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Arautos do Estendal

Ela, do alto das suas esbeltas e intrigantes pernas, veio caminhando quintal abaixo até ao estendal, dependurando a toalha onde, minutos antes, tinha limpo as últimas gotas de água. O Arauto viu, porque o Arauto estava lá. E tocou a trombeta.

Ela, do alto das suas esbeltas e intrigantes pernas, veio caminhando quintal abaixo até ao estendal, dependurando a toalha onde, minutos antes, tinha limpo as últimas gotas de água. O Arauto viu, porque o Arauto estava lá. E tocou a trombeta.

Arautos do Estendal

30
Set12

A sensual violação

pickwick

O C ainda acha que houve um enganado. Foi convidado para declamar um texto de Miguel Torga, durante um evento público. A senhora que o convidou, entregou-lhe um papel com o texto, ao qual acrescentou o seu número de telemóvel.

«….. De aí a nada, arregaçados, os homens iam esmagando os cachos, num movimento onde havia qualquer coisa de coito, de quente e sensual violação. Doirados, negros, roxos, amarelos, azuis, os bagos eram acenos de olhos lascivos numa cama de amor. E como falos gigantescos, as pernas dos pisadores rasgavam mácula e carinhosamente a virgindade túmida e feminina das uvas. A princípio, a pele branca das coxas, lisa e morna, deixava escorrer os salpicos de mosto sem se tingir. Mas com a continuação ia tomando a cor roxa, cada vez mais carregada, do moreto, do sousão, da tinta carvalha, da touriga e do bastardo.  A primeira violação tirava apenas a cada cacho a flor de uma integridade fechada. Era o corte. Depois, os êmbolos iam mais fundo, rasgavam mais, esmagavam com redobrada sensualidade, e o mosto ensanguentava-se e cobria-se de uma espuma leve de volúpia. À tona, a roçá-los como talismãs, passeavam então volumosos e verdadeiros sexos dos pisadores, repousados mas vivos dentro das ceroulas de tomentos…..»

O C não leu logo o texto, mas, enquanto se dedicava a nobres lides domésticas, recebeu um telefonema aflitíssimo da senhora, que ah e tal, havia um engano terrível, o texto era talvez muito ousado, tendo em conta a plateia que se previa composta por gente de bem e algumas batinas. Mas que, se ele achasse que não era assim tão ousado, poderia ler. Pelo sim, pelo não, deixou-lhe referência a outro texto, obviamente desprovido de ousadia, para ele escolher.

Tenho para mim que o C, de vez em quando, ou é muito ingénuo, ou disfarça mesmo, mesmo, mesmo, mesmo muito bem! Ainda tentei sugerir-lhe que o único engano terrível foi ele não ter ligado logo à senhora, em primeiro lugar, para discutirem o conteúdo do texto! Mas o C chutou esta minha conversa para canto, que não, ah e tal, tudo muito sóbrio. Estava firmemente decidido a declamar os dois textos, como que de empreitada: ou ousado e o não ousado. Para agradar a gregos e a troianos.

Eu só não sei é: como é que o C dará conta do recado! A declamação acontecerá depois de ele abandonar - à força - o repasto e hidratação abundantes do casamento de um primo! pickwick

22
Set12

Aldonza Lorenzo

pickwick

Okay, tal como previsto, sexta-feira foi dia de passar, pela primeira vez, a manhã em trabalho conjunto com a Aldonza Lorenzo. Assim será, todas as sextas-feiras até ao Verão.

 

Cheguei primeiro, para não fazer figurinhas de atrasado, que fica mal e perdem-se importantes peripécias. A meio da conversa com os demais já presentes, chegou a Aldonza. Aperto de mão protocolar, metro e oitenta e saltos altos de dimensões pouco razoáveis. Dizem que as primeiras impressões é que não sei o quê. O certo é que, após uns vinte segundos de entrar na sala, a Aldonza já estava a puxar para cima aquelas calças brancas justinhas, ajustando adequadamente o tecido às nádegas não necessitadas de corridinhas. Impressionadíssimo, pensei para comigo: ‘tás tramado, ó pá!

 

Calças brancas justinhas, sapatinhos de salto alto-gigante com adornos brilhantes, corrente sexy no tornozelo, blusa preta de alças, ombros descobertos, tatuagem mística na omoplata, morenaça da cabeça aos pés, peito modelo ui-mão-cheia, cabelo preto, enfim. Tudo o que se podia pedir para dar cabo do desempenho profissional aqui deste humilde servo dos desígnios nacionais.

 

Dois minutos depois, a Aldonza já tinha mudado de calçado, usando um chinelinho de enfiar nos dedos do pé, cravejado de brilhantes. Mesmas calças. Mesma blusa. Ao trocarmos meia dúzia de palavras de índole profissional, apercebi-me que, afinal, sem os tamancos, a Aldonza deveria medir menos dois centímetros do que eu, facto que me deixou mais descansado, pois facilitaria o nobre acto de lhe dar umas palmadinhas de conforto nas nádegas, em momento intemporal mais íntimo.

 

Durante três horas, travei uma luta com o meu consciente, para não sucumbir à tentação de parar tudo o que estivesse a fazer e ficar pasmo a tirar-lhe as medidas, de beiça descaída, franzindo o sobrolho a cada golpe de anca. Luta com o consciente, porque tenho a perfeita noção de que o subconsciente já estava perdido, inegavelmente ao rubro, a carburar com combustível da NASA, perdendo-se na loucura de uma lingerie pouco perceptível.


Foi uma manhã muito difícil. Não sei como irá ser, suportar este ambiente todas as sextas-feiras até Junho… Uma boa estratégia poderia ser marcar semanalmente um blind date, sempre ao jantar de quinta-feira, garantindo que, assim, todas as sextas-feiras andaria enjoado e incapaz de apreciar qualquer rabiosque bem feito. pickwick

21
Set12

Mulherio abundante – parte 2

pickwick

No pretérito sábado, fui até ao Porto. Primeiro, fui até Braga, armado em empresário, mas isso agora não interessa. No Porto, na companhia do M e do N (letras de código, que isto está de crise), fui almoçar com duas moçoilas de tenra idade, qualquer coisinha a roçar os 30 por baixo. É sempre bom almoçar com moçoilas, se bem que estas podiam dar umas corridinhas de vez em quando para melhor se acomodarem na cadeira de um restaurante.

 

De seguida, gastei mais de um vinte avos do meu ordenado em livros que não me servem para nada a curto prazo, mas que, pelo sim, pelo não, é melhor tê-los à mão.

 

Posto isto, e depois de a A (yes, yes, não corra que não é preciso) se ir embora (acabou com o namorado outro dia, mas isso agora não interessa), a T (tão fofinha…) levou-nos até junto do Douro, para bebermos qualquer coisinha para a despedida numa simpática esplanada. Pensei eu, ah e tal, vista para o rio, ambiente calmo, dois dedos de conversa, coiso e tal. Era bom, era. Mas, o impensável aguardava-nos: a esplanada ficava mesmo, mesmo, mesmo, mas mesmo encostada à Meta de uma prova desportiva internacional, chamada “Pop in the City”. Característica principal desta prova? Só gajas! Característica secundária, mas não menos importante? Mais de metade das gajas não precisam fazer mais corridinhas!!!

 

E pronto! O N tinha a sua máquina fotográfica Canon xpto com lente de 300 mm, e foi um ver se te avias a disparar para a esquerda, para a direita, para a frente, coiso e tal, que elas eram tantas e tão jeitosas, que o processador interno da máquina deve ter dado quase o tilt. Uma única máquina para três ansiosos e excitadíssimos fotógrafos. Foi extremamente fascinante! Em especial, porque, daquele magote intimidante de gajedo, eu diria que apenas 5% necessitaria de fazer umas corridinhas para corrigir divergências entre as nádegas e algumas cadeiras mais estreitas.

 

A meio da orgia, a pobre T resolveu entrar ao barulho com um breve relato de um dia de verão em que foi não sei onde e era só ela, uma amiga, e meio milhão de gajos. Para que raio é que uma gaja se mete com conversas destas? Para não ter resposta e ficar a olhar incrédula para três gajos a escorrerem baba pelas beiças e as cabeças como que na plateia de um jogo de ténis em fast forward? Não havia necessidade…

 

Marie, Clémentine e Sophie: as três francesas organizadoras da prova, segundo noticiado pelo Público. Com um bocadinho de imaginação, consegue-se perceber que estas meninas também não precisam de fazer mais corridinhas!

 

No fim, um gajo sai dali a dizer mal da vida. Porque terá que regressar à parvónia, onde só há mulheres de buço inflamado e rabiosque XXXL. Ora bolas! pickwick

20
Set12

Mulherio abundante – parte 1

pickwick

A minha vida profissional já não é o que era. Subitamente, vejo-me catapultado para uma situação em que trabalho semanalmente em cinco edifícios diferentes, distantes alguns quilómetros uns dos outros, sendo que há uma abundância relativa de mulheres. Relativa, porque, embora estando em maioria, são pouquinhas. Faz parte da desertificação do interior, portanto.

 

À segunda-feira, é com a Cricri, que já conhecia de anos anteriores. Nada a relatar, que, sendo casada, não é de se deitar fora.

 

À terça-feira, não conta, é dia de mangueira.

 

Quarta-feira, foi a Fáfá, casada, simpática, mas potencial candidata a uma lipoaspiração em larga escala. Só que, a Fáfá fez logo o favor de me ir apresentar a uma colega de trabalho que é loira, tem olhos azuis, é jeitosa, só deve ter uns 50 anos, e desmancha-se em cerimónias do alto daqueles tamancos finórios. Aproveitou logo para me ir mostrar o computador, na esperança de eu lhe meter aquilo a trabalhar, coisa que não consegui, dado ainda não ter capacidade para reparar placas gráficas só com o olhar. A Fáfá bem que disse o nome dela, mas, lá está, quando me apresentam alguém, é escusado dizerem-me o nome, que passa-me tudo ao lado. Pior ainda, se o cabelo for loiro, pois fere a vista e o cérebro empana por uns segundos. Na próxima semana, pode ser que haja oportunidade para descobrir o nome da jeitosa.

 

À quinta-feira, é com a Féfé. Outra casada, dizem que “é de gancho”, mas não tenho reclamações a fazer. E é agradável à vista, vá, tenho que reconhecer, o que é bom para estimular um ambiente de trabalho motivador de grande produtividade. Tal como a Fáfá, a Féfé também veio-me com uma conversa meio engasgada sobre o meu desempenho profissional, que dizem que eu coiso e tal e tal e tal... Não cheguei bem a perceber o “coiso e tal”, mas pareceu ligeiramente não negativo. A Fáfá ainda juntou um estranho “especial” quando tocou neste assunto. Vou ter que me chatear? Às tantas…

 

À sexta-feira, que por acaso é já amanhã, é com a… vá… com a Aldonza Lorenzo. Disse-me, quem sabe, meio em sussurro, que uiiii… essa é que… ufff… ufff… (só lhe faltou uivar). Até tenho medo! A moça, realmente, tem um porte tão imponente quanto elegante. Mas, também não era preciso exagerarem. Amanhã já tiro as dúvidas, caso consiga ficar a manhã toda ao pé dela e não tenha que sair à pressa para ir a casa mudar de roupa depois de me babar dois litros pela peitaça abaixo. pickwick

05
Set12

Aventuras de uma gorda submissa

pickwick

O hi5 já não é o que era.

 

Hoje reparei numa série de mensagens a aparecem na minha página principal, sendo actualizações de páginas de pessoas que não conheço de lado algum. Uma saltou mais à vista que as outras, tanto pela imagem de abundância peitoral, como pelo texto muito esclarecedor:

 

“Agradeço só ser contactada por quem é realmente dominador, perverso e bruto que saiba usar e humilhar uma gorda submissa como eu.”  

 

 

Curioso, que não consigo deixar escapar uma, fui espreitar a moça, tropeçando em mais umas mensagens também imensamente esclarecedoras:

 

“kem gosta de tetas grandes e gordas? e de um cu bem grande, gordo e guloso? ou mesmo das duas coisas... sou só para quem aprecia realmente uma gorda submissa. Comentem as fotos como kiserem e desejarem sem qualquer tabu. Só respondo a kem mostrar que são realmente perversos e dominadores tal como eu pretendo encontrar.”

 

E mais…

 

“Boca gulosa, tetas de sonho, rata esfomeada e rabo insaciável é tudo akilo que te posso oferecer.”

 

E, por fim, as fotos.

 

 

No meio disto tudo, eu só gostava de saber quem é que, de facto, deseja ardentemente dominar esta “gorda submissa”. São, no mínimo, uns 110 kg de massa. Mete-se-lhe a sela em cima do lombo, um golpe com as esporas, e depois? Grita-se “Ayooo… Silver!!!”??? pickwick

04
Set12

Engarrafamento na ponte

pickwick

Há dias em que um gajo não está para aturar ninguém, nem sequer a solidão da própria casa. Aí, passa uma ventania debaixo das ventas (como o próprio nome indica, é a zona do corpo pode onde costumam passar as ventanias) e é sair por aí, à descoberta de coisas novas, quiçá na esperança de que aconteça alguma coisa que quebre a monotonia.

 

Sábado foi assim. Mochila às costas, frasquinhos de recolha de sementes, máquina fotográfica, chapéu à mete-nojo, calções de banho e botas. Rumo à Serra da Estrela.

 

Pouco acima da Mata do Desterro (Seia), há uma levada de água que alimenta a Central Hidroeléctrica da Senhora do Desterro. A acompanhar a levada, durante longos metros, existe uma linha de arbustos cujo nome desconheço, mas que sempre me irritaram por não terem sementes. De vez em quando, no silêncio da solidão, chamo-lhes nomes feios, porque são muitos e não têm sementes. Mas, neste sábado, descobri um deles carregadinho de sementes! No meio daquilo tudo, um único é que tinha sementes. Em poucos segundos, já andava a saltitar de frasquinho na mão, apanha daqui, apanha dali, qual elefante sorridente a saltitar de nenúfar em nenúfar, aproveitando o feliz momento para dialogar com a planta produtora, nomeadamente para lhe chamar mais nomes feios, porque já podia ter feito sinais de luzes há muitos anos, para eu saber que era a única que tal. A vantagem de se andar a apanhar sementes em locais desterrados, é que se pode dar ao luxo de falar abertamente com as plantas, o sol, o vento e a água, sem que se incorra no risco de ser olhado de lado por cidadãos desprevenidos que passem por perto.

 

Mais ao lado, percebi porque a aldeia mais alta de Portugal tem no nome que tem. Aquilo tresanda a sabugueiros (sambucus nigra)! E eu que costumava apanhar umas poucas bagas de sabugueiro quando fazia a corridinha pelos pinhais… quando ali, dava para encher a bagageira do carro só com bagas de sabugueiro, tal era a abundância. E ao lado, uns belos exemplares de amieiro-negro, cujas bagas deixam as mãos num estado inoperacional para massajar um qualquer delicioso corpo feminino. Não havia corpo feminino, mas não faz mal, não custa nada sonhar.

 

Curva à esquerda, curva à direita e estacionei o carro na povoação de Cabeça, como quem vai de Loriga para Vide. No ano passado andei a vadiar na povoação de Casal do Rei, mais abaixo, mas noutro dia encontrei na Internet umas referências positivas à flora ribeirinha de Cabeça, daí o interesse na pesquisa no terreno.

 

O passeio começou bem. Um senhor que abatia pinheiros, informou-me que se chegava à ribeira “por ali abaixo junto aos pinhos”. Eu fui mais ou menos por ali abaixo, que pinhos havia por todo o lado, mas talvez me tenha desviado um pouco para a esquerda, para montante. Ou seja, na falta de melhor, foi mesmo mato fora, a descer um barranco de cascalho (xisto) solto, em plano bem inclinado, com jeitinho para não deslizar depressa demais e acabar com as nádegas num qualquer penedo no meio da ribeira.

 

Nas margens da Ribeira de Loriga, encontrei azereiros com uns bons sete metros de altura. Uns verdadeiros monumentos! Carregadinhos de bagas… ainda não maduras. Peixinhos a dar às barbatanas para um lado e para o outro. Uma maravilha. Saltitando de penedo em penedo, por entre o caudal da ribeira. Entretanto, a coisa começou a ficar um bocadinho feia, com pouco espaço de manobra para saltinhos bem sucedidos, e subi para um pequeno trilho que acompanhava a ribeira, alguns metros acima. Já estava satisfeito com o que tinha avistado e só teria que regressar daqui a um mês, para apanhar as bagas maduras.

 

Um pouco mais à frente, havia uma ponte para atravessar a ribeira para o lado da povoação, onde tinha deixado o carro. Só que, para meu espanto, havia engarrafamento na ponte. Congestionada, vá. Três toalhas ocupavam toda a largura do tabuleiro, sem deixar espacinho para uma ágil botinha. Três toalhas, às quais correspondiam três biquínis a travarem a queimadura do sol nas partes mais íntimas de outras três amostras do sexo feminino.

 

Não podia ser um rebanho de cabras guardado por um cão serra da estrela de coleira de picos contra lobos? Podia, mas não cheirava tão bem como três corpos femininos a bronzearem-se na pacatez de uma ponte pedonal afastada do rebuliço da agitada povoação de Cabeça.

 

E um gajo pensa: vou ali, atropelo as meninas e caio para cima de uma delas feito distraído?

 

Não, não vais. Portas-te bem, segues o trilho adiante, passas ao lado da ponte, fazes de conta que não há biquínis, e depois logo se vê como hás-de chegar ao carro. E assim foi, mato fora, mais uns monumentais azereiros, castanheiros centenários, currais de xisto, socalcos do tempo da outra senhora, e um azevinho com uns bons dez metros de altura, até encontrar outra ponte, já quase na China. pickwick