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Arautos do Estendal

Ela, do alto das suas esbeltas e intrigantes pernas, veio caminhando quintal abaixo até ao estendal, dependurando a toalha onde, minutos antes, tinha limpo as últimas gotas de água. O Arauto viu, porque o Arauto estava lá. E tocou a trombeta.

Ela, do alto das suas esbeltas e intrigantes pernas, veio caminhando quintal abaixo até ao estendal, dependurando a toalha onde, minutos antes, tinha limpo as últimas gotas de água. O Arauto viu, porque o Arauto estava lá. E tocou a trombeta.

Arautos do Estendal

26
Jul06

Marketing dissimulado

riverfl0w
Este blog está oficialmente em fase de declínio. Depois do momento de mediatismo desenfreado que a Rádio Comercial nos proporcionou - e onde pela primeira vez tivemos mais de 5 visitas diárias não originadas pelos próprios autores - os visitantes deste espaço voltámos a ser nós próprios e uma sueca que gosta de ler baboseiras antes de adormecer. Assim, num esforço desesperado para voltar a atrair leitoras, aqui ficam umas quantas palavras-chave que o Google terá a amabilidade de redireccionar para os Arautos do Estendal:

"poesia romântica"
"purpurinas"
"cabrito assado com batatas e legumes"
"receitas conventuais"
"gajo bom sexy menos de 40 escultural para relação séria"
"posso engravidar se fizer sexo com a almofada?"
"80% de desconto em todos os artigos"
"LIQUIDAÇÃO TOTAL"
"eu quero perder peso para ficar magrinha como a Soraia Chaves"
"Tena Pants" - ok, talvez este último não atraia o público alvo correcto, mas da maneira como isto está vale a pena tentar.

Aproveito ainda para informar todos os rebarbados que pesquisam por "pitas nuas", "gajas apanhadas em flagrante", "pastores tarados" e "mulheres de tanga" - entre tantas outras ordinarices - que aqui não vão encontrar o que procuram. Pelo menos não mais do que uma mera descrição textual. E se encontrarem, a culpa é certamente do pickwick. Garanto-vos isso. riverfl0w
09
Jul06

Conversas de estendal

riverfl0w

pickwick diz: Eu fiquei francamente fascinado com a forma viril como os textos foram lidos...
pickwick diz: Por outro lado, fiquei envergonhadíssimo por o locutor dizer "gajo" e "gaja"....
pickwick diz: soou tão mal...
pickwick diz: Acho que nem dei por música de fundo alguma... tocaram alguma coisa?
riverfl0w diz: sim, punham umas musiquinhas de ir à xxx enquanto falavam riverfl0w diz: tenho de estudar
riverfl0w diz: e ir à casa de banho
riverfl0w diz: e escrever um post para ver se angario uns comentários femininos
riverfl0w diz: é um misto de sensações fisiológicas
pickwick diz: como eu?
riverfl0w diz: exactamente como tu
riverfl0w diz: achas que alguém ouviu aquilo?
pickwick diz: erm… sabes… eles têm que ocupar a emissão, nos momentos em que não há audiências, com uma coisa qualquer... por isso vão buscar blogs com disparates...
pickwick diz: não que todos os blogs tenham disparates... mas o nosso é muito fértil
riverfl0w diz: pudera, não fôssemos nós os autores
riverfl0w diz: era tão giro que os comentários disparassem assim do nada...
riverfl0w diz: pensei que aquela conversa dos mensageiros louros e esculturais trouxesse uma pombinha ou outra aqui para os nossos lados
pickwick diz: um dos poucos comentários veio de uma mãe chamada felina cujo blog está cheio de mulheres nuas... um escândalo!
riverfl0w diz: mãe? nua? bom, tu é que tens mais de 30
riverfl0w diz: dás conta do recado?
pickwick diz: ela não quer... tem um felino e não sei o quê...
pickwick diz: eu prefiro princesas, mas isso é outra estória...
riverfl0w diz: oh, só nos calham delas com anilha
pickwick diz: bom
pickwick diz: voltando à rádio
pickwick diz: achei tudo muito estranho cantarem assim os textos
pickwick diz: foram escritos para ler e não para ouvir
pickwick diz: mas tive uns ataques de medo...
riverfl0w diz: como quando aquele Cantor Mistério cantou o "Tiveste um dia mau"?
riverfl0w diz: acho que esse foi o ponto alto
pickwick diz: bom
pickwick diz: tive muito medo quando foi o da Arlete...
pickwick diz: e se a Arlete estivesse a ouvir?
pickwick diz: podia correr muito mal
riverfl0w diz: acho que lhe devias pedir desculpa
pickwick diz: oh
riverfl0w diz: assim pela via das dúvidas
pickwick diz: é melhor não
pickwick diz: não vou arriscar...
riverfl0w diz: e atenção - são as Arletes e não a Arlete
pickwick diz: oh
pickwick diz: bom
pickwick diz: a primeira Arlete é que é perigosa... fala no marido... e na terra dele.. não deve haver muitas Arletes casadas com Zés de Mirandela...
riverfl0w diz: eu se fosse uma menina prendada não gostava que me dissessem NA RÁDIO que pareço uma morsa escavacada por um cachalote muito macho
pickwick diz: isto pode correr muito mal
pickwick diz: ainda por cima, vivem na mesma cidade onde estás agora...
riverfl0w diz: ai
pickwick diz: mas ela não era prendada! ela era... muito... mas muito feia...
pickwick diz: enfim
riverfl0w diz: qualquer dia tenho um bastão de baseball de Mirandela apontado ao meu crânio
pickwick diz: bom, tivemos os nossos momentos de fama, com uma audiência de cerca de 56 pessoas
riverfl0w diz: 56? superou as minhas expectativas!
riverfl0w diz: alguém de fora do estúdio da Comercial?
pickwick diz: eu, tu, as nossas fãs... e pouco mais
riverfl0w diz: as nossas fãs?
riverfl0w diz: desconheço
riverfl0w diz: devias falar no singular
pickwick diz: fiquei envergonhado de ouvir aquelas coisas na rádio... um gajo como eu, assim todo coiso... e enfim...
riverfl0w diz: sim, o que tu és mais é envergonhado
pickwick diz: eu sou tímido...
riverfl0w diz: sim, tímido
pickwick diz: isso
riverfl0w diz: agora que toda a gente sabe o teu nome, vão ser só fãs à procura de Pedro Monteiro na lista telefónica de Viseu
riverfl0w diz: e eu a ver navios
pickwick diz: sim... procurem lá
pickwick diz: ou mandem mail
pickwick diz: se quiserem mandar cheque, também podem
riverfl0w diz: tenho de escrever uns posts à pickwick
pickwick diz: tens é que escrever posts, e ponto final...
riverfl0w diz: é, mas isto de ter uma vida para além dos blogs... é difícil
riverfl0w diz: se pudesse descontar como blogger a tempo inteiro...
riverfl0w diz: agora fazer reportagens que não interessam a ninguém...
pickwick diz: ah pois, a tua faceta de jornalista e ah e tal... pois... eu só fazia entrevistas se as entrevistadas fossem assim umas brasas famosas e ah e tal e oferecessem almoços requintados aos entrevistadores... e tal...
pickwick diz: eu não gosto de reportagens
pickwick diz: gosto é de divagar
riverfl0w diz: a isso chama-se um gigolot
riverfl0w diz: desculpa desiludir-te
pickwick diz: chama-se quem? esse é algum amigo teu?
pickwick diz: gigolot? parece o nome de uma guilhotina francesa
riverfl0w diz: ouve lá
riverfl0w diz: isto dava um post, não?
pickwick diz: isto o quê?
pickwick diz: gigolot?
riverfl0w diz: não, esta conversa, homem
pickwick diz: esta conversa?
pickwick diz: mas esta conversa não é um post?
pickwick diz: mau mau maria
pickwick diz: já tás a desconversar
pickwick diz: olha lá, mas não era para falarmos sobre a nossa projecção mediática na rádio?
pickwick diz: alô?
pickwick diz: tás aí?
pickwick diz: que se passa?
pickwick diz: alô!!!
riverfl0w diz: desculpa, tive de ir ao WC
pickwick diz: ao wc?????
pickwick diz: interrompeste uma conversa para ires ao WC????????????????
riverfl0w
diz: tás a confundir-me todo
riverfl0w diz: e olha que só as gajas é que costumam fazer-me isso
pickwick diz: hey
pickwick diz: respeitinho!
pickwick diz: pá, tás aí sozinho?
riverfl0w diz: sim, já te disse que sim
pickwick diz: ok
pickwick diz: então, vá, concentra-te
riverfl0w diz: mmmmmzzzzz
riverfl0w diz: ok
pickwick diz: achas que vão publicar um livro com o nosso blog?
pickwick diz: até pode vir a ser adoptado como literatura obrigatória no ensino secundário
riverfl0w diz: no dia em que eu e tu escrevermos um livro, é porque algo vai muito mal na literatura portuguesa
riverfl0w diz: aliás, acho que li qualquer coisa assim no Livro do Apocalipse
pickwick diz: nós não vamos escrever um livro... eles vão é pegar nos posts todos e fazer um livro!
pickwick diz: enfim
pickwick diz: seja como for, lamento a escolha que fizeram dos posts
pickwick diz: reparei como foram escolher os mais sérios que encontraram
pickwick diz: foi uma pena
riverfl0w diz: hahahaha
pickwick diz: podiamos ter sugerido outros mais simpáticos e afiados
riverfl0w diz: sim, reparaste que censuraram algumas partes?
pickwick diz: malandros...
pickwick diz: é a censura
pickwick diz: é o fascismo
pickwick diz: adeus, Abril
pickwick diz: que partes?
riverfl0w diz: como quando tu dizes que se deviam "espetar um cacto nas nádegas das crianças" no "É na boa"
riverfl0w diz: eles cortaram isso
riverfl0w diz: talvez com medo de haver público juvenil que procurasse algum tipo de retaliação
pickwick diz: cacto nas nádegas
pickwick diz: eu escrevi isso????
pickwick diz: ai ai ai
rverfl0w diz: por mais incrível que pareça, escreveste
riverfl0w diz: e és professor daqueles pirralhos
pickwick diz: sssshhhhhhhhhhhh
pickwick diz: por acaso não eram meus alunos... senão excomungava-os a todos pela prestação horrível
pickwick diz: e cortaram porquê????
pickwick diz: cacto é uma planta e nádegas é um termo simpático
riverfl0w diz: sim, concordo
riverfl0w diz: mas cacto + nádegas dá uma combinação nada agradável
pickwick diz: ora
pickwick diz: isso foi de um livro que eu li, faz muitos anos, que o meu pai lá tinha numa prateleira discreta... chamado a Ilha das Ninfomaníacas...
pickwick diz: na altura passou-me ao lado uns 90% do livro, mas nunca mais me esquece uma cena macabra no meio de um deserto, com uma fulana toda nua de perna aberta e um cacto e mais não sei o quê...
riverfl0w diz: é isso que devia ser adoptado como literatura juvenil
riverfl0w diz: é o exemplo perfeito daquilo que queremos passar às nossas criancinhas
pickwick diz: sim sim, tal e qual
riverfl0w diz: nossas salvo seja... Deus me livre de conceber tão novo
riverfl0w diz: ainda quero escrever uns posts antes disso
pickwick diz: tu não vais conceber nada
riverfl0w diz: ah, obrigado
riverfl0w diz: falta-me capacidade?
pickwick diz: quem concebe são as fêmeas
pickwick diz: tu fecundas
riverfl0w diz: isso
riverfl0w diz: fecundar
riverfl0w diz: dá sempre jeito ter um professor por perto
pickwick diz: és, portanto, um fecundador
riverfl0w diz: sou um fecundador...
riverfl0w diz: esbelto, louro, escultural e de trombeta em punho
riverfl0w diz: confesso que isso me faz bem ao ego.
pickwick diz: e, quando estiveres pior que estragado e te apetecer apertar algo a alguém, já sabes, dizes: estou fecundado com isto!
pickwick diz: isso... ego ao alto é que é preciso
riverfl0w diz: ego ao alto?
riverfl0w diz: não querias dizer falo?
riverfl0w diz: cof
pickwick diz: eu não falo nada, ora essa
pickwick diz: mas que conversa é essa?
riverfl0w diz: esquece lá isso
pickwick diz: bom, e as tuas amigas, foram ouvir o programa?
riverfl0w diz: arranjaram todas óptimas desculpas para não o fazer
riverfl0w diz: ah e tal ... faltou a luz - disse a Curujinha
riverfl0w diz: ah e tal... estava no comboio - disseram a Daniela e a Mónica
riverfl0w diz: ou então ouviram e preferiram escusar-se a fazer comentários
pickwick diz: há uma coruja a ler o blog?????
pickwick diz: fenómeno!
riverfl0w diz: e uma felina também
pickwick diz: ah essa
riverfl0w diz: li agora o comentário a um post teu
riverfl0w diz: devíamos abrir um zoo 
pickwick diz: o comentário não interessa... lê mas é o blog dela...
pickwick diz: até ficas baralhado
riverfl0w diz: espera, deixa lá dar uma vista de olhos

(3 minutos depois)

riverfl0w diz: tens aí algum calmante?
pickwick diz: gelo, serve?
riverfl0w diz: seja.
riverfl0w diz: e as tuas fãs? aposto que já te inundaram a caixa de correio
pickwick diz: cof cof
pickwick diz: pois sim
pickwick diz: a minha fã número um ainda nem sequer ouviu...
pickwick diz: isto é a desgraça
riverfl0w diz: já tens fã número um?
pickwick diz: tenho
riverfl0w diz: eu vou no número exactamente anterior
pickwick diz: qual é o número exactamente anterior?
riverfl0w diz: isso para um professor não fica nada bem
riverfl0w diz: até devíamos publicar isto para seres escarnecido na praça pública
pickwick diz: ssssshhhhhhhh... olha.. não podes passar a vida a dizer que ah e tal professor e não sei o quê... tá bem?
riverfl0w diz: combinado
pickwick diz: obrigado
riverfl0w diz: mas alguma vez te explicaram que ninguém consegue ler as nossas conversas pelo MSN?
riverfl0w diz: a menos, claro, que eu publique isto
pickwick diz: não conseguem? como é que não conseguem? se isto é net, é porque é público, logo toda a gente consegue ler! ora essa!
pickwick diz: ah
pickwick diz: publicar
pickwick diz: isso é bom
pickwick diz: e vai passar na rádio?
riverfl0w diz: acho que já não vai a tempo
riverfl0w diz: tenho de ir estudar
riverfl0w diz: pega lá aí num word e compõe isto
pickwick diz: poxa
riverfl0w diz: fazes esse favor à malta?
riverfl0w diz: o meu exame é daqui a 9 horas
pickwick diz: faço faço
pickwick diz: se for capaz
riverfl0w diz: isso, eu vou fazer uns ovos mexidos

30
Jun06

A Síndrome de Arlete

riverfl0w
A ouvir, na voz de João Vaz

O meu blog dava um programa de rádio - Rádio Comercial

 

A primeira Arlete que eu conheci na minha vida, era colega de casa de uma fulana que me cativou o olho. Viviam juntas, na mesma casa, portanto, todas estudantes universitárias, mais a irmã da Arlete. Depois de ter cativado o olho e lhe ter dado a volta, à amiga da Arlete, passei a ser cliente mais assíduo da casa, com todos os transtornos que isso traz, com os amigos e as visitas e os jantares e aqueles disparates todos que se fazem num primeiro ano de universidade. A Arlete, apesar de ser uma miúda aparentemente simpática, com quem se podia falar, era foleira como o galho de uma oliveira atropelada por um tractor. Lá estou eu com o trauma das gajas foleiras, mas as verdades e os factos não se devem esconder, a bem da vitória de Abril. Continuando. A Arlete era gorducha, muito morena, cabelo preto aos caracóis, dentes muito brancos e foleira, pronto. Metia-me impressão como é que poderia alguma vez haver um homem normal que quisesse alguma coisa com ela. O Zé, meu colega de curso e meu amigo, quis. Casou-se com ela e já tinha 2 filhos da última vez que soube deles. O Zé até era um gajo porreiro, mas, francamente… Enfim, eu escusei-me de lhe explicar que aquela gaja era foleira à brava e que a universidade e a cidade estavam cheias de miúdas com aspecto mais acolhedor e feminino, pois ele prestar-se-ia imediatamente a um ajuste de contas à moda de Mirandela, a terra dele, e não íamos querer cenas destas, pois não? A segunda Arlete que eu conheci, era da mesma idade da outra Arlete, mas com um desfasamento temporal de cerca de vinte anos. Fica bem dizer desfasamento temporal, é quase tão sofisticado como dizer time offset ou outras coisas giras do mesmo género que invadiam as aulas na universidade. Bom, esta Arlete, que é da terra onde agora vivo, é uma XXXX. Não pratica, profissionalmente, mas tem toda a parte depreciativa inerente. Ou seja, tem as mãos foleiras e acastanhadas pelo excesso de tabaco, tem os dentes tipo monstro-das-bolachas depois de comer o filme inteiro da “Carlinhos e a Fábrica do Chocolate” e levar de seguida uma joelhada nas mandíbulas, é mal feita, usa decote para mostrar ainda melhor o quão mal feita que ela é, e, pior que tudo, no dia de Carnaval de 2002 atirou-me um ovo à fachada da casa, minutos depois de eu recusar dar não-sei-o-quê ao bando de mascarados que andavam a correr todas as casas a pedir não-sei-o-que-mais. Por causa do ovo, que se cola que nem tinta à parede, passei quase uma hora em cima de um banco a escovar a fachada da minha casa. Se fosse uma gaja jeitosa, eu ainda desculpava, pronto, as miúdas giras têm direitos que as foleiras não têm, nomeadamente atirar ovos às fachadas das casas em época de Carnaval. Mas sendo assim, não há pão para feiosas. Eis, então, que surge a terceira Arlete. Ora bem, a Arlete é uma capanga da minha patroa. Eu já a conhecia de uma reunião anterior, mas, na quinta-feira, conheci o que pior há nela. Imagine-se: uma mulher quarentona, feia que nem uma morsa depois de ser violada por um cachalote muito macho, corpo muito disforme com proeminências estranhas em locais que não os seios, com um sorriso extremamente amarelo a lembrar a bocarra da traseira de um camião de recolha do lixo, e, chiça!, toda vestida de branco. O branco, como todos sabem, para além de ser transparente, o que fica muito bem nas mulheres jeitosas que gostam que os homens saibam a cor da lingerie e a sua preferência por fio de limpar os dentes, ajuda a dilatar o efeito visual que o corpo provoca no olhar do observador. O vestuário preto, pelo contrário, dá o efeito de emagrecimento, daí que esteja sempre na moda. Ora, como é que uma mulher destas se lembra de vir para uma reunião vestida de branco? Mas, como? Será louca? Mais louco será o marido. Sim, porque, ou é para disfarçar, ou a anilha de pombo que trazia no dedo quer dizer que há um homem (cada vez tenho menos esperança na nossa raça) que se casou com ela. Casar, ainda vá, pronto, é um gesto bonito e podia ser por condescendência. Mas, eu estou capaz de crer que há, de facto, um homem que durma com a Arlete. Ó pá! Por favor! Que tome uns comprimidos todas as noites para adormecer compulsivamente e não ter que se sujeitar ao sacrifício indescritível que é atender às necessidades sexuais da Arlete. Ou atire-se da janela. Ou atire-a a ela pela janela. Também tenho a mania que as miúdas chamadas Telma são muito peludas, mas isso é outra estória. pickwick
23
Jun06

Feel like doin' it?

riverfl0w
A ouvir, na voz de João Vaz

O meu blog dava um programa de rádio - Rádio Comercial

 

São 6 da manhã. Horas de estar a dormir, entenda-se - como provavelmente estarão a fazer 90% das pessoas à distância de menos de cinco fusos horários - exceptuando uns quantos que hão de estar a fazer relinchar as molas dos colchões. Se eu não fosse, portanto, ligeiramente insano, estaria a ressonar - embora não ressone - em vez de estar pr'aqui a escrever baboseiras. A questão é que esta madrugada fui assaltado por uma ideia altamente filosófica. Muitas vezes pensamos naquilo que deixámos por fazer, em certas oportunidades que não agarrámos com ambas as mãos... existe até aquele cliché - que fica sempre bem na boca de uma loura qualquer, até porque é fácil de decorar - do "só me arrependo daquilo que não fiz". Pois bem, aqui entre nós, temo que não passe mesmo de um cliché. A verdade é que em qualquer coisa que façamos, mesmo que se trate da oportunidade do século, existe sempre algum pormenor - por mais ínfimo que seja - que não corre bem. Como quando pisei a miúda mais gira da escola inteira, no Baile de Finalistas (que por acaso até estava a dançar comigo), ou quando gaguejei na minha primeira peça de teatro por me ter esquecido da deixa. São momentos que acabamos por recordar com alguma piada, ternura até, mas guardamos alguma mágoa por não terem sido... perfeitos. Os únicos que acabam por ser inexoravelmente perfeitos são, esses sim, aqueles que nunca aconteceram. Situações que ficaram apenas num pensamento, num sorriso, num olhar cúmplice. Aí, imaginámos tudo como queremos - até ao mínimo detalhe - e é assim que fica maravilhosamente guardado no álbum de recordações. Como se tivesse acontecido. Até ao dia em que disfrutamos da alegria imensa de se ter realizado, e guardamos aquela mágoa pequenina de não ter sido perfeito. Quer-me parecer que Flaubert já dissertou sobre este assunto, mas se assim for, é preciso que compreendam que em mais de 4000 anos de história humana é difícil de lembrarmo-nos de coisas originais. Ainda assim, vale a pena pensar nisto. riverfl0w
30
Mai06

Dez coisas que hoje me irritaram profundamente

riverfl0w
A ouvir, na voz de João Vaz

O meu blog dava um programa de rádio - Rádio Comercial

 

06h28 - Levantar-me da cama, mesmo depois de ter feito uma maratona nocturna para acabar "A Conspiração" de Dan Brown (o livro acaba com Rachel Sexton e Michael Tolland a darem uma queca).
08h04 - 10h27 - Não ter adormecido no comboio. Acabei por assistir, impotente, a um programa do Eládio Clímaco e da Isabel Angelino durante a maior parte da viagem.
10h30 - Não existirem autocarros em Aveiro entre a estação e a Universidade das 10h25 ao às 11h54, apesar de nas restantes horas haver um de meia em meia hora.
10h31 - 10h42 - O taxista fungar e pigarrear incessantemente ao longo de toda a viagem, e não fazer o desconto de 0,05€ que todos os outros fazem aos estudantes.
15h40 - 15h42 - Achar que estava a gravar o início da entrevista com uma professora do Departamento, e ter sido ela a reparar que o maldito gravador estava desligado.
16h23 - 16h35 - Não ter conseguido arrancar mais do que vários "Não quero" e um "Cala-te!" ao tentar entrevistar um miúdo portador de Trissomia 21, apesar de ele fazer questão de andar de mão dada comigo por todo o campus universitário.
18h41 - 20h12 - Ter-me disponiblizado para ajudar uma colega a programar em ActionScript, e uma hora e meia depois não termos conseguido resolver sequer a primeira alínea do exercício.
20h23 - 21h19 - Ter gasto 1€ em Virtua Tennis 2002, apesar de só me sobrarem 8,23€ até ao fim do mês.
22h03 - Ter-me engasgado com uma rodela de chouriço do caldo verde.
22h22 - ... - Estar a arranjar desculpas mentais para não estudar para o exame de amanhã (este post está definitivamente incluído neste ponto...). riverfl0w
17
Mai06

Contadores de Anedotas

riverfl0w
A ouvir, na voz de João Vaz

O meu blog dava um programa de rádio - Rádio Comercial

 

A Beatriz, uma pirralha de 11-12 anos, obrigou-me a fazer uma pausa para contar uma anedota nova. Entre enormes sorrisos e uns pulos histéricos, lá foi contando a anedota, que eram mais um enigma do que uma anedota, mas ela ria-se por todos os cantos e insistia que era uma anedota. Pronto. Então, eu estava dentro de uma casa com quatro paredes e uma janela em cada parede. Do lado de fora de cada janela havia animais ferozes: numa, eram 50 leões, noutra 30 “trigues”, outra 100 crocodilos e finalmente mais 10 jibóias na última. Por qual das 4 portas eu sairia? É que não ia querer ser comido, pois não? Portas?, perguntei eu. As minhas propostas de escavar um buraco no chão ou sair ejectado pelo telhado levaram a miúda a refazer a estória toda, sendo os “trigues” sido promovidos a tigres, por via da redução do seu número para 20. As jibóias passaram a ser 100 e os crocodilos transformaram-se em 20 tubarões num rio. Bom. Por fim, pensei qual dos animais poderia ser mais lento e optei pelas jibóias. E acertei! Fantástico. A Beatriz ficou frustrada por eu ter acertado, mas, ainda assim, fez questão de explicar a anedota: é que a melhor opção eram as jibóias porque eram 100… mas não 100 de cem, mas sim 100 de sem, ou seja, sem jibóias e tal… eu fiquei a olhar para ela a pensar se havia de me rir para ela ficar contente, ou continuar com cara de quem comeu arroz de grelos. A Beatriz, caso não saibam, é fã louca dos D’Zrt, dos Morangos com Açúcar e de outro lixo cultural do mesmo calibre. E quer começar desde já uma carreira de modelo. Bom, há gente que devia ser proibida de contar anedotas. Outros, deviam ser proibidos de escutá-las. Destes, lembro-me perfeitamente do Eduardo, já lá vão quase vinte anos. O Eduardo, estudante do 1º ano do curso de professor primário, era um fulano ali da zona da Bairrada, extremamente limitado intelectualmente, mas asseadinho. Tão asseadinho, que ficou famosa a baldada que atirou pela janela do sótão onde vivia comigo e com o Jorge. Baldada de água que usou previamente para lavar os pés fungosos e fedorentos, e que aterrou tragicamente em cima de um transeunte que circulava pacificamente naquela descida que existe junto ao Fórum Aveiro. O Eduardo era um tipo muito concentrado. Em época de estudo intenso, o mínimo ruído era pior que pratos partidos. O Eduardo estudava matemática pelos livros do 9º ano e nós devorávamos manuais de análise matemática de autores russos. Quando o Jorge virava a folha de um livro, o Eduardo quase saltava da cadeira, muitíssimo incomodado. Música no ar, então, nem pensar. E logo connosco, que tanto gostávamos de ter a música ambiente para um estudo mais rentável. Certa noite, após uma intensa sessão de estudo e de umas imperiais no Inhangá (esse mítico bar), o Jorge resolveu contar umas anedotas. Aqui está um rapaz que é um exímio contador de anedotas. Ora, nessa noite, optou por contar “apenas” anedotas do elefante e da formiga. Resmas delas. Não me lembro de quase nenhuma. Só daquela da savana. Eu conto. Num belo dia, na savana, apareceu ao longe um elefante e tal, aos saltinhos ligeiros como se andasse a saltitar num lago de nenúfar em nenúfar. Pelo caminho, atropelou uma multidão de formigas, junto à entrada do formigueiro. No dia seguinte, e nos demais, o elefante repetiu o passeio, ficando-lhe novamente o formigueiro no meio do caminho, produzindo grandes matanças diárias. A tal ponto, que as formigas resolveram revoltar-se e traçaram um plano maquiavélico para eliminar o elefante. Assim, um belo dia, puseram-se todas à espera do elefante, em formação de ataque. O “tum-tum” das saltitadelas do bicho eram impressionantes, mas elas não desarmaram. Quando o elefante ficou ao alcance, uma delas gritou “Agora!” e todas as formigas saltaram para cima do elefante. Este, pressentindo qualquer coisinha em cima da espessa pele, parou e sacudiu-se, atirando para longe as formigas que tinham acabado de saltar-lhe para cima. Todas, menos uma, que resistiu e ficou em cima dele. A esta, todas as outras bradaram lá do chão, em coro: “Esmaga! Esmaga! Esmaga!”... Pronto, contado por ele era de morrer a rir. E quando ele decidiu parar, já me doía tanto a barriga que não aguentava mais nenhuma anedota do elefante e da formiga. Eu ainda não tinha reparado, mas as únicas gargalhadas que se ouviam no sótão eram as minhas e as do Jorge. Os segundos que se seguiram à acalmia, foram cortados pelo comentário do Eduardo, muito sério: “eu não sei que piada acham a essas anedotas… ainda se fossem de alentejanos…“ O próprio Eduardo passou a ser uma anedota, em si próprio, daí em diante. Mudou-se para outra casa ao fim de um ou dois meses, mas ficou-nos para sempre na memória, pelas anedotas, pelas folhas dos livros, pela água de lavar os pés, etc. Cada vez que havia ajuntamento para sessões de anedotas, a figura do Eduardo acabava sempre por aparecer pelo meio, para grande risota geral dos que nunca o conheceram. Mas há mais. A Isabel, por exemplo, não entendia as piadas acima das básicas sobre alentejanos. Qualquer coisinha mais subtil, mas negra, passava ao lado, e a mocinha acabava por se rir sozinha, minutos depois, pela piada que achava de não perceber a piada acabada de contar… E, note-se, a Isabel era uma aluna com notas de 18 valores! Enfim, é como digo: se há gajos que deviam ser proibidos de contar anedotas, outros deviam ser proibidos de as ouvir. É como dar música clássica a um carroceiro! pickwick
21
Set04

Generation Buraca

riverfl0w
A ouvir, na voz de João Vaz

O meu blog dava um programa de rádio - Rádio Comercial

 

Devia andar eu lá pelo 8º ano de escolaridade, na escola, obviamente, quando apanhei pela primeira vez o termo “generation gap”. Se não era assim, era qualquer coisa parecida, ou pelo menos que soava a isto. Era um texto da disciplina de inglês. A professora era feia que nem uma bruxa encardida e carregava na pronúncia inglesa ao ponto do ridículo. Na altura, o termo apanhou-me como quando uma prisão de ventre apanha uma pessoa. Hoje, volvidos alguns anitos sobre este primeiro encontro, divirto-me a relembrar as “buracas” todas que se me têm cruzado ao longo da vida. Não é fácil não entrar no jogo. Presumo que seja uma tendência natural. Tão natural como escolhermos um clube de futebol. O ser humano tem uma tendência absurda para se associar a uma facção e esfaquear o inimigo para a defender. Ou tão só para que a sua facção erga a bandeira num morro mais alto. Como em todo lado há facções, sejam clubes, partidos, sexos, licores ou tipos de roupa interior, nas idades elas também estão presentes. Tinha que ser! Os mais novos exaltam-se em críticas aos mais velhos, atribuem-lhes características ao bom estilo dos moradores dos sarcófagos, e abanam a cabeça aos seus discursos que entretanto entram por um ouvido e saem pelo outro. Os mais velhos, soltam raios e coriscos aos “putos”, riem-se da sua falta de experiência de vida, gozam com a sua hipotética falta de maturidade e não os levam a sério. Todos se esquecem, contudo, que os que já não são, já o foram, e os que ainda não são, hão-de lá chegar. Fazem lembrar o estúpido passar dos comboios na linha: umas carruagens chegam sempre primeiro à estação, mas acabam por chegar todas e pouca diferença faz quem chegou depois de quem. Urso é o passageiro que grita que chegou primeiro e palhaço o que se ri do urso. Neste circo que é a vida. pickwick
29
Ago04

Quiche Lorraine

riverfl0w
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É impressionante como temos preguiça de cozinhar quando estamos sozinhos. Impressionante. Refeições para mim são actos de confraternização, aquele momento que se conversa, saboreia a comida, tem-se contacto com as pessoas. Tenho gosto pela culinária, adoro cozinhar, tentar novas receitas, inventar outras. Mas aqui sozinho tenho tido preguiça até de molhar uns cereais em leite. Aliás, isso é tudo o que eu tenho comido ultimamente.

Estava agora mesmo embrenhado no congelador, há procura de qualquer coisa que pudesse aquecer e trincar num instante. Encontrei-a na segunda gaveta: Quiche Lorraine - Surgelée - Aux lardons fumés.
Que é como quem diz, no bacoquismo da tradução... Tarte de Lorena - Ultracongelada - Com toucinho fumado.
Mas assim, em francês, lembrou-me de imediato a Páscoa em Paris, há alguns anos atrás, onde me fascinava o modo como a minha tia pronunciava o nome do prato. Já eu não me saía melhor que um "Kixe Lorréne", bem aportuguesado. É em nome dessas memórias de Paris, e do enjoo dos cereais, que a minha Kixe Lorréne acabou de entrar no forno. Um prato de sonoridade apetitosa em contraposição ao ordinário Muesli. riverfl0w

29
Jul04

O spiderman fez-me chorar... quase…

riverfl0w
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Há momentos em que um homem deve despir-se de preconceitos e enfrentar as luzes. Eu, decididamente, prefiro aqueles momentos em que um homem se despe para enfrentar a penumbra de um quarto onde, perfumando o ambiente, uma cama alberga o corpo ansioso de uma diva. Isso sim, é que é de valor. Na falta disso, bom, pode despir-se dessa cena dos preconceitos e… enfim… Por isso, aqui estou. Preparado para ser crucificado após as revelações que se seguem. Então, consta-se que, outro dia, após um mui bem regado jantar, fui ao cinema para ver algo. Tipo o anúncio do Ambrósio e da Senhora. Apetecia-me algo. Acontece que as horas passaram, em cima do farto manjar, e a sessão cinéfila transformou-se na sessão da meia-noite-e-troca-o-passo. Ora, como é do conhecimento geral, o sono e o tinto são compinchas inseparáveis, à excepção daqueles momentos em que se separam, claro. Eis-me, pois, num esforço supremo para manter o equilíbrio, às portas do cinema com N filmes e outras tantas salas para escolher. O leque é irritante. É só porcarias. A única coisa que soa a conhecido é mesmo o filmezão do homem aranha. O dois. Bem, a verdade é que àquela hora, só sobrava mesmo aquele belo exemplar. E lá fui. Entrei, sentei e vi. Não me recordo muito bem da estória, se é que havia uma, nem dos saltos do tipo sempre dependurado numa teia nojenta. O que me recordo, sim, foi de fazer outro esforço supremo, desta feita para conter as lágrimas. É escusado tentar lembrar a que propósito foram as lágrimas. Se calhar não tinham nada a ver com o filme, ou talvez sim, ou talvez morangos com chantili. Vai-se lá saber. Mas o que é certo, é que foi um belo momento de fraqueza que esteve na origem desta atitude pouco máscula e dignificante. Só podia. Palpita-me que tem algo a ver com mulheres. Se era a avozinha do Pedro, ou a candidata a namorada insatisfeita do Pedro com beiço de carapau, ou alguma mulher por quem eu possa estar inevitavelmente apaixonado sem o saber, não sei. Mas, caramba!... Um gajo só chora por causa de duas coisas: ou uma cebola ou uma mulher. pickwick
04
Jun04

É na boa

riverfl0w
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Vim agora de um teatro. Ao meio-dia é uma boa hora para vir de um teatro. E, sendo meio-dia, a probabilidade de ter sido um teatro de temática erótica é reduzidíssima. Mas não nula. E não foi. O tema era ambiente. Acho eu. Não percebi muito bem. Foi tudo tão rápido que nem cheguei a entrar na onda. Mas tinha árvores e rios e uma “fumarola” e um monstro da poluição e mais não sei o quê, acho que um gato e um rato, o gato era o apresentador e falava "axim” e o rato escondeu-se atrás de uma árvore ou de um girassol, que também não percebi bem o que era. Era um teatro infantil. Infantil no sentido em que os actores eram criancinhas. Acho que indivíduos entre os 10 e os 12 anos ainda podem ser chamados criancinhas. Espero que sim. Alguns bastante talentosos, ao ponto de eu ficar pasmado. A mensagem da peça também não entendi muito bem. Pouco antes do almoço as coisas do mundo tornam-se menos perceptíveis. É normal. A assistência também não sei se captou bem a mensagem, se é que havia uma. Reparei que vibraram electricamente quando o rio, as árvores e mais não sei quem, atiraram o monstro da poluição ao chão e lhe chegaram a roupa ao pêlo. Na assistência já havia gente de pé com os olhos a saltarem fora das covas, completamente absorvidos pela cena de pancadaria. Até podia ser a Madre Teresa de Calcutá a vítima, que não interessaria. Pancada é pancada! Mas foi o monstro a vítima, atrozmente espancado até à morte. Explodiram as palmas de entusiasmo. Alegria. Júbilo. Felicidade. Ehhh!... Vitória!... Enfim. Não pude deixar de reparar na forma atabalhoada como o show foi apresentado. Por certo que houve ensaios, mas ainda mais certo foi terem sido ensaios-repartidos. Como as férias. Ensaio do conjunto, incluindo actores, música e projecção de imagens, isso é que nunca se fez. Bastou ver as atribulações da execução: era o micro sem fios que ninguém se lembrou de ligar, era o ruído no som, eram as músicas nos tempos errados, eram as imagens trocadas, eram os gestos de correcção de tudo e mais alguma coisa, enfim, uma vergonha. Mas... é na boa. As criancinhas, que daqui por 20 anos estarão no mercado de trabalho liderando e sendo liderados, produzindo e gozando, habituam-se desde pequeninas a participar em processos conduzidos em cima do joelho, sem cuidados mínimos de exigência, com falhas facilmente evitáveis com um pouco mais de preparação e ensaio, terminando sempre, mas sempre!, com aquele ar generalizado de que “é na boa”. Os mais velhos exibem esse ar, e eles seguem-lhes as pegadas. Se a ponte cair, é na boa. Se a máquina falhar, é na boa. Se faltar alguma coisa, é na boa. Se correr mal, é na boa. Se levassem com um cacto vistoso entre as nádegas cada vez que pensam assim, a ver se não entrava tudo nos eixos. Vota lista C. “C” de cacto. pickwick