Generation Buraca
O meu blog dava um programa de rádio - Rádio Comercial
Devia andar eu lá pelo 8º ano de escolaridade, na escola, obviamente, quando apanhei pela primeira vez o termo generation gap. Se não era assim, era qualquer coisa parecida, ou pelo menos que soava a isto. Era um texto da disciplina de inglês. A professora era feia que nem uma bruxa encardida e carregava na pronúncia inglesa ao ponto do ridículo. Na altura, o termo apanhou-me como quando uma prisão de ventre apanha uma pessoa. Hoje, volvidos alguns anitos sobre este primeiro encontro, divirto-me a relembrar as buracas todas que se me têm cruzado ao longo da vida. Não é fácil não entrar no jogo. Presumo que seja uma tendência natural. Tão natural como escolhermos um clube de futebol. O ser humano tem uma tendência absurda para se associar a uma facção e esfaquear o inimigo para a defender. Ou tão só para que a sua facção erga a bandeira num morro mais alto. Como em todo lado há facções, sejam clubes, partidos, sexos, licores ou tipos de roupa interior, nas idades elas também estão presentes. Tinha que ser! Os mais novos exaltam-se em críticas aos mais velhos, atribuem-lhes características ao bom estilo dos moradores dos sarcófagos, e abanam a cabeça aos seus discursos que entretanto entram por um ouvido e saem pelo outro. Os mais velhos, soltam raios e coriscos aos putos, riem-se da sua falta de experiência de vida, gozam com a sua hipotética falta de maturidade e não os levam a sério. Todos se esquecem, contudo, que os que já não são, já o foram, e os que ainda não são, hão-de lá chegar. Fazem lembrar o estúpido passar dos comboios na linha: umas carruagens chegam sempre primeiro à estação, mas acabam por chegar todas e pouca diferença faz quem chegou depois de quem. Urso é o passageiro que grita que chegou primeiro e palhaço o que se ri do urso. Neste circo que é a vida. pickwick