino parecia um bocado encavacada com a conversa. Pudera! Era a mesma coisa que agora um leitor deste blogue chegar lá ao meu local de trabalho e ah e tal, você é que é aquela que fica muito bem com o decote que o seu colega está sempre a elogiar o peito? É de ficar encavacado, é.
 
Bom, quando falei nas lentes de contacto, a destravada olhou para mim e senti que o cérebro dela estava a rebobinar. Três segundos depois, repetiu: “é aquele colega com os olhos muito bonitos”. Olhei para ela, com vontade de lhe despejar a travessa da feijoada de chocos para dentro do soutien, e repeti: “eram lentes de contacto”. E ela, vai daí e “é aquele colega com os olhos muito bonitos”. Isto de um gajo ter a nítida sensação que está a falar para uma louca, tira muita fé na Humanidade. Ela ainda repetiu, pela quarta vez, a cena dos olhos, e eu ainda repeti a cena das lentes, já baixinho, em desespero. Felizmente, outra colega achou por bem intervir e salvar-me a pele: ah e tal, ena pá, essas lentes são mesmo boas, duram que se fartam! E eu, ah e tal, pois levam aquele líquido todas as noites, e tal. A destravada olhava-me, concentrada. Estaria a digerir a conversa ou a preparar-se para me enfiar a garrafa de cerveja nariz acima? Para os ribatejanos e açorianos, acostumados a estas coisas, é o mesmo que estar a palmo e meio do focinho de um touro bravo, o bicho a olhar-nos de uma maneira tal que um gajo não sabe se ele vai bufar e ignorar-nos ou se nos vai espetar a cornadura nas nossas nádegas. Tal e qual. Ainda por cima, a destravada é menina para pesar os seus 95 kg, à vontade, o que faz com que aumente as semelhanças com um touro bravo.  
 
Não sei se ela acreditou na coisa das lentes de contacto, mas acho que ficou na dúvida. Daqui por dois anos, quiçá, pode ser que me venha perguntar pela graduação, sei lá.
 
Por falar em touro bravo, a destravada tem outro aspecto em que se assemelha a um touro. Imaginemos um touro bravo com uma saia até ao joelho. Já está? Pois ela é tal e qual! Não lhe fica nada, bem, portanto. De calças também não melhora muito, mas, pelo menos, não me vem à cabeça a imagem de um touro de saias… pickwick
11
Jul09

O pastor João ainda vive

pickwick
Há coisa de semana e meia, fui dar um passeio pedestre na Serra da Estrela. Bem, não foi propriamente um passeio, porque fui em missão. Eu gosto de ir em missão. Acho que me fica bem, especialmente de chapéu à pateta e chouriça na mochila. Ora, a missão consistiu em servir de guia a uns colegas de trabalho, na maioria mulheres, num percurso que me apetecesse.
 
Optei por um trajecto suave, com partida da Senhora do Desterro. Correu bem, porque, passado cerca de um quilómetro, uma das colegas recusou-se a continuar a marcha: ah e tal, eu gosto muito de caminhar, mas assim, não! “Assim”, era ensopadinha por causa da chuva que não parava de cair. Há mulheres que são esquisitas, pronto, não há grande coisa a fazer. Depois de olharmos todos uns para os outros, abrigados debaixo de uma grande árvore que aliviava a carga de água que caía dos céus, voltámos para trás, e entrámos para a secura dos carros. Não tem muita graça voltar para trás, mas, em democracia, é uma hipótese sempre a ter em conta.
 
No entanto, apesar da água, todos estavam de acordo que era muito foleiro regressar à civilização com toda a comida que tínhamos levado para o almoço, pelo que, assim sendo, decidimos ir de carro até à praia fluvial da Lapa dos Dinheiros, onde era suposto almoçarmos numa mesinha de madeira debaixo de um alpendre. E assim foi.
 
Lá chegados, o tempo fez-se seco e a malta quis dar uma voltinha a pé pelas redondezas, para não parecer tão mal. Levei-os, afinal, até ao caminho que era suposto termos apanhado inicialmente, junto a uma levada de água que partia da ribeira da Caniça.
 
Nostalgia, para o meu lado. A recordação das vezes que ali passei, com ou sem chuva, quase sempre com a mochila bem pesada. Por falar em chuva, passado um bocado recomeçou a chover. A determinada altura, abandona-se a levada de água e trepa-se por um caminho inclinado, por entre umas rochas. A vegetação molhada, a passar constantemente pelas nossas roupas, deu um resultado interessantíssimo, portanto. Passámos ao lado de um abrigo de pedras onde muitas vezes passei a noite à volta de uma chouriça e um copo de tinto. Lembrei-me do pastor João, que nos apareceu quase à meia-noite de uma passagem de ano, a reclamar com a fogueira e os incêndios e as cabras e a cabra da ex-mulher e sei lá mais o quê.
 
Por falar em cabras, uns metros mais à frente encontrámos um rebanho delas. Continuámos pelo trilho, devagarinho para não assustar a bicharada, até que apareceu o pastor respectivo. Ah pois, e era o mesmo da outra vez! Lindo serviço.
 
Ah e tal, vêm para aqui incomodar-me as cabras, estava eu ali a dormir sossegado debaixo de uma pedra, e tal, vamos ali comer um bocado de pão, coiso e tal. A malta que ia comigo parou de tirar fotografias às cabras, como se fosse a primeira vez na vida que viam cabras à solta na serra. E fizeram-se ao caminho. O pastor é que não tinha pressa nenhuma e insistiu em mostrar-nos uma queda de água, um buraco, isto e aquilo, continuando a oferecer pão. Acabei por ir sozinho atrás dele, para me mostrar um buraco qualquer onde a ribeira desaparecia debaixo das rochas. No regresso, aproveitei as rochas molhadas pela chuva para poder dar um ar da minha graça e espalhar-me ao comprido, como se fosse a primeira vez que andava na serra. Vergonhoso, eu sei, mas foi mais forte do que eu. Não sei é onde pus a mão ao cair, que fiquei com um golpe de todo o tamanho a jorrar sangue. Enfim, deve ser da idade.
 
Entretanto, a malta já ia lá à frente, talvez com medo do cajado do pastor, mas este estava tão divertido a conversar comigo e a contar estórias e mais estórias sobre aquelas paragens, que acabou por vir connosco e levar-nos por um atalho a direito até aos carros, com passagem pela sua quinta, onde o vimos dar dois dedos de conversa com uma rapariga, que não era sua irmã, nem sua namorada, nem sua mulher. Obviamente, proporcionou-se o convite para ele almoçar connosco, até porque tínhamos uma garrafa de tinto e uma geleira cheia de minis. Ah, pois é!
 
Por falar em almoço, é sempre estrategicamente positivo fazer piqueniques com mulheres. Eu bem que dou aquele ar de Tarzan, a puxar de uma chouriça e a chegar-lhe o fogo, mas, elas conseguem ultrapassar-me: sacam de uma quantidade impressionante de caixas e caixinhas cheias com petiscos e queijinhos e bolinhos e pastéis e mais não sei o quê, que um gajo fica logo intimidado.
 
Conversa puxa conversa, e acabámos o passeio em casa dele, a provar uns queijos da serra.
 
A reter: a mulher emprestada. O que é uma mulher emprestada? É uma mulher que é emprestada, não percebi bem por quem, nem a troco de quê, para todo o serviço. Presta-se aos trabalhos rurais, à lide de casa, aos recados, ao apoio moral, e, obviamente, a esse serviço de valor que é o “aconchego” do macho, naqueles momentos de maior precisão e alto índice de estrogênio. As coisas que um gajo aprende com um pastor… pickwick
09
Jul09

Cerveja é reidratante "eficaz" após exercício

pickwick

Cerveja é reidratante "eficaz" após exercício

 
 
Conclusão vertida de um estudo científico realizado pela universidade de Barcelona, corroborado por outros semelhantes efectuados em Espanha.
 
A cerveja pode ser uma "eficaz" bebida reidratante após a prática de exercício físico. "A alta presença de elementos antioxidantes" ajuda a reduzir os efeitos produzidos pelo exercício físico, como a fadiga ou a falta de ar, defende o professor de Fisiologia do Exercício, Joan Ramón Barbany.
 
A ideia foi defendida na apresentação do estudo "A Idoneidade da Cerveja na Dieta Equilibrada dos Desportistas", durante os Jogos Mundiais da Medicina e Saúde, que se celebram em Alicante.
 
"A cerveja tem uma alta presença de elementos oxidantes, derivados da sua origem vegetal, que combatem a presença de radicais livres", diz o académico, que defende que isso ajuda a reduzir os efeitos do exercício físico, "como as dores musculares ou a fadiga.
 
Esta bebida contém componentes vitamínicos, minerais e carboidratos, pelo que a sua ingestão em "doses moderadas" por adultos pode desempenhar um papel na "recuperação do metabolismo normal e imunológico dos desportistas depois do exercício físico".
 
Um outro estudo, da universidade de Granada, revela que "em comparação com a água, (a ingestão de cerveja) não tem qualquer aspecto desaconselhável".
 
"Apesar do álcool, a cerveja é uma magnífica bebida compatível com o rendimento desportivo de qualquer disciplina", acrescenta Juan Antonio Corbalán, antigo internacional de basquetebol e agora fisiologista do desporto.
 
Finalmente, a certificação de qualidade das minhas opções de hidratação após os intensivos treinos de judo da minha juventude! Quão bem me lembro, ainda o treino não ia a meio e a minha cabeça já só visualizava uma caneca de meio litro de cerveja gelada. Findo o treino, uma chuveirada de água fria rematava o banho, pondo fim à imparável transpiração. Depois, em passo de corrida até casa, subir a escada até ao sótão, largar a mochila e zarpar para o “Inhangá”, esse mítico bar aveirense ao cimo da rua. Um “cartucho” (aos anos que não como este bolo!) e duas canecas de cerveja repunham-me as energias e hidratavam-me o corpo. Bons tempos! pickwick