Maria! (nome de código)
Se me estás a ler, acho que descobri uma solução para os ovos que ficam meses sem fim no frigorífico, para além do prazo de validade!
Lembro de como tens jeito para tricotar umas coisas com lã. Pois é! Fazes uns xailes, em lã pura, tipo virgem (a lã de caranguejo costuma trazer restos de cascas e não presta para estas coisas), moldados aos ovos. Assim tipo um aconchego para aqueles dias solitários que os ovos passam na gélida prateleira do frigorífico. À medida que vão apodrecendo, dia após dia, o aconchego do xaile fará com que, em vez de o interior de cada ovo se transformar num líquido escuro, asqueroso, intensamente mal cheiroso, ao ponto de provocar vómitos a oito metros de distância só com uma fungadela, o ovo operará esse milagre da natureza que é o nascimento de um novo ser vivo. Neste caso, um pinto.
Assim que o pinto partir a casca e saltar para o ambiente agreste do frigorífico, o xaile cai-lhe em cima. Convém, pois, que, para além de se adaptar na perfeição ao ovo, possa, também, adaptar-se à fisionomia do pinto, com um buraquito para o bico e para os olhos. Faz de conta que pinto nasceu na Noruega, vá. Nada de extraordinário.
Quando receberes as tuas visitas em casa, abres o frigorífico e perguntas o que preferem: ovo estrelado ou pinto na caçarola? Eu acho que é uma coisa muito à frente e que só te ficava bem. Aposto como irias impressionar – pela positiva – muitas amigas tuas.
Pela parte que me toca, e sem querer parecer que estou com mau feitio, troco bem um pinto e dois ovos por uma taça de Nestum. pickwick