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Arautos do Estendal

Ela, do alto das suas esbeltas e intrigantes pernas, veio caminhando quintal abaixo até ao estendal, dependurando a toalha onde, minutos antes, tinha limpo as últimas gotas de água. O Arauto viu, porque o Arauto estava lá. E tocou a trombeta.

Ela, do alto das suas esbeltas e intrigantes pernas, veio caminhando quintal abaixo até ao estendal, dependurando a toalha onde, minutos antes, tinha limpo as últimas gotas de água. O Arauto viu, porque o Arauto estava lá. E tocou a trombeta.

Arautos do Estendal

10
Abr08

O pénis de quem?

pickwick
Ontem fui acompanhar quinze crianças numa visita à Fundação de Serralves, nomeadamente uma exposição ou museu o lá o que era, com “obras de arte” misteriosas. Uma delas era uma barra metálica estreita, com cerca de um metro de altura, com uma pena na ponta, e espetada na vertical numa base em madeira na qual estava a frase “é uma pena” inscrita a giz. Outra obra de arte era uma gaveta achada na praia, dentro da qual espetaram com mais lixo achado na praia. Arte, portanto.
 
O guia procurava abrir os horizontes às crianças, despertando-os para aquele estado de espírito em que acham que todo o artista é louco e preguiçoso e que só faz aquelas porcarias porque não tem jeito para nada.
 
Dois quadros, em paredes opostas, representavam o “acto sexual”. Uma queca transfigurada pelo artista. No primeiro quadro a queca tinha um espelho redondo e uma fita métrica, no segundo tinha um cisne a saltar dos corpos nus. Nisto, o guia vira-se para a Cátia e pergunta o que representa a cena do quadro. Obviamente é uma queca, mas a Cátia fica sem pio. O guia passa a pergunta ao Mauro, que também perde o pio. Erotismo e pornografia? Blá blá blá…
 
Conversa puxa conversa, que as crianças eram muito tímidas e o guia tinha um ar de larilas, ah e tal, que não sei quem tinha dito que “o pincel é o pénis do artista”, diz o guia. Ah e tal, molhar o pincel. E tal, e molhar o bico. Claro, molhar o pincel, molhar o bico, cisne, sexo, ah e tal.
 
Moral da história, segundo o guia: os gajos que pintam a realidade são “macacos de imitação”; os gajos que pintam porcarias sem nexo e sem jeito, é que são artistas.
 
Moral da história, segundo o João: o homem estava sempre a gozar connosco!
 
Moral da história, segundo metade das crianças: oh, aquilo qualquer um é capaz de fazer!
 
Moral da história, segundo o Nuno: para a próxima, não meto o dedo numa tela, senão levo outro raspanete da senhora da segurança.
 
Moral da história, segundo o Paulo: hihihi… hahaha… hehehe… pickwick
09
Abr08

Quatro nonos

pickwick
Algures num dos dias úteis da semana passada, esteve muito calor. Exemplares do sexo feminino, num simpático gesto de boas vindas à Primavera e ao sol e ao calor, apresentaram-se em público com as camisolinhas de quando tinham oito anos, que, como se isso não bastasse, encolheram três vezes na máquina de lavar.
 
Eu, como é hábito, estive atento às movimentações, não fosse alguma querer dar um golpe de estado no Sócrates, ou assaltar um hipermercado Continente. Tanta atenção a estas coisas da vida, leva-me a mente por trilhos ainda por desbravar, entre arbustos de mistério e penedos obscuros.
 
Estive atento, e inventei uma medida padronizada, digna de menção no Sistema Internacional de Unidades. Chama-se “quatro nonos” e representa a fracção de maminha que fica a apanhar ar num dia de muito calor.
 
“Quatro nonos” é uma unidade de medida única, sem sub-unidades, sem escalas, sem nada. Ou tem quatro nonos da maminha ao léu, ou não tem, e neste caso não interessa. Como cheguei a esta fracção? Bom, podia começar por que dizer que ah e tal, são muitos anos de experiência, mas prefiro contar a verdade.
 
E a verdade é que este resultado aparece depois de longos anos de intensas observações e gigantescos estudos estatísticos. Assim, concluí que, se dividirmos a maminha em nove partes iguais, cobrir cinco dessas partes com tecido é o derradeiro gesto para esconder, à tangente, à justa, ao milímetro, o moreno mamilo do pudor. Sim, porque o que provoca pudor não é uma mama-melon-size, nem a exposição de generosos balões, mas, tão só e apenas, a exibição dos mamilos. Ou seja, a mama pode mostrar-se toda, o mamilo é que não. Se o mamilo se vê, pronto, já está nua. Se o mamilo ficar coberto por uma rodela de kiwi, ah e tal, que menina tão pura, está tão vestida!...
 
Andreia, querida, se a tua tia te apanha nesses preparos, espeta-te três bufardos nas mandíbulas e põe-te a cavar batatas com as unhas durante um mês! Põe-te fina! pickwick
08
Abr08

O longo cachecol

pickwick
No pretérito fim-de-semana, fui até Fátima, passar dia e meio. Para os menos elásticos, informo que “pretérito” é uma forma pirosa e pouco intelectual de dizer “passado”. É como dizer “vós estais aqui estais a levardes com meia tranca de ferro que até andais às bolandas”. Mais ou menos, vá.
 
Fui a Fátima em missão, obviamente secreta, porque, se a vida não fosse feita de segredos, seria feita de pastéis de feijão e tremoços, o que seria uma monotonia infindável, além de muito indigesto. Enfim, fui a uma mistura de conferência com assembleia, num ambiente que deu para a formal distribuição de medalhas, mas, também, para umas quantas horas de lavagem de roupa suja, sem sabão.
 
No Domingo, à hora do almoço, e enquanto esperava que o companheiro de quarto arrumasse a sua trouxa para rumarmos ao norte, assomei à janela para dar uma inspecção no parque de estacionamento privativo. Muita gente na rua, a apanhar aquele sol maravilhoso e quentinho. Ui, que bom!
 
Nisto, vejo um jovem bombeiro, em traje de gala, de braço dado com a sua presumível namorada. Pisquei os olhos. A namorada vestia uma daquelas peças de roupa cujo nome não consigo sequer inventar, de cor branca.
 
Não sei o nome da peça, mas posso descrever, porque não é assim tão invulgar. É como um comprido cachecol branco, de tecido fino, cujo ponto médio coincide com o traseiro do pescoço. As pontas, descem sobre o peito, com jeitinho, e, já no abdómen dão uma pirueta e dois nós e passam atrás das costas e zás! Já está!
 
Entre o cachecol e a pele: nada. Rigorosamente nada. As maminhas, feitas de carne macia mas consistente, na frescura da idade e ainda pouco amassadas, abanam-se por baixo do cachecol ao ritmo das passadas ligeiras. Uma coisa bonita de se ver, depois destes longos meses de um cinzento Inverno.
 
O casal afasta-se, em direcção ao Santuário, entre risos cúmplices. As costas nuas confirmam a ausência de suporte-toráxico-assistido. As calças de ganga mal assentes sobre umas nádegas com poucos predicados, justificam a necessidade de puxar os olhos do povo para algures acima do umbigo, numa clara estratégia de “esqueçam lá o rabo, que tenho as maminhas quase de fora”.
 
Se fosse minha filha, levava certamente umas boas ripadas de pinheiro naquele lombo, para ganhar pudor e não escandalizar publicamente os crentes que rumam a Fátima. Galdéria!  
 
(ai que é tão bom quando chega a Primavera…) pickwick
07
Abr08

Sinalética infantil

pickwick
Preparativos para um renhido desafio de futebol. Sol radiante, no domingo escaldante, resmas de gajas na rua em trajes pobres de tecido, Primavera no ar, ah e tal. Relvado no quintal da casa do Zé, a poucos quilómetros do mar. Faço equipa com o terrível António. Do lado oposto, o Zé e o Rodrigo.
 
Comentário, muito baixinho, do Rodrigo para o colega de equipa: eles são gordos, assim vamos ganhar o jogo.
 
É um sinal, de facto, de que preciso tomar medidas drásticas relativamente a questões volumétricas. É um assunto recorrente, mas, a cada ano que passa, o drama aumenta de intensidade.
 
Eu até comecei bem, na semana que findou: todos os dias, as refeições foram constituídas à base de legumes e fruta. Estava a correr bem, até ir passar o fim-de-semana longe de casa… no meio de devoradores de chicha e esponjas insaciáveis, a poucos metros do Santuário de Fátima.
 
Falta acrescentar que o Rodrigo tem cinco anos e é filho do Zé. Enfim… pickwick