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Arautos do Estendal

Ela, do alto das suas esbeltas e intrigantes pernas, veio caminhando quintal abaixo até ao estendal, dependurando a toalha onde, minutos antes, tinha limpo as últimas gotas de água. O Arauto viu, porque o Arauto estava lá. E tocou a trombeta.

Ela, do alto das suas esbeltas e intrigantes pernas, veio caminhando quintal abaixo até ao estendal, dependurando a toalha onde, minutos antes, tinha limpo as últimas gotas de água. O Arauto viu, porque o Arauto estava lá. E tocou a trombeta.

Arautos do Estendal

17
Mai12

Fofo

pickwick

Era domingo de Páscoa e a família estava reunida à mesa. Dando uso aos meus dotes no manejo de lâminas, comecei por apurar o gume da faca com umas passagens milimetricamente calculadas no fuzil*, em grande estilo. Seguiu-se o trinchar da carne de borrego, o empratamento, a abertura do tinto, etc.

 

A determinada altura, e não me recordo bem a propósito de quê, a minha mãezinha lembrou-se de referir um marco da história familiar, ocorrida em África, cerca de uma década antes de o meu irmãozinho vir ao mundo. Contou ela que, durante os meus primeiros três anos de vida, poucas ou nenhumas eram as pessoas que me tratavam pelo nome. Para o povo que convivia com a minha família, eu era, simplesmente, o “fofo”. Ah e tal, eras tão loirinho, de olhinho azul, tão giro, tão fofo… e o meu irmãozinho, que desconhecia a coisa, já tinha quase um naco de borrego a sair-lhe pelas narinas à custa de umas quase animalescas gargalhadas que fez questão de soltar, qual rebentamento de fogo de artifício. A minha mãezinha ria-se, deliciada por o filho mais novo estar a apreciar tanto uma estória familiar com quatro décadas.

 

Podia ser fofo, mas foi por essa altura que me estreei na arte de beber cerveja até cambalear, e na condução desportiva – o meu paizinho consegui filmar-me a conduzir o carro da família, sozinho e sorridente, terminando o filme com a viatura enfeixada numa árvore.

 

A partir de uma certa idade, devo ter começado a exibir um olhar entre o aluado e o perigoso, e os amigos da família deixaram de me chamar fofo. Ainda bem. Todo o gajo tem que ter um ponto de partida para começar a construir uma reputação. Ou não. pickwick

 

* No sábado passado fui almoçar com a minha mãezinha. Ela, querendo exibir um incremento de conhecimentos técnicos, atreveu-se a tentar afiar uma faca com o fuzil. Foi o suficiente para eu quase entrar em pânico! Aqueles movimentos foram de tal forma, que, por momentos, antevi um golpe no braço, outro barriga e dois nos cortinados! Num gesto instantâneo, embora sereno e suave, sosseguei-lhe a mão, ilustrando o movimento correcto de vaivém da lâmina. Foi o mesmo que querer ensinar um crocodilo engasgado com um naco de gazela a movimentar-se delicadamente numa mesa de um qualquer casamento. Mas o arroz de favas estava divinal!...

09
Set11

Campismo – parte 1 – a decadência

pickwick

Conforme planeado, no último fim-de-semana de Agosto houve acampamento saudosista para o tal grupo de amigos de há duas décadas atrás, algures no norte alentejano. Duas tendas, um jipe UMM engenhosamente convertido em autocaravana, e uma verdadeira autocaravana xpto. Bom, uma das tendas não devia contar por inteiro, porque era daquelas que se transportam num disco e se atiram ao ar e montam-se sozinhas antes de caírem no chão e não me conformo com a falta de tradicionalismo.

 

Obviamente, tudo sinais de grande decadência. Aquilo que fomos e aquilo em que estamos transformados hoje. Exceptuando eu, claro, que me apresentei quase irrepreensivelmente, montando manual e pacientemente uma bonita tenda com um generoso avançado. A parte do irrepreensível falha apenas num pequeno detalhe: usei, só para mim, duas colchonetes e um daqueles colchões insufláveis de2 cmde espessura. Não é por já não ter corpinho para dormir no chão duro da natureza; na verdade, é porque, com três camadas de conforto, fica-se com a sensação de que se está a dormir num colchão de água, o que “cheira” logo a intensas relações carnais, “odor” que combina com as dezenas de biquínis que fui obrigado a suportar na vista.

 

A primeira noite, correu lindamente. Da última vez que tinha estado acampado com o Zequinha, já lá vão uns três anos, as coisas também tinham corrido lindamente. Começámos por beber um tinto apetitoso para acompanhar uma chouriça assada, depois passámos para a cerveja porque era verão e ficava bem, a seguir para ajudar à digestão foi uma aguardente de pêra, porque era verão mais umas cervejolas, porque ah e tal bota um licor de uva, verão cerveja, aguardente, cerveja, verão, licor, saco-cama, cerveja, licor, Gregório, cerveja, etc., até chegar o resto da malta toda, já de manhã alta, com as esposas e criancinhas e nós que mal nos segurávamos de pé e as garrafas vazias todas espalhadas pelo chão e enfim.

 

Desta vez, combinei com o Zequinha que ah e tal é só cerveja porque é verão, ok? Ok, disse ele, bebemos umas cervejolas, fomos jantar, mais umas cervejolas, começaram a chegar mais uns amigos, esposas, crianças, beijinhos, abraços, etc. Estávamos nesta alegria, e o Zequinha aparece com um café e um uísque: ah e tal, para ajudar à digestão. Um uísque? Bota abaixo, que em cima do jantar dilui-se logo. Entretanto, chegou o dono do jipe, abraço, beijinho, e o Zequinha aparece com mais um uísque para todos. Outro uísque? Ah e tal, por causa da digestão. Depois fomos brincar às autocaravanas e aos jipes armados em autocaravanas, bebemos mais umas cervejolas, e desejo, do fundo do coração, que depois disso não tenha acontecido nada de extraordinário. Porque não me lembro de me ter deitado, embora tenha acordado deitado. Tenho umas visões muito vagas da minha pessoa – ou o que restava dela – a correr para os pinheiros mais sombrios do parque de campismo, durante a noite, para os regar com qualquer coisinha, ora de cima, ora de baixo. Pelos vistos, terá havido uma vez em que nem consegui sair da tenda e… bom… o avançado da tenda é muito versátil… cof cof cof…

 

Dia seguinte, serenidade nas tropas. Mulheres, crianças, sopinhas, iogurtes, colheres à boca, fá fá fá, fé fé fé. Entretanto, como ninguém estava capaz de dormir a sesta, o dono do jipe teve uma ideia luminosa: ah e tal, vamos de jipe explorar as margens da barragem! Mas só os homens, ok? Ou seja, quatro gajos num jipe transformado em autocaravana, pesado q.b., sem uma única costela de prudência feminina que pudesse arrepiar-nos de ideias tolas. Poucos minutos mais tarde – incrivelmente, não foram precisos muitos -, estávamos com o jipe perigosamente inclinado, com as duas rodas do lado direito atoladas dentro das águas da barragem. Eu, que ia entretido a filmar a passeata, dei por mim sozinho dentro do jipe, de máquina na mão, com a malta lá fora de mãos na cabeça e a esbracejarem que nem uns perdidos (até levaram as carteiras e os telemóveis, os malandros!). Nem me atrevi a mexer um dedo, não fosse a porta do meu lado abrir-se de surpresa e eu cair directo nas águas da barragem, tal era a inclinação do bicho. Longos minutos depois, achei que seria boa ideia sair pela porta do condutor, até porque ele queria entrar e experimentar umas manobras. Bem, depois nos pendurarmos todos (mais uns mirones que entretanto apareceram para testemunhar um eventual naufrágio) do lado esquerdo do jipe, para ele não tombar enquanto o condutor metia o motor a “dar o litro”, lá saímos daquela triste figura. Voltámos ao trilho de onde tínhamos saído? Não, claro que não. Mal escapámos daquela embrulhada e já estávamos metidos dentro do mato, satisfeitos que nem uns putos que acabaram de escapar a meia dúzia de tiros de caçadeira depois de roubarem maçãs numa quinta. Mais uns metros e estávamos dentro de uma pseudo-urbanização, tipo condomínio privadíssimo de moradias pseudo-luxuosas, cujo segurança ficou surpreendido quando nos viu aparecer ao portão, mas vindos do lado de dentro. Só depois de apontar a matrícula é que nos deixou passar, o safado. Enfim.

 

À noite, já sem a adrenalina do jipe, e sob o olhar apreensivo das mulheres, fomos experimentar um fogão que mandei vir da Holanda, que consome apenas mini-lenha e o gás produzido pela combustão dessa lenha. Uma coisa muito à frente, dupla combustão, ah e tal, do tamanho de uma lata de fruta em calda. Infelizmente, o Zequinha desde pequeno que tem um problema crónico com fogueiras, daí que o fogão very-light e muito high-tech se tenha transformado num simples bidão para queimar lenha e fazer monstruosas labaredas. A coisa tomou tal proporção, que, lá para a meia-noite, o vizinho do lado veio retirar o seu “jet ski” de perto de nós, só para o caso de ah e tal. pickwick

05
Fev11

O triunfo dos cintos

pickwick

A sexta-feira é um daqueles dias em que o que se faz está excessivamente dependente do estado de espírito momentâneo. E assim foi, na pretérita. Isto é, na última. Ontem, vá.

 

Fraquejando ao desafio da boémia, sacudi as rodas do bólide azul para cima do asfalto da A25, a caminho de Aveiro. Destino: uma farra caseira, em casa do Nando, só para amigos bem humorados e pouco esquisitos. À entrada de Aveiro, tive o cuidado de parar num hiper-mercado para fazer umas compras estratégicas: queijo, cerveja e um pacote de fatias de presunto! Porque, a bem dizer, um gajo tem que se prevenir atempadamente, quando se avizinha uma patuscada em que a ementa é – no forno - um carapau de 32 centímetros, alapado em meia dúzia de pobres batatinhas! Carapau para os amigos, portanto, e presunto de qualidade para mim. Isto não costuma deixar dúvidas. Muita cerveja, por causa da desidratação. Mas, muita mesmo! Uma caneca de aguardente de zimbro e um charuto entupido, deram o mote para a chegada prematura do sono, e nem umas cenas de pancadaria com o Steven Seagal conseguiram vencer o peso diabólico das pestanas.

 

E onde entram os cintos? Em lado algum!

 

Hoje, que é sábado, por enquanto, acordei com aquele ambiente cerebral de quem tem um carapau a nadar no líquido cefalorraquidiano (ide ver o que é, ide). Demasiado sol na rua, demasiado barulho na rua (apesar do silêncio quase de cemitério), demasiado tudo. Depois de comprar meio quilo de ovos moles para uma sobremesa mais à frente, fui até a uma loja TuttiPromo algures. Gajo que ande a brincar aos viveiros florestais, como é o meu caso, tem que se abastecer convenientemente.

 

À saída da loja, ia-me dando uma coisa ruim. Do outro lado da rua, numa casa de pasto chamada “Pizzarte” (ena pá!, acho que já existe há uns vinte anos), o que é que eu vi? Uma mocinha, com ar de quem tem 27 anos, a passar a esfregona pelo chão, antes da clientela para o almoço. Ora, uma regra (ou boa prática) conservadorista, dita que não é conveniente passar a esfregona no chão quando se tem mais de 1,40m de altura e se está com decote. É uma questão angular, simplesmente. Regra não observada pela mocinha, para gáudio deste infeliz ressacado, de beiça caída perante aquela aparição matinal tão saborosa. A coisa foi de tal ordem, que, se bem me lembro, ainda levei para cima de vinte segundos para conseguir encaixar o cinto de segurança e dar à chave.

 

E onde entram os cintos? Em lado algum! pickwick 

29
Jan11

A decadência do império

pickwick

À semelhança de anos anteriores e mantendo uma tradição com mais de uma década, a passagem de ano 2010-2011 foi protagonizada na Serra da Estrela. Isto dito assim, até parece que costumo alugar uma cabana encravada numa encosta serrana, com todas as condições conseguidas pela civilização: frigorífico para o champanhe, banho quente com hidromassagem, sofás, TV plasma com acesso via satélite, cozinha equipada, aquecimento central, lareira (para a fotografia), isolamento térmico, janelas com vidros duplos, alpendre para apreciar o pôr-do-sol, cagadeira da Roca, micro-ondas, forno típico a lenha, lava-loiças com água quente, e por aí fora. Ou não.

 

Bom, a verdade é que, por uma questão de tradição, a cabana foi apenas um toldo de plástico. A 1700 metros de altitude.

 

Há pequenos sinais que indicam a proximidade da “decadência do império”. Nesta passagem de ano, em particular, abundaram os sinais!

 

1. Começou logo com uma travessia atribulada de um ribeiro de água fresca e furiosa, acabadinha de brotar das profundidades da montanha. Parecia que tudo escorregava. Lá vai o tempo em que a malta não se quedava a sondar os calhaus e fazia-se ao leito sem se incomodar em molhar o pezinho. Infelizmente, já vamos na fase em que tentamos atirar a mochila para a outra margem e damos a mãozinha a alguém com menos idade que nos ajude a saltitar delicadamente de calhau em calhau.

 

2. De seguida, sofri um profundo ataque de Alzheimer, quando quis reencontrar um trilho que nos levaria ao destino. Apesar de já ter feito o dito duas vezes em 2010, aparentemente como que desapareceu do terreno. Após mais de duas décadas a calcorrear a Serra da Estrela no inverno, de mochila às costas, um gajo simplesmente tem um varrimento de memória e não encontra um caminho. É triste.

 

3. A montagem do abrigo para passar a noite sempre foi aquela aventura bem sucedida, seja a chover, a nevar, de noite, com ventania, com gelo, com frio, com tudo. E sempre – mas sempre! – o abrigo ficou um luxo, com paredes, impermeável, aguentando tudo e mais alguma coisa e proporcionando um conforto impensável. Desta vez, era só mesmo o terno pôr-do-sol, sem qualquer agrura da natureza. Ainda assim, o abrigo ficou uma coisa esperta, desengonçado para um lado, sem portinhola à maneira, sem fio para pendurar as cuecas e as lanternas. Ficou tão mal feitinho, que acordei às 4h da madrugada com as costas todas ensopadas (idem para o saco-cama), e nem sequer chovia.

 

4. Durante alguns anos, protagonizámos uma excepcionalmente bem conseguida técnica de proporcionar calor e luz dentro do abrigo, recorrendo a um prato metálico, cera de velas e um grande saco de amendoins. É algo tecnicamente muito à frente, pelo que me escuso de entrar em pormenores. Desta vez, quisemos ir um bocadinho mais à frente, e acabámos todos intoxicados com a fumarada, sem vermos um boi à frente do nariz, tendo que abrir as fraldas do abrigo para sair o fumo e entrar o gelo da noite.

 

5. Para animar a malta, decidimos evoluir no que diz respeito ao conceito e métodos para refrescar as bebidas para o jantar. Habitualmente, as garrafas ou ficam a refrescar naturalmente ao ar gélido da noite, ou metemo-las na neve ou num ribeiro. A tentativa de evolução passou por colocar as garrafas no ribeiro, presas com um longo fio de sisal cuja outra extremidade ficava à entrada da tenda. Testámos a técnica, inclusivamente filmámos o teste, em jeito de Bear Grylls, com a garrafa a deslizar suavemente desde o ribeiro até à entrada do abrigo. Pena que, na altura devida, em pleno jantar, a garrafa encalhasse no primeiro tufo de vegetação, sendo necessário sair do abrigo descalço para dar uma corridinha e desencalhar a dita cuja, resmungando com o fracasso da técnica.

 

6. Todos os anos, a vida em campo acaba mais cedo. Assim que anoitece profundamente, metemo-nos no abrigo, assamos as chouriças, esvaziamos os tintos e as cervejas, petiscamos mais qualquer coisinha e, eventualmente, jogamos qualquer coisa. Na falta de jogo, batemos uma sestinha até tocarem os despertadores a poucos minutos da meia-noite. Ora, desta vez, não houve despertadores. Não sei porquê. Pode ter sido do fumo que nos deixou atordoados. O resultado, contudo, resume-se em poucas palavras: às 10h da manhã do dia 1 de Janeiro, quando finalmente acordámos todos, abrimos o champanhe, fumámos os charutos e festejámos o novo ano de 2011, como se fosse a coisa mais natural deste mundo.

 

Estes sinais são, sem dúvida, o indício de que se aproxima velozmente o fim do “império”. Foram situações que revelam decadência pura. Dantes, não éramos assim! Dantes, havia para cima de uma dezena de garrafas de líquidos poderosos, como uísque, Pisang Ambon, licor disto e daquilo, mais uísque, e por aí fora. Hoje em dia, é cerveja, um tinto para disfarçar, e só não levámos sumo porque aí seríamos até enxovalhados pelas vacas que pastassem por perto! pickwick

09
Jul09

Cerveja é reidratante "eficaz" após exercício

pickwick

Cerveja é reidratante "eficaz" após exercício

 
 
Conclusão vertida de um estudo científico realizado pela universidade de Barcelona, corroborado por outros semelhantes efectuados em Espanha.
 
A cerveja pode ser uma "eficaz" bebida reidratante após a prática de exercício físico. "A alta presença de elementos antioxidantes" ajuda a reduzir os efeitos produzidos pelo exercício físico, como a fadiga ou a falta de ar, defende o professor de Fisiologia do Exercício, Joan Ramón Barbany.
 
A ideia foi defendida na apresentação do estudo "A Idoneidade da Cerveja na Dieta Equilibrada dos Desportistas", durante os Jogos Mundiais da Medicina e Saúde, que se celebram em Alicante.
 
"A cerveja tem uma alta presença de elementos oxidantes, derivados da sua origem vegetal, que combatem a presença de radicais livres", diz o académico, que defende que isso ajuda a reduzir os efeitos do exercício físico, "como as dores musculares ou a fadiga.
 
Esta bebida contém componentes vitamínicos, minerais e carboidratos, pelo que a sua ingestão em "doses moderadas" por adultos pode desempenhar um papel na "recuperação do metabolismo normal e imunológico dos desportistas depois do exercício físico".
 
Um outro estudo, da universidade de Granada, revela que "em comparação com a água, (a ingestão de cerveja) não tem qualquer aspecto desaconselhável".
 
"Apesar do álcool, a cerveja é uma magnífica bebida compatível com o rendimento desportivo de qualquer disciplina", acrescenta Juan Antonio Corbalán, antigo internacional de basquetebol e agora fisiologista do desporto.
 
Finalmente, a certificação de qualidade das minhas opções de hidratação após os intensivos treinos de judo da minha juventude! Quão bem me lembro, ainda o treino não ia a meio e a minha cabeça já só visualizava uma caneca de meio litro de cerveja gelada. Findo o treino, uma chuveirada de água fria rematava o banho, pondo fim à imparável transpiração. Depois, em passo de corrida até casa, subir a escada até ao sótão, largar a mochila e zarpar para o “Inhangá”, esse mítico bar aveirense ao cimo da rua. Um “cartucho” (aos anos que não como este bolo!) e duas canecas de cerveja repunham-me as energias e hidratavam-me o corpo. Bons tempos! pickwick
06
Ago08

Malditos veraneantes

pickwick

Domingo, acordei às 8h da madrugada, ainda o sol vinha a subir no horizonte e os caraças dos passaralhos não tinham feito mais nada senão chilrear debaixo da minha janela, ou vá, no quintal da vizinha.

 
A cambalear, completamente bêbado de sono, uma mão a coçar a nuca e a outra a fazer o mesmo dentro da cueca, avancei decidido até à sanita, para cuidar das necessidades. Satisfeitas, tomei aquela banhoca que tira o mau cheiro do sovaco e refresca a alma.
 
Com aquele jeito de mestre que só os homens conseguem, passei a lâmina dupla pelas beiças, levando a eito a espuma e os pêlos, como se fosse o começo de uma nova vida. Todo nu, completamente nu, passei a ferro uns calções e uma t-shirt a dizer “Impossível”. É um acto arriscado, pois um gesto imprudente pode levar a uma catastrófica queimadela na ponta da pilinha, gerando um drama e muitos decibéis.
 
Vesti-me, meti a máquina a tiracolo, catei os pertences pessoais imprescindíveis e desci para o carro, com aquele prazer de sentir que a vizinhança ainda estava toda na cama, deixando a rua toda por minha conta. Bom, agora que descobri que há uma gaja toda boa a morar no prédio mesmo em frente ao meu, poderia acrescentar que o prazer foi parcial, pois faltou ir a entrar no carro e a gaja estar a pentear-se em plena varanda, ainda com a minúscula roupagem de dormir, abanada pela brisa matinal. Enfim. Parece que não se penteia na varanda.
 
Pela fresca é que se anda bem na estrada: temperatura agradável e pouca gente a conspurcar o asfalto. Um dos trajectos que tinha pela frente, era uma parte do troço Seia-Covilhã, naquela curvatura permanente que passa por Loriga e Unhais-da-Serra. Apesar de ninguém parecer gostar daquele trajecto, eu, que o fiz semanalmente durante um ano inteiro, nos remotos anos de 2000 e 2001, tenho particular simpatia por ele.
 
A meio do percurso, dei de caras com uma povoação que dá pelo nome de Alvoco da Serra. E pensei cá para comigo: mas que é isto? Alvoco da Serra? Carago! Já me enganei!
 
Dei meia volta e tentei regressar a um suposto cruzamento onde supostamente teria tomado a estrada errada. Não encontrei cruzamento algum, pelo que, mais adiante, tive que voltar a inverter a marcha, resignando-me a um muito provável lapso no sistema de armazenamento de dados. Pouco depois estava a entrar noutra povoação, também com um nome estranhíssimo: Outeiro da Vinha. Este não era um dia de sorte, sendo provável que a povoação seguinte fosse Faro ou Beja.
 
Ao atravessar Outeiro da Vinha, tentei lembrar-me das aldeolas por onde costumava passar naquele trajecto, ocorrendo-me duas delas, cujos nomes me saltavam para a frente do processador: Vasco Esteves de Baixo e Vasco Esteves de Cima.
 
Assim que cheguei a Vasco Esteves de Baixo, compreendi como me estão a fazer falta umas férias e como o Alzheimer me anda a afectar em larga medida.
 
O meu destino ficava bem mais à frente, numa aldeola que responde pelo nome de Barco, embora não tenha encontrado nenhum veículo aquático, nem sequer um leito de água. Objectivo? Mais uma reportagem fotográfica, com a minha Canon SX100IS e o estúpido cartão de 4Gb.
 
Mais um desastre, com a parelha Canon-4Gb a deixar-me embaraçado, centenas de fotos a desaparecerem de vista, às dezenas de cada vez. Mesmo assim, fui teimoso e insisti no gatilho. Que se lixe, pensei eu.
 
Para além do desatino com a tecnologia, ainda apanhei um daqueles escaldões de lagosta, passei horas a pingar suor que nem um porco e comecei a ter delírios com aquele fantástico e gelado néctar de cevada.
 
Pelas 16h30, despedi-me dos meus anfitriões e meti-me à estrada, quase engolindo a frescura gelada do ar condicionado do carro. Na mente, tinha-se desenhado um programa de festas fantástico: ia parar na primeira tasca à beira da estrada, beber sofregamente uma caneca de meio litro de cerveja geladíssima, e, depois, parar na primeira fonte à beira da estrada e beber água que nem um animal até ficar a verter água com ranho pelas narinas.
 
Obviamente, a tasca seria daquelas mesmo à beira da estrada, numa aldeia perdida no meio dos montes, com pouquíssima clientela, propriedade de um fulano barrigudo e todo suado que estava a dormir a sesta enquanto a sua filha de 19 anos toda boa fazia o atendimento aos clientes. Ela também estaria cheia de calor, com um top laranja arregaçado e calções tipo mangueira-dos-bombeiros.
 
Para meu desespero, que fui viver para a província para poder ter paz e sossego, todas as tascas estavam a abarrotar de clientes. Veraneantes. Resmas! Por todo o lado. E não eram só carros com matrícula amarela com um “F” estampado no meio das estrelinhas. Fui somando quilómetros, às dezenas, sem encontrar qualquer tasca onde pudesse ser atendido com um raio de privacidade superior a meio metro.
 
Às tantas, comecei a compenetrar-me que a cerveja teria que ficar para outras núpcias. Mas, a garganta estava tão seca e a desidratação era tal, que seria obrigatório parar na primeira fonte que me aparecesse.
 
Acontece que os veraneantes são, de facto, uma praga impressionante. Em todas as fontes por onde passei, havia resmas de veraneantes a empestar o ambiente, alapados nas sombras, ocupando o espaço público. Uma após outra, fui deixando para trás todas as fontes, rogando pragas e insultando ferozmente todos os veraneantes que andavam fora de casa, atravessando-se no meu caminho.
 
Felizmente, num golpe de sorte, já quase a chegar a São Romão, encontrei uma fonte sem ninguém. Pudera, não tinha zona de estacionamento em cima da fonte. Parei o carro a uns metros e, de uma corrida, não fosse aparecer algum veraneante com ares de melga, atingi a saída de água. Com um ar ganancioso, numa pose parecida com aquele mutante do “Senhor dos Anéis” que passava a vida a sussurrar pelo anel, bebi água até ficar quase o depósito cheio, com aquela sensação de que bastaria um tímido arroto para me sair água pelo nariz e pelas orelhas e pelos olhos.
 
Muitos quilómetros mais à frente, chegado à minha aldeia, fui direitinho ao Pingo Doce atulhar o cestinho com cervejas. Já em casa, esperei uns intermináveis 25 minutos para que o congelador cumprisse a sua missão, findos os quais comecei a concretizar o sonho que se tinha iniciado logo a seguir ao almoço, quando o calor do dia era mais abrasador. E foi com a cerveja meio gelada a escorrer pela goela que comecei a escrever este post.
 
Entretanto, parei de beber, porque me lembrei que mais logo ainda tenho de sair para ir regar as plantas a casa de uma amiga que foi de férias… uma veraneante, portanto. Ora bolas… pickwick
20
Jul08

Cinquenta e duas e mais

pickwick

Haverá algum motivo, em concreto, para que haja cinquenta e duas garrafas vazias de cerveja espalhadas pela mesa e balcões da minha cozinha? Dei-me ao trabalho de as contar porque, enquanto bebia a quinquagésima segunda cerveja geladinha, reparei, finalmente, que havia mesmo muitas garrafas vazias…

 
Se a memória não me falha, quase outras tantas haverá dentro de dois caixotes que já deviam ter sido levados ao vidrão, para despejo.
 
Vergonha!
 
Depois, quando aparecem visitas, é necessário ir a correr fechar a porta da cozinha. pickwick
19
Jul08

A saga das maminhas – parte 5

pickwick

O excesso de moscas em Regoufe convenceu-nos a, na viagem de regresso, não pararmos na tasquinha para rematar umas cervejinhas geladinhas. Por mais ideal que seja a temperatura da garrafa, não compensa a estafadeira de ter que tapar sempre o gargalo para não deixar entrar as moscas. Assim, seguimos, sem parar, para o Covêlo de Paivó, de regresso ao carro e ao salvo-conduto para a civilização.

 
Lá chegados, e porque fazia um sol escaldante, decidimos juntar o útil ao cultural e visitar a aldeia enquanto procurávamos um local agradável para dar uns mergulhos no rio. Conclusão: apesar de aparentar ter menos cabras que Regoufe, Covêlo de Paivó tem a mesma quantidade irritante de moscas!
 
Já quase na periferia da aldeia, um velhote simpático indicou-nos um trilho que daria para um local porreiro para o banho, a uns dez minutos a pé. Lá fomos, não sabemos se era o que ele tinha indicado, porque as indicações desta malta são feitas à medida dos próprios e pecam sempre por objectividade. Ah e tal é já ali à frente. Pimba, sete quilómetros. Ah e tal é só meia-hora. Pimba, hora e meia.
 
Ainda assim, arranjámos um poiso à sombra de umas parreiras, junto a um muro, numa parte seca do leito do rio. Um calor abrasador. Insuficiente, contudo, para fazer elevar a temperatura da água a um nível aceitável. Ou seja, um gajo está ali a morrer de calor, só apetece tomar banho todo nu, afogar-se três vezes seguidas, engolir o rio e os peixes todos e mais uns calhaus, mas, mal toca na água, sente aquele choque inesperado de quem está sujeito a morrer com hipotermia se ousar descuidar-se e ficar dentro de água mais que seis segundos. Perde-se o calor sem ser necessário entrar na água. As ribeiras, os ribeiros e os rios na montanha têm destas coisas, pronto.
 
Findos os banhos, esfregados os suados sovacos, arrumadas as mochilas, fizeram-se as centenas de metros que nos separavam do carro. Objectivo: em quatro rodas, chegar a um certo restaurante, onde nos esperaria um petisco delicioso – maminhas de vaca. Com as curvas pelo meio, ainda demorou quase uma hora até chegarmos ao destino, já fora de horas, tipo três da tarde.
 
Entre três canecas de meio litro de cerveja para cada um, serviram-se as maminhas de vaca. Uma desilusão completa! Afinal de contas, as maminhas de vaca, não são maminhas de vaca. Fui enganado. São, simplesmente, nacos de carne de vaca. Naquele restaurante, como têm a mania que são finos, os nacos chegam à mesa crus, em cima de uma placa de mármore quentíssima, sendo que os clientes são obrigados a cozinharem a carne, ali mesmo. Para acompanhar a meia dúzia de nacos de carne, um reles pires de arroz de feijão deslavado e uma minúscula travessa de batatas fritas. Para quatro gajos encorpados e esfomeados, recém chegados das agruras da montanha. Toma lá catorze euros a cada um.
 
No mínimo dos mínimos, as “maminhas de vaca” deveriam ser um petisco em que fossem visíveis as tetas da vaca, talvez trespassadas por uns palitos de cocktail, quiçá, para ficarem mais bonitas. Deveriam ter uma forma arredondada, tipo maminha. E deveriam saber a leite de vaca, pelo menos! Mas, não! A isto, chama-se publicidade enganosa. É quase como ir ao Fujaco buscar uma esposa e vir de lá com uma velhota desdentada, de mamas secas ao pendurão, com a última sessão de higiene íntima realizada em 1962. Chiça! pickwick
07
Jul08

50 passos para começar mal um fim-de-semana

pickwick
  1. Combine encontrar-se com um amigo de infância na véspera de um acampamento de reencontro de amigos de infância (designe-se por Miguel o nome de código do amigo).
  2. Combine que o encontro seja para jantar, à beira de um lago, na base dos petiscos tradicionais portugueses.
  3. Apareça atempadamente, com quarenta minutos de atraso.
  4. Traga uma geleira cheia de cervejas bem frescas.
  5. Estenda uma toalha e comece a assar uma chouriça tipo caseira.
  6. Abra uma garrafa de tinto para acompanhar adequadamente.
  7. Vá mordiscando um queijo de cabra entalado entre pedaços de pão.
  8. Coma umas batatinhas fritas, para salgar o manjar.
  9. Queime alguns pêlos do antebraço, durante a assadura da chouriça.
  10. Faça equilibrismo de alto nível, para evitar que o copo se entorne quando pousado no terreno vertical.
  11. Vá arrotando, de três em três minutos, para demonstrar que está a ter um grande prazer.
  12. Teça bonitos comentários sobre a natureza, o vinho tinto e os porcos dos quais se fazem belas chouriças.
  13. Depois de acabar o vinho tinto, consuma algumas cervejas bem frescas, deixando o gás destas actuar na digestão.
  14. Discretamente, largue uma ou duas bufas, que são rapidamente levadas pela brisa nocturna.
  15. Repare como já é meia-noite.
  16. Beba mais umas cervejas.
  17. Fume uma cigarrilha, para acentuar o efeito do álcool ingerido.
  18. Aceite o convite do amigo para passarem ao digestivo.
  19. Beba meio-litro de digestivo, nomeadamente aguardente de pêra.
  20. Como está calor, beba mais uma cerveja.
  21. Convide o amigo para apreciar um licor de uva caseiro, produção pessoal.
  22. Prepare a bagageira do carro para passarem a noite, que montar uma tenda dá muito trabalho e ainda por cima ninguém trouxe uma.
  23. Já na horizontal, aceda à necessidade crónica que o seu amigo tem de encher os copos com o licor.
  24. Continuando na horizontal, fique com a sensação de que o amigo acabou de lhe impingir mais uma cerveja fresca.
  25. Na mesma posição, prove mais um bocado do licor de uva, servido em copo cheio.
  26. Aceite outra cerveja, mas perca a noção do que está a beber.
  27. Perca a noção do que bebeu, do que comeu, de onde está, e comece a roncar, para fazer um dueto sinfónico com o seu amigo.
  28. Acorde já com o sol no horizonte, estique-se até ao pára-choques e “gregorie” (conjugação do verbo “gregoriar”, isto é, chamar pelo Gregório).
  29. Enquanto tenta retomar o sono, assista ao espectáculo do seu amigo também “gregoriar” com sucesso, com os beiços no pára-choques.
  30. Desligue o despertador do telemóvel, quando este toque para avisar que está na hora de receber o resto dos amigos que vão chegar de bem longe para o reencontro.
  31. Durma profundamente, embalado pelo roncar do seu amigo.
  32. Acorde sobressaltado, completamente agoniado e num planeta distante.
  33. Salte para fora da bagageira do carro.
  34. Repare como a garrafa do licor de uva ficou fazia.
  35. Conte as garrafas de cerveja vazias.
  36. Repare no escandaloso nível da garrafa de aguardente de pêra.
  37. Faça um ar de enjoado ao ver as poças de vomitado azedo mesmo debaixo do pára-choques.
  38. Tente, em vão, acordar o seu amigo, até porque falta menos de meia-hora para chegar o resto do pessoal.
  39. Dê uma volta pelas redondezas, aproveitando para “gregoriar” mais um pouco, apoiando-se acrobaticamente no tronco de uma árvore.
  40. Diga mal da sua vida.
  41. Vá a correr buscar um rolo de papel higiénico e refugie-se numa densa mata de fetos.
  42. Alivie essa pressão matinal.
  43. Beba uma água com gás Vimeiro, trazida estrategicamente dentro da geleira.
  44. Tente, com sucesso limitado, acordar o seu amigo.
  45. Assista, com compaixão, ao percurso do seu amigo: uma voltinha, um chamamento pelo Gregório, e uma corrida para a mata com um rolo de papel higiénico.
  46. Receba, com um ar visivelmente transtornado, os seus amigos que entretanto vão chegando de Lisboa, Porto, Santarém e Angola.
  47. Faça um ar transtornado quando lhe perguntam pelo almoço.
  48. Aproveite enquanto todos almoçam, para tentar dormir mais um bocado e curar a maldita dor de cabeça e a irritante tontura.
  49. Diga ainda mais mal da vida.
  50. Ao jantar, já depois de uma hora a remar em cima de uma jangada, de uma valente sesta e de um grande escaldão no corpo quase todo, faça um esforço e prove um pedacinho de cada petisco que os seus amigos trouxeram. pickwick
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Dez07

A Festa do Mundo

pickwick
Após intenso, minucioso e longo período de meditação, eis-me nos finalmentes da minha fantástica proposta de alternativa ao Natal. Mais que uma alternativa, seria uma substituição plena dessa retrógrada comemoração de rabanadas e gorduchos. Chamar-se-ia “A Festa do Mundo” e teria, como fundamentação, o cada vez mais mundo global em que vivemos, onde impera a necessidade de sermos todos irmãozinhos e bons rapazes e boas raparigas, especialmente boas raparigas, porque as feias não são bem-vindas. Em vez de uma comemoração baseada nesse ser mítico que é a família unida e com saudades uns dos outros, ou no esbanjamento patético de dinheiro e alimento, “A Festa do Mundo” reporta-se à diversidade mundial e ao amor inter-racial e inter-cultural que se quer entre os povos. Assim sendo, aqui fica o plano:
1. Cinco dias seguidos de comemorações, sendo que, entre estes, os dias de semana devem ser promovidos a feriados mundiais.
2. Os cinco dias do ponto anterior, terão início a vinte e quatro de Dezembro e terminarão a vinte e oito do mesmo mês e do mesmo ano (não vá alguém querer emborrachar-se durante um ano seguido às custas disto).
3. A cada um dos citados cinco dias, corresponderá um continente: África, América, Antártica , Eurásia e Oceania. Ou seria, antes, África, América, Ásia, Europa e Oceania? Ou será África, América, Antártida, Ásia, Europa e Oceania e são seis em vez de cinco? Bem, que se lixe. Malditos acordos geográficos! Fazemos assim: a África é a dos gajos escuros e dos leões; a América é dos malucos a norte, dos pistoleiros ao centro e da picanha ao sul; a Ásia é do incenso e dos tigres; a Europa é dos tarados; e a Oceania é dos cangurus. O resto não interessa. E não se fala mais nisto.
4. Distribuídos os cinco continentes pelos cinco dias, cada um deles deverá ser vivido dentro do espírito do continente respectivo, numa comunhão de cultura, raças, gastronomia, amor e muito fogo.
5. Essa comunhão poder-se-á traduzir, por exemplo, em:
a) Festival de gastronomia, onde cada participante pode experimentar a feitura de variadíssimas receitas tradicionais.
b) Desfiles de vestuário tradicional (só gajas, please).
c) Desfiles de vestuário moderno (só gajas, mesmo).
d) Desfiles de biquinis tradicionais (obviamente).
e) Festival do Filme Porno (não havendo tradutor, não há crise), para divulgação de artistas e obreiros e, quem sabe, potenciar a exportação massiva de obras.
f) Feira do Livro Erótico, com as várias traduções das obras de referência, incluindo a BD, sendo que esta deverá reflectir as tradições do país de origem.
g) Festival erótico de divulgação das especialidades locais, sendo premiadas quaisquer inovações ao descrito no Kama Sutra.
h) Contratação de strippers indígenas para actuações ao vivo, sendo obrigatório iniciar cada sessão com vestuário tradicional do país de origem.
i) Festival da Cerveja (aceitam-se marcas brancas, pretas e amarelas).
j) Contratação de meretrizes indígenas para proporcionar, aos mais ousados, a experiência fantástica do sexo bi-cultural e bi-racial. 
Cinco dias por ano de folia intensa e aproximação dos povos! E promulgue-se, carago! pickwick