Ela, do alto das suas esbeltas e intrigantes pernas, veio caminhando quintal abaixo até ao estendal, dependurando a toalha onde, minutos antes, tinha limpo as últimas gotas de água. O Arauto viu, porque o Arauto estava lá. E tocou a trombeta.
Ela, do alto das suas esbeltas e intrigantes pernas, veio caminhando quintal abaixo até ao estendal, dependurando a toalha onde, minutos antes, tinha limpo as últimas gotas de água. O Arauto viu, porque o Arauto estava lá. E tocou a trombeta.
Web 2.0, RSS feeds, aggregation tools, tagging, social bookmarking - estes são hoje os termos in da World Wide Web. E pensar que quando nos metemos nesta coisa dos blogues - em meados de 2004 - surgia uma caixinha inócua com a indicação "Escreva aqui o seu texto", onde depositávamos alegremente isto e aquilo. E saber que, à data, Ajax era sinónimo de marca de limpa-vidros ou de um clube de futebol holandês, onde jogou o nosso saudoso Dani. Hoje, no entanto, o Ajax foi promovido a linguagem de programação client-side e o Dani a apresentador de televisão de 3ª categoria. E mais, hoje RSS é o acrónimo de Sindicância Realmente Simples (Really Simple Syndication) – como se um termo que inclui a palavra “sindicância” pudesse efectivamente ser “realmente simples”.
E é neste mundo de areias movediças - onde a tecnologia de ponta de hoje é obsoleta na próxima semana - que os blogs se instalam. Na verdade, estamos actualmente a percorrer o caminho da globalização ultra-personalizada. Acabei de inventar o termo, mas na prática quer dizer que somos todos impelidos a seguir um mesmo caminho – o global – mas temos a 'vantagem' de personalizar esse ‘global’ de modo a que ele se torne unicamente nosso. O mesmo será dizer que somos obrigados a almoçar todos os dias sardinhas em lata, mas em contrapartida podemos escolher a cor da lata e o tipo de metal usado na anilha de abertura. O mesmo será dizer, no caso do nosso blog, que somos obrigados a mudar de servidor sempre o SAPO assim o exige - ainda que nem todos os conteúdos que anteriormente produzimos sejam totalmente compatíveis com o novo servidor (!) – mas ao menos podemos alterar a cor do pixel que está escondido no canto inferior direito da página, porque ele é cinzento-escuro e eu quero que ele seja cinzento-muito-muito-escuro-quase-preto.
Mas enfim, enquanto a paciência não nos faltar cá andaremos, mesmo que nos vejamos obrigados a escrever em Courier New em nome dos Web standards. E já que nos damos ao trabalho de estar a par do estado da arte, pede-se que dêem uso às tags no estendal e incluam o nosso RSS feed (http://arautosdoestendal.blogs.sapo.pt/data/rss) nas vossas ferramentas de agregação. E quem sabe se amanhã serão vocês a despejar jargão informático num post às 4 da manhã. riverfl0w
Este segundo tomo tem o subtítulo Explicadas a quem não percebeu, e a mim também. O paleio inteligente e sugestivo era de facto um paleio divertido. Um rapazola dos seus 20 anos galanteava uma moçoila um pouco mas velha que ele, já muito mulher e senhora do seu nariz, algures num canal de chat. Ela, que é conhecida pela sua simpatia, não estava muito pelos ajustes com o discurso. A bem dizer, ela até o conhecia e sabia bem a linda prenda que ali estava. Independentemente disso, o rapaz desfazia-se em rasgados elogios e palavras muito românticas. Mandava-lhe rosas. Dizia coisas bonitas. Obviamente ele estava na brincadeira. Eu sei que ele até queria que não fosse na brincadeira, mas há que encarar a realidade de frente, e essa não perdoa. Perante o desdém da moçoila, corri em socorro do rapaz, com o argumento vistoso de que no meu tempo as gajas não eram assim. Eu também disse isso na brincadeira. Confesso que não tenho bem a noção se eram ou não eram, ou se as de hoje são ou não são, e isso pouco importa, para ser franco. Mas, entrar em comparações entre o passado e o presente, é sempre meio caminho andado para se dizerem muitas asneiras. Em resumo, dizer que dantes as miúdas gostavam de ouvir palavras bonitas e receber flores, e que as de hoje não, e até acham ridículo se um rapaz vai por esse caminho. Será? Não sei. A questão é que, quando enveredamos pelo caminho da comparação fácil com um passado que vive na nossa imaginação, é provável que estejamos apenas a comparar presenças e ausências. Ou seja, trocado por miúdos (a pedido de alguém), ou temos, ou não temos. Ou temos uma mulher a quem podemos dizer coisas bonitas com cheirinho a romance, ou não temos. E se não temos, é fácil identificar o problema: as gajas dantes não eram assim! Quanto temos, bom, o resto do post também era sobre isso. Ser-se ou tentar ser-se romântico. Até parece que se é intencional. E é-o, de facto. Não se é romântico ficando de papo para o ar a ler o jornal ou de olhos colados na TV. A própria noção de romântico deve ser deixada apenas para ela, que melhor poderá avaliar. Embora romântico e apaixonado sejam uma parelha inseparável. No entanto, quando queremos dar algo, daquele tipo de coisas que não se metem numa caixa, recorremos a uma série de estratégias e malabarismos. Intencionalmente. Sempre intencionalmente. É curioso que, quando falamos em intencional, acende-se sempre o holofote da desconfiança, tornando as intenções sempre de foro maligno. A nossa sociedade ensina-nos a ser assim, desconfiados, pouco crentes e a colocar um gigantesco sinal negativo na palavra intenção. A realidade é que, por mais que digamos que não, tudo o que fazemos é com intenção. Senão, seríamos todos uma cambada de asnos atados uns aos outros pela corda da estupidez. Não dizemos à mulher de quem gostamos adoro-te sem nenhuma intenção. É muito intencional. Muito mesmo! Saltam logo à vista duas intenções muito óbvias, neste exemplo: uma, porque sabemos que ela vai gostar de ouvir, vai ficar contente, vai sorrir, o ego sobe por ali acima, sente-se feliz, e nós ficamos satisfeitos por isso acontecer; outra, porque muitas vezes não conseguimos conter dentro de nós próprios aquilo que sentimos, e temos uma necessidade incrível de soltar cá para fora esse sentimento, dizer a alguém, contar a alguém, e tanto melhor se é precisamente a pessoa por quem sentimos o que sentimos. E todos os gestos que fazemos, todas as frases que dizemos, todos os beijos que damos, pautam-se sempre por estas duas intenções. Sempre intencionalmente. Depois, vem o medo. Claro, esse! O discurso mais fácil é o de remeter tudo para os tempos de hoje, as gajas de hoje e tudo o mais de hoje. Já os gregos faziam o mesmo. O medo está presente nas relações. Sempre. Em maior ou menor dose, por este ou aquele motivo, está lá sempre. Sentir medo é humano. Só os loucos não o sentem. Sentimos medo dos outros, medo da nossa relação e, pior que tudo, sentimos medo de nós próprios. O rapazola do início do post, por certo que pensará duas e mais vezes nas ocasiões futuras que se prestarem ao desenvolvimento daquelas frases bonitos e rosas virtuais. Sentirá medo. Medo de ser ignorado. Medo de se rirem na cara dele. Medo por não ser correspondido na mesma medida. Medo de não ser compreendido. Traumatizado, algum dia decidirá que as mulheres não querem mais ouvir baboseiras nem serem tratadas como princesas de um conto de fadas. Eventualmente, depois dessa decisão, chegará até ele uma que sempre sonhou ser a princesa do conto de fadas de algum príncipe. Tarde demais! Ou talvez não! Enfim, agora que confundi quem não tinha percebido, e que cada vez menos percebo aquilo que escrevo, chegou a hora de meter o ponto final neste derramamento de trocadilhos. pickwick
Quero escrever no Livro Amarelo. O das reclamações. Onde se pode cuspir tudo e nem é preciso guardanapo para limpar os pingos dos beiços. Quero reclamar, agora e já, por causa do maldito Internet Explorer. Faltava um minuto para as doze belas badaladas que marcam o fim de um dia e o princípio de outro, e urgia postar ainda dentro do dia 24. Vinte e quatro! Eis senão quando, vindo da escuridão do maléfico XP, salta uma janelinha perversa, a anunciar a boa nova: um problema com o Internet Explorer e vai encerrar o mesmo e tal. Ora, um gajo não tem como se vingar. Um gajo não tem em quem bater com a cadeira. Um gajo nem tem licença para usar a caçadeira que também não tem. Um gajo assim morde-se todo de raiva e pouco mais pode fazer. Não se admite um post exactamente à meia-noite! Não há consideração, é o que eu acho! Não há! Um minuto mais cedo e não ficava um buraco no dia vinte e quatro, ali no belo do calendário! Ora bolas! pickwick
Seja um livro, ou um filme, ou uma música, há quase sempre um herói que buscamos algures. O príncipe que salva a miúda presa no cimo da torre com um vestido foleiro uma carinha de morrer. O jovem que vence tudo e todos, conquistando o seu lugar ao sol, e ainda por cima traz de brinde uma moçoila toda bem composta. A personagem de uma canção que desperta sonhos, vontades e sentimentos abafados pela monotonia diária, enquanto o vocalista faz saltar artisticamente o micro de uma mão para a outra (não, não é o Marco). É isto que procuramos. O desespero de não sermos nós próprios heróis faz-nos buscá-los noutro lado qualquer, e o que está mesmo à mão são estes produtos da sociedade, que consumimos uns atrás dos outros. Muitas vezes sem peso nem medida, pois já não há pachorra para escolher. Tudo o que vem à rede é toucinho. O curioso, permitam-me o atrevimento, é que chego vezes sem conta à conclusão de que, afinal, o herói é outro. Talvez seja culpa da sociedade, que adultera tudo e todos em favor de sabe-se lá o quê. Não sei. Só sei que me incomoda, que me dá uma sensação de vazio olhar à volta e ver que o herói afinal é outro. Se se trata de um livro, o herói acabará por ser o seu autor, e não a personagem da história, por mais vidas que tenha salvo, por mais miúdas que tenha conquistado, por mais países que tenha conhecido. Fala-se, numa atitude exibicionista da própria cultura, no autor do livro. Personagens? Valores? Pfff isso é completamente irrelevante! Se é um filme, o herói não é a personagem, mas sim o actor. Até porque, verdade seja dita, as pessoas já vão ao cinema em função dos actores e não da história em si. O argumento pode ser uma banhada total, os efeitos idem, mas se o actor é o fulano tal, vamos lá que é um bom filme. E na música a mesma coisa. Não se gosta da canção. Ao princípio até se pode gostar, mas, mais tarde ou mais cedo, o povo verga a mola ao cantor e a canção que se lixe. A canção, a tal que nos faz sonhar, pensar, sorrir, encantar, voar, perde lugar para o vocalista, a banda, o cabelo desgrenhado, as pulgas a saltar entre os pêlos do peito. É uma coisa impressionante, digo eu. Diz-se que se gosta de ler Saramago, de ver Spielberg e de ouvir Queen, assim com um ar tão culto, são sabedor, tão jet-set, tão superior, que ultrapassa em atropelo a simplicidade de se gostar de ler Levantado do Chão, ver E.T. ou ouvir Bohemian Rhapsody. A nossa sorte, a salvação da pátria, o último baluarte da verdadeira simplicidade da apreciação, está na Internet. Gosta-se de Internet, sim, mas aqui não há culto que nos valha. O herói, somos sempre nós. Nós navegamos, nós comunicamos, nós mandamos emails, nós vemos sites, nós falamos no Msn, nós fazemos downloads, nós arranjamos amigos, nós somos os maiores. Chegou a nossa era! Estamos safos! pickwick
Excerto real de uma conversa entre riverfl0w e pickwick, há cerca de 5 minutos atrás:
riverfl0w - Fui verificar como é que as pessoas vinham parar ao nosso blog. Para além de links noutros blogs, houve quem procurasse no Sapo e no Google por: "show pinheiros lacrau" "duracell falso" "mini filmes de salsa" "defeitos do fiat punto" "processos do fiambre" "propaganda pilhas duracell" e...o melhor "imagens chocantes de gajas" pickwick - Isso merece um post, ó pá! riverfl0w - Pois merece. pickwick - Chocantes? Gajas??? Muahahahahha! A parte das gajas é culpa minha, só pode! riverfl0w - Só? Lacrau é teu, duracell também é teu, tens lá num texto. pickwick - Poxa! riverfl0w - Salsa, é teu, quando falas de comida... pickwick - (envergonhado) riverfl0w - Fiat Punto é teu, fiambre é teu, duracell de novo, e gajas. É tudo teu.... l0l pickwick - Sinto-me mal, sou um atractor de disparates. riverfl0w - Vá, agora tens de pedir desculpa aos leitores. pickwick - Pedir desculpa? riverfl0w - Sim, por teres feito publicidade enganosa, ou qualquer coisa do género. pickwick - Poxa! Preciso de um buraco onde me meter... mas recuso-me a sentir-me culpado. A culpa é do google. Do google... e das gajas... sacanas! Eu só queria desabafar o atrofio diário em que me colocam as mulheres bafientas deste mundo reboludo! riverfl0w - l0l! É pedir desculpa com piada, não é pedir desculpa a sério! Quero lá saber que eles se enganem! pickwick - Isso, gosto da atitude. Que se lixem! Então é pedir desculpas a fingir? riverfl0w - Claro! pickwick - Gosto da ideia! Tipo... pedimos desculpas pelo inconveniente... o espectáculo regressa dentro de segundos. Hum... nã, não me parece. riverfl0w - Tipo... aos estimados leitores que vieram aqui parar por portas travessas... pickwick - ahhhhhhhhhhhhhhhhh! Travessas? Não me fales em comida! riverfl0w - Pedimos desculpa pelo falso alarme, mas... não vendemos pilhas Duracell. pickwick - Poxa, esquece isso, não vou pedir desculpa! Também já fui parar a um site com a Anatomia do Porco quando estava à procura da receita de Lombo de porco assado com batatas, e ninguém me pediu desculpa!
Descobri há pouco tempo este delicioso portal satírico. É de uma genialidade mordaz, que não se via em Portugal desde o aparecimento do Contra-Informação. São donos de um absurdo que faz todo o sentido, que está só ao alcance dos melhores criativos. Para começar, e para os que se interessam por estes temas, sugiro a sarcástica abordagem que os autores fizeram aos partidos candidatos às eleições europeias.
A Grilinha pegou-me esta mania de testar tudo e mais alguma coisa... fica aqui a referência para aumentar o ego em dias que corram menos bem. riverfl0w
Há algum tempo, a dupla Markl & Ribeiro, da Best Rock FM, anunciava ter descoberto o enorme potencial do Serviço de Mensagens Escritas da PT. Diziam que aquele era em potência o serviço de chamadas eróticas dos pobres por um custo bastante mais reduzido, com bastante piada. Podem ouvi-los aqui (5:29):
Pois bem. Porque os Arautos do Estendal nunca param quietos, e têm sempre um olho no estendal e outro nas pessoas que passam, conseguimos fazer melhor. Descobrimos a Amália! Decote ousado, lábios levemente pintados, olhos verde-penetrante que nos acompanham a cada segundo e um penteado que revela alguma vaidade. Pela descrição, podia bem tratar-se de uma lapdancer Mas não. É apresentadora poliglota de Serviços Informativos. De palato nitidamente luso, embora de sotaque um pouco maquinal, ela é a verdadeira coqueluche da robótica falante.
Podia, num rasgo de lascividade, pô-la a ler uma qualquer rubrica sexual da Maria ou da Ana, mas seria injusto com aquele trejeito tão angelical. Nada melhor, portanto, que premiar todos os acidentais leitores deste blog com um excerto do nosso grande Camões:
Instruções:As armas e os barões assinalados, Que da ocidental praia Lusitana, Por mares nunca dantes navegados, Passaram ainda além da Taprobana, Em perigos e guerras esforçados, Mais do que prometia a força humana, E entre gente remota edificaram Novo Reino, que tanto sublimaram. E também as memórias gloriosas Daqueles Reis, que foram dilatando A Fé, o Império, E as terras viciosas De África e de Ásia andaram devastando. E aqueles que por obras valerosas Se vão da lei da Morte libertando; Cantando espalharei por toda a parte, Se a tanto me ajudar o engenho e arte. Luiz Vaz de Camões
Seleccionem a língua portuguesa, e a voz da Amália.
Copiem o texto transcrito abaixo e colem na caixa "Enter text"
Primam Say it!
Esperem alguns segundos.
Deliciem-se!
Queria, antes de me despedir, apelar à vossa moralidade. Apesar de ser tentador, esforcem-se por não usar a Amália para fins mais libidinosos. O namorado dela pode ser grande. Tenho dito! riverfl0w
Aprendi hoje num dos urinóis da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa que "A maior parte das pessoas decora os links publicitados na casa de banho". Espero que o Arautos do Estendal não passe despercebido no meio dos vinte engraçadinhos que resolveram dar o seu contributo. riverfl0w