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Arautos do Estendal

Ela, do alto das suas esbeltas e intrigantes pernas, veio caminhando quintal abaixo até ao estendal, dependurando a toalha onde, minutos antes, tinha limpo as últimas gotas de água. O Arauto viu, porque o Arauto estava lá. E tocou a trombeta.

Ela, do alto das suas esbeltas e intrigantes pernas, veio caminhando quintal abaixo até ao estendal, dependurando a toalha onde, minutos antes, tinha limpo as últimas gotas de água. O Arauto viu, porque o Arauto estava lá. E tocou a trombeta.

Arautos do Estendal

19
Jun08

Sacana da Paula

pickwick

A Paula (nome de código) é uma miúda porreira, lá do trabalho, com quem eu simpatizo e por quem tenho bastante estima, acrescendo de forma positiva o facto de ser bem apetrechada frontalmente, pese embora a falta de sintonia e estética abaixo do umbigo. A propósito da ida do parque mencionado no post anterior, mostrei-me completamente renitente em participar na coisa. Ela insistiu, ah e tal, anda lá, deixa-te de fitas, não sei quê da piscina, blá blá blá, deixa-te disso e tal. E eu respondia, que não, que não gosto de más companhias.

 
É que, entre o magote de gente, iria uma das peruas – ainda por cima, a mor – que me têm deixado o sistema nervoso infestado de pulgas ao longo deste ano de iniciação ao patronato. Confesso que é daquelas pessoas a quem eu partiria o pescoço com o maior das descontracções. Tem focinho de pintassilgo, ombros estreitos tipo canguru, e umas nádegas da largura do Mississipi. Ah, e também tem graves problemas de memória. Bom. Eu, que já não gosto de patuscadas de âmbito profissional, ainda menos gosto quando me apetece partir o pescoço a um dos participantes.
 
A Paula, que é boa rapariga, lá insistiu, e tal, que não sei quê depois das boleias para voltarmos todos porque não sei quem ia para não sei onde e tal e coisa. Quando dei por isso, já estava entalado ao volante do carro com nove frangos assados atrás do banco e um fedor a molho barato por todo o lado.
 
Dada a dimensão do magote, quase que não dei pela perua, o que me permitiu esfrangalhar com gosto as coxas e peitos de frango. E assim foi durante o resto da tarde, inclusive dentro da piscina. Aliás, neste ambiente aquático azulado, a minha atenção estava completamente focalizada no controlo e fiscalização de fraudes, pelo que quase não dei por ela. Vá, minto. Dei uma vez, quando saiu para fora de água e mostrou aquele corpo foleiro e disforme. Um nojo. Adiante.
 
Quando eu pensava que a tarde até ia acabar bem, chegou a hora do regresso. Ah e tal das boleias, fulanos vão com sicranos, A e B vão com C, etc. Ainda não consegui perceber se a Paula fez de propósito para se vingar das minhas iniciais reticências à participação no evento… mas, com tanto carro e tantas boleias, acabei com a perua sentada no banco do morto no meu carro! No meu carro, carago! No banco de trás ia a ruiva, uma colega simpática, que se deve ter divertido à brava com o esquema. Aliás, lá atrás devia dar para ver bem a espuma a sair-me pelo couro cabeludo. Não descansei enquanto o silêncio não se abateu naquele espaço apertado entre quatro portas. Raios me partam a sorte!
 
Uns bons minutos depois de termos regressado todos à instituição, um grupinho de colegas fêmeas divertia-se a relembrar a situação. Parece que seguiam num carro uns metros atrás, onde reinava a galhofa às custas da minha triste sina… sacana da Paula… amanhã faço-lhe a folha… pickwick
13
Set07

Sacanas das peruas

pickwick
Isto de estar no patronato é um verdadeiro teste à paciência. O patrão Zé hoje andava todo agoniado, logo desde o princípio do dia. Aproximava-se a primeira reunião com os chefes de departamentos e mais uns quantos prendados com assento. Regresso de férias, ah e tal, boa altura para medir forças. As peruas, infatigáveis fãs do ex-patrão, resolveram chatear toda a gente. A mim, não chatearam porque eu não tinha assento na reunião. Mas chatearam o patrão Zé e quase toda a gente. Discursaram sobre assuntos nos quais não estavam abonadas de conhecimentos de causa, exigiram coisas a que não têm direito, bloquearam a aprovação de documentos importantes e com isso conseguiram emperrar o normal funcionamento da instituição, falaram, falaram, falaram, enervaram, despejaram. Ah pois é, que a cultura delas não é suficiente para discursaram sobre alguns temas, pelo que, obviamente, foram injectadas pelo ex-patrão com alguma dose de naftalina com aroma a peru. Cometeram o vil acto de apoquentar o patrão Zé, o que é muito feio e não lhes fica nada bem. Tanto não lhes fica bem que até a Claudinha, no final da reunião, veio ter connosco, relembrou o facto de nas eleições ter estado do lado do ex-patrão mas que, agora, isso era para esquecer e fazer avançar o barco que é de todos, mostrando-se muito surpreendida com a atitude das peruas. É o que se chama separar o trigo do joio. Ou, em linguagem mais apropriada, separar o pastel de nata dos dejectos. São umas sacanas, é o que é. Se, por um lado, dá vontade de bater nelas com toda a gana e espetar-lhes com uns bancos de arraial no meio das beiças, por outro lado, torna-se divertido ajustar contas com outras armas, menos exibicionistas e mais eficazes. Enxovalhar e humilhar delicadamente ainda constituem uns belos métodos para ajustar contas. Com dignidade, pois claro. E jeitinho. Um supositório de nitroglicerina, contudo, resolveria todos os problemas, mas, infelizmente, não sei quê, sociedade, civilização, blá, blá, blá… Por falar em civilização, estou agora a lembrar-me que os dias de ontem e hoje foram muito estranhos. E, quando falo em “muito estranhos”, estou a falar de saias e maminhas. Começo pelas maminhas. A minha fã número um apresentou-se ontem com um decote tão profundo, tão profundo, mas tão profundo, que quase dava para ver o rabo a um chinoca do outro lado do planeta. Quase. Na realidade, o que dava para ver eram duas bolas apetitosas de pele bronzeada. Tal aparição obrigou-me a reflectir cuidadosamente sobre o local onde a levar a jantar fora. Não se vai com uma mulher jeitosa com metade das mamas de fora a jantar a qualquer lado, certo? Há que pensar na clientela, em possíveis encontros imediatos, na reputação, enfim, pormenores. Maminhas à parte, ontem e hoje foram dias misteriosos no que toca a saias. Ontem, foi a Paulinha, que se apresentou com uma saia pelo joelho, discreta, selecta, séria, sóbria. A determinada altura do dia, apareceu no gabinete do patronado, para perguntar qualquer coisa, e, tardando a resposta, não esteve para meias medidas: meteu a mão entre as pernas, subiu por ali a cima, e pareceu ajeitar qualquer coisa dez centímetros abaixo das virilhas. O patrão Zé, acho que não topou nada, tão concentrado que estava entre o computador e a resposta que iria dar à pergunta da rapariga. Eu, sempre atento, topei tudo. Mas não percebi nada. Será que estava com o período e estava a ajeitar as abas do seu pensinho em forma de pizza familiar extra-queijo? Hoje, outra colega – que agora não consigo recordar quem era – voltou a repetir exactamente a mesma coisa, desta feita noutra divisão do edifício, e na presença de poucas pessoas. Mas qual é o problema? Está calor debaixo da saia? Esqueceram-se do ventilador? Bom, o facto curioso sobre a saia da Paulinha, é a sua capacidade de mutação. Eu explico. À hora do almoço, juntámo-nos uns quantos para tentar abater um pouco nos restos de comida da orgia do outro dia. A Paulinha, certamente acalorada, sentou-se no sofá à minha frente, em amena cavaqueira comigo e com outra colega. A saia discreta e pelo joelho, transformou-se numa curtíssima mini-saia, arregaçada até às ancas, de tal maneira estava a rapariga esparramada no sofá, pernas cruzadas, ah e tal, calor, à vontade, não sei quê. Não lhe fica bem estes preparos. Não pretendo queixar-me, nem nunca iria chamar-lhe a atenção para se portar com modos, mas, mesmo assim, não posso deixar de reconhecer que não fica nada bem a uma mulher casada e com dois filhos estar para ali, assim, como se estivesse num bordel à espera de um condutor de cisternas. pickwick
10
Jul07

O Gang do Xunga

pickwick
Hoje foi um dia do caraças. Estou aqui capaz de espetar pregos de aço na testa de alguém. Hoje foi dia de grupos de trabalho, para dar oportunidade às pessoas para, de forma organizada, colocarem no papel aquelas ideias que partilham nos corredores. Ah e tal, podia fazer-se assim, podia fazer-se assado, e tal. Pois, foi dada a oportunidade, hoje, com continuação durante o dia de amanhã. O Xunga do ex-patrão, embora não tivesse sido convocado, marcou presença, para poder injectar veneno nas peruas do seu gang. É tudo uma malta com um muito mau perder, desde o Xunga até às peruas, e vice-versa. E, como é costume, que não sabe perder, enfrenta a derrota eleitoral com cara de poucos amigos, com cara-de-pau, com cara-de-pila-de-morcego. Só ao estalo! Foi recompensador verificar que a maior parte das pessoas aproveitou os grupos de trabalho para, de facto, colocarem por escrito, e em equipa, os pensamentos e as ideias que foram tendo nos últimos meses, tudo a bem da instituição e da sua missão. Pessoas motivadas, cheias de energia, entusiasmadas, produtivas. Gostei de ver. Excepto o Gang do Xunga. Que mais se poderia esperar de um gang de gajas liderado por um gajo xunga? Nada mais, pois claro. Uma é gorducha, mal feita e é conhecida internacionalmente por ser lerdinha todos os dias e até quando nem é dia. Outra é sexagenária, mas tem a mania que tem vinte e quatro anos e que está sempre numa festa da Lili Caneças, vestindo-se diariamente a rigor e conduzindo um Opel Tigra amarelo-canário. Outra é casada, mas desde há muitos anos dá umas baldas ao ex-patrão, o Xunga, sendo-lhe conhecida uma famosa queca num pinhal das redondezas, no interior de um conhecido BMW. Outra é neurótica, já se tentou suicidar, toma comprimidos anti-qualquer-coisa e engordou brutalmente nos últimos meses, tal como já dei conta neste blog; o marido é veterinário e bem que lhe podia injectar umas doses de urina de pato para ver se ela acalmava. Depois, anda o gang lá pelos cantos, a tecerem planos maquiavélicos, a roerem-se com ameaças mal esboçadas e feitiços fatais que não têm coragem de concretizar. O Xunga a injectá-las com veneno e elas a reagirem como fiéis canídeos. Ladrem! Au, au, au, dizem elas. Vitelas do caraças! A sexagenária parece mais um cadáver de mula do que uma vitela, mas isso agora são pormenores. Amanhã será outro dia. A dose final será no final, em plenário, oportunidade excelente para se lançarem petardos e peidos mal cheirosos para o meio da plateia. Não bastasse os maus fígados dos membros do gang e as respectivas mentes distorcidas pela parvoíce, o pessoal não percebeu o que é um dia de trabalho em grupos. Tentei ser claro: jornadas de trabalho para dois dias, divididas em quatro blocos; uma manhã, uma tarde, outra manhã, e outra tarde; N grupos de trabalho, distribuídos pelos quatro blocos, sendo que o pessoal se inscrevia nos grupos. Depreendia-se, pensava eu, que as pessoas estariam ocupadas durante os dois dias, certo? Mas, umas mentes brilhantes entenderam que só se inscreviam num grupo de trabalho do segundo dia, pelo o resto do tempo podiam ir alourar as pilas e as passarecas. Mongos! Cérebros de minhoca! Três bufardas em cada um, era o mínimo. Enfim. Anda um gajo a organizar coisas para depois desligarem o tradutor de português-português. No fim do dia, depois de umas peripécias protagonizadas pelo gang, comentava a Rosinha (sexagenária também) entre amigos: ah e tal, o que vale é que o (eu) é uma pessoa muito calma… Pois sim, pensei eu para com os meus botões. Se ela soubesse o pouco que faltou para me saltar a tampa e arrancar as cadeiras do auditório e fazê-las engolir às peruas do gang e enfiar o projector de vídeo pelas narinas acima do ex-patrão e regá-los a todos com gasolina sem chumbo noventa e cinco e pegar-lhes o fogo e embrulhá-los na tela de projecção e atirá-los do telhado e rasgar-lhes os pneus dos carros e partir-lhes as tíbias com um taco de basebol e arrancar os ovários a elas e pendurar o gajo no tecto preso com fio de pesca por um dos testículos… Coisas assim… Pessoa muito calma, dizia a Rosinha. Está bem. Bom, como se não bastasse isto tudo, o dia teve, ainda, como protagonista falhado, o próprio senhor sol. Querido sol, hoje andaste a vadiar e não vieste cá? Como passei o dia todo enfiado dentro de um edifício, desde as oito e trinta da manhã até às vinte horas, quase que não te via. Contudo, rapidamente descobri que te andavas a baldar, que estavas a falhar, que tinhas ido vadiar para nenhures. E como é que eu soube disso? Simples: o vestuário das minhas colegas, hoje, era abundante! Ou seja, por causa da tua vida de boémia, fiquei privado das poucas coisas que podem animar a vida a um triste como eu dentro daquele edifício. Em face disto, aqui te deixo um apelo: querido sol, amanhã, por favor, apresenta-te a escaldar por volta das nove e meia, hora a que a maior parte das minhas colegas vão sair de casa. Está bem? Obrigado. pickwick