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Arautos do Estendal

Ela, do alto das suas esbeltas e intrigantes pernas, veio caminhando quintal abaixo até ao estendal, dependurando a toalha onde, minutos antes, tinha limpo as últimas gotas de água. O Arauto viu, porque o Arauto estava lá. E tocou a trombeta.

Ela, do alto das suas esbeltas e intrigantes pernas, veio caminhando quintal abaixo até ao estendal, dependurando a toalha onde, minutos antes, tinha limpo as últimas gotas de água. O Arauto viu, porque o Arauto estava lá. E tocou a trombeta.

Arautos do Estendal

30
Jun07

Feng Shui? Ai, ai, ai…

pickwick

Ontem foi dia de tomada de posse do novo patronato da minha instituição. Foi uma cerimónia lindíssima, realizada com muita dignidade, cujos contornos se descrevem em breves palavras: dias atrás, cada um dos membros eleitos recebeu uma convocatória para a cerimónia, por carta em mão; no dia e hora marcados, comparecemos os quatro no auditório, para, na presença da presidente da Assembleia, assinarmos uma singela acta de tomada de posse; ah e tal, havia um compromisso que se costuma ler mas não encontrei o texto e vocês também não iam querer perder tempo com isso, comunicou ela com um sorriso; assinámos e fomos embora, não sem que antes a presidente da Assembleia rematasse a sua actuação com um “pronto, agora é convosco”. Bonita, não foi? Enfim. Viva a descrição! Descemos a escada para o piso térreo, a olharmos uns para os outros, e entrámos para o gabinete do patronato. Mesas vazias, armários praticamente vazios, computadores do tempo da senhora do telefone de tambores, um silêncio misterioso no ar. Então e agora? O ex-patronato não deveria aparecer para “passar a pasta”? Devia, mas não compareceu. Ninguém sabia de nada e apenas um pequeno molho de papéis com uma etiqueta de “assuntos pendentes” parecia esperar por nós. Nunca me vi nestes assados, e os outros três comparsas parecia que também não. É bonito termos um gabinete para nós. Dá classe. A mim, ocorre-me sempre ser este o palco ideal para se cobrar em géneros um qualquer favor. Como nos filmes. Meio encavacados, começámos por tentar dispor as secretárias de forma mais airosa, até porque, de novidade, havia o facto de deixar de existir o gabinete do patrão e o gabinete das vice-patroas, passando a haver um gabinete único para os quatro, para acabar de vez com o feudalismo medieval que imperou naquela instituição durante os últimos anos. Ou seja, dois gajos e duas gajas a tentar arrumar secretárias e computadores num gabinete generoso. Normalmente, até correria bem, mas, comigo, as coisas nunca correm bem. Há sempre… qualquer coisinha… que… Bem, começámos pela secretária do patrão. Atalhou logo a Maumau (nome de código da vice-patroa que tem uma cicatriz enorme na cara e faz caminhadas pelas serras ao fim-de-semana e cujo cão fugiu de casa no dia anterior e ainda não tinha aparecido e que é vegetariana e só bebe cerveja preta sem álcool) que ah e tal, seguindo as orientações do Feng Shui, a secretária do patrão não pode ficar na entrada/saída, porque ah e tal a energia e não sei quê. Feng Shui? Outra? E eu a pensar que, há uns anos atrás, me tinha visto livre de uma companheira que alinhou com esses esquemas… afinal, agora vou passar três anos num gabinete com uma vegetariana que acha que espalhar espelhos pequeninos em recantos estratégicos de uma sala vai melhorar o ambiente. Ela ainda não falou em espelhos, mas eu já estou a prever que, mais semana, menos semana, vão começar a surgir espelhos pequeninos no gabinete, naqueles sítios que não lembrariam ao Diabo. Pessoalmente, não tenho nada contra os crentes do Feng Shui. É uma sabedoria oriental e eu, que vivi alguns anos na China e pratiquei uma arte marcial japonesa durante quase uma década, tenho grande admiração e respeito por quase tudo o que vem de gente com os olhos em bico e que não parece óbvio à primeira vista. Quase tudo. Espelhos pequeninos é que, tenham paciência, mas não! Passadas umas horas sobre este episódio inicial, as duas vice-patroas apanharam-me sozinho no gabinete e entalaram-me: ah e tal, perguntou a Mizé, tu não tens nada contra plantas no gabinete, pois não?, é que dão um ar tão (suspiro)… Claro que não, respondi, com o ar mais conciliador que consegui arranjar. Desde que não choque contra nenhuma. A meio do dia, apareceu a Nanda. A Nanda é uma loira quarentona, que costuma falar muito baixinho, não vá a polícia política apanhá-la ao virar da esquina e deportá-la para a Somália. Entrou pelo gabinete dentro, aos saltinhos, como se fosse uma macaquinha a saltitar alegremente de nenúfar em nenúfar num qualquer pântano, com um sorriso rasgado do tamanho da coisa de um elefante fêmea (perdoem a brejeirice, mas não me ocorreu nada mais decente). Abracinhos, beijinhos, miminhos, a todos. Eu não curto muito estas cenas, entenda-se. Não fica bem. Para compensar, trouxe uma garrafinha de vinho verde de qualidade (presumo), que não abrimos por não se encontrar a uma temperatura conveniente. Foi um dia memorável. Ficou-me uma séria preocupação por causa das plantinhas. Um dia destes, arrisco-me a ter de ir para o gabinete de catana em punho, para conseguir abrir caminho até à minha secretária. Um dia destes, perderei toda a pouca dignidade que me poderia restar, quando um pombo pousado num ramo de uma planta de crescimento rápido defecar aquela mistela ácida e mal cheirosa em cima do meu ombro. Um dia destes, vou ter que me chatear com as plantinhas. pickwick 

28
Jun07

Marte não é verde?!

pickwick

Ontem foi noite de convívio. Assim que me despachei das burocracias, rumei ao Feira Nova para me abastecer do essencial para uma jantarada: chicha e álcool. Daí, andor para casa das miúdas que não sabem cozinhar: a Maria e a Carlota (nomes de código, obviamente). Objectivo: fazer o jantar para sete pessoas. Em casa só estava a Carlota, que não percebe nada de culinária e ficou a observar aqui o artista: fura o lombo, enfia linguiça toda lá dentro (ui), enfia também uma cenoura, ensopa em sal, azeite e cebola, fatias de bacon a rechear, batatinhas cortadas ao meio ainda com a casca, uma película de alumínio por cima et voilá. Sem palitos! Sem nada para fazer, começámos a ver o Piratas das Caraíbas 2 no portátil, para tentar fugir ao tédio das telenovelas que estavam a começar na televisão. Entretanto, chega o Fil. Ah e tal, estão a ver os piratas? Eu tenho ali o Homem Aranha 3. Busca! Nem a um quarto do primeiro filme íamos e já estávamos a mudar para o segundo. E que segundo: filmado com uma câmera dentro de um cinema, mais cinzento do que aquilo não era possível. E, ainda nem a um quarto do segundo filme íamos, quando surge o resto dos convivas, mais cedo do que o esperado. Ah e tal, que o lombo ainda não estava no forno e o povo com fome. Acende-se o forno, mas passada meia hora ainda nem o azeite fervilha. Bela porcaria de forno! Já não há gajas com fornos que aquecem? Ou só lhes aquece o outro forno? Hem?! Para passar o tempo, que a assadura ainda demorava, começámos a jogar Trivial Pursuit, com a edição Genius que me lembrei de levar. Mais valia ter estado quieto! Devo andar mesmo arredado do mundo, nestes últimos meses. Ao fim de uma hora, os meus adversários tinham os queijos quase todos e eu ainda com o barco vazio, a apanhar moscas. Onde raio é que meti a cultura? Mas que perguntas maricas foram aquelas que me calharam? E, já agora, saber o nome do guarda-redes do FCP na época mil novecentos e troca o passo é cultura? Não me parece! Enfim, mais envergonhado eu não poderia ficar. É o que dá restringir as vivências e as leituras a um mundo demasiado estreito e limitado. É o que dá a especialização cultural. Um gajo depois passa vergonhas e não sabe coisas simples... Ah e tal, então qual é a cor de Marte? Ah e tal, respondi eu, os marcianos são verdes, portanto, Marte é verde. O pessoal olhava para as garrafas de Super Bock vazias à minha frente e ria-se. Algumas eram de Super Bock Green, o que poderá ter influenciado a minha brilhante resposta. A minha mãezinha espancava-me se soubesse destas figuras. Enfim. Deprimente. Por falar em deprimente e em Super Bock, experimentei a Green e até não dá vómitos. Escapa, portanto. Por falar em escapar, a colega da cueca laranja escapou-se. Ah e tal, se beber um copo respondo a todas as perguntas que me fizerem e conto tudo o que quiserem saber, disse ela há umas semanas atrás. Ui! Quem responde a tudo, também salta para cima da mesa e faz um strip ao som da banda sonora de uma novela pirosa qualquer, pensei eu. Não a estava a ver nesses preparos, mas nunca se sabe… a cerveja tem razões que a própria razão desconhece. E a colega da cueca laranja escapou-se porque o carro dela enguiçou e deixou-a a pé algures na A25. Por falar em saltar para cima da mesa, chegou-me agora à alembradura que o recheio da casa da Maria e da Carlota deixa muito a desejar. Para começar, não tem pratos e talheres e copos suficientes para meia dúzia de pessoas. Portanto, era comer lombo de porco recheado em cima de pires e pratos de sobremesa, espetar a carne com garfinhos para ervilhas, servir da travessa com uma tenaz da salada, comer o gelado num púcaro, e por aí fora. A desgraça era tanta que, já depois da sobremesa, a mulher do Clau – grávida de oito meses e com uma barriga que mais parecia ir parir um boi daí a minutos -, que estava sossegada na sua cadeira, estatelou-se ao comprido no chão da sala, com bocados de madeira a saltarem e o pânico a instalar-se nos convivas. Convenhamos que uma mulher muito, muito, muito grávida, acabada de jantar por dois, a dar um trambolhão do cimo de uma cadeira que se desfez em paus por obra e graça do espírito do caruncho, não é propriamente uma situação para relaxar e beber mais um copo. Aparentemente, não houve azar e daqui a um mês o Clau vai ter que andar a limpar a caca do traseiro de um bebé. Por falar em copo, levei uma garrafinha de 25 cl de licor de uva, uma especialidade caseira produzida aqui neste ninho dos disparates onde habito. A Maria, que já tinha bebido uma ou duas Green’s, parece que gostou da pomada. Tanto gostou, que esvaziou a garrafa. E tanto esvaziou a garrafa, que descobrimos que, nela, a quantidade de asneiras (leia-se palavrões e obscenidades) que lhe salta dos beiços é directamente proporcional ao álcool ingerido. Melhor dizendo, não é bem um caso de proporcionalidade directa. Se assim fosse, para zero centilitros de álcool ingerido, saltariam dos beiços zero asneiras. Na verdade, e porque devemos sempre honrar a verdade, a Maria debita asneiras até com água mineral. Juntando a isso o facto de fumar LM Light (se fumasse Kentucky mata-ratos, eu ainda a desculpava, mas LM é que não), temos aqui uma forte candidata a tia solteira ad eternum. Para mais, ela passou a noite a responder a uns telefonemas estranhos e compridos e melosos e suspeitos, sendo que ficou a sensação que seria um rabo de saias do outro lado das ondas, o que a projectaria para o universo das lésbicas. Era bonito, não era? E mais, num dos telefonemas, refugiou-se no quarto para uma maior privacidade, mas o Clau não resistiu (e eu segui-lhe as pegadas) e foi espreitar à porta do quarto para ver o que se passava. Imagine-se, de um lado para o outro, com um pau de incenso a arder. Quem é que acende um pau de incenso só para atender um telefonema, quando no piso de baixo estão os convidados para um jantar de convívio? Quem? Hum?... Ah, pois é!... pickwick

27
Jun07

Sejam felizes 2

pickwick

Post: Os guinchos da Lulu

Comentador: Iuri

Mensagem: Registei a ligeireza com que descreve “apupos à ministra feitos por alunos e professores”..e não estranhei a atitude. Aliás o que é de estranhar é como professores, com licenciaturas, têm comportamentos arruaceiros e ordinários para com a ministra. Depois, aqui d'el rei, que os alunos não têm educação para com os ditos professores, mandando-os, no mínimo, para o cara... É obvio e é coerente. É o que eles vêm os seus “educadores” fazerem à ministra! Vc deve ser daquelas «colegas» que detestam a ministra, porque sim ou porque é moda, ou porque os camaradas dos sindicatos mandam, ou então nem é professora e não percebo pq fala do que não sabe. Peço-lhe... antes de falar ou escrever pense e, já agora, aplique as críticas que fez à ministra por não se saber comportar, aos professores que a vaiaram e insultaram. Ou para si esses comportamentos de esgoto, já são permitidos? Vou por o seu blogue no meu. Mas na secção de “blogues de lixo”. Fique bem.

Resposta: Caro ex-leitor, li com atenção a sua mensagem e a sua lição de moral. Se o faz mais feliz, posso admitir que sou daqueles que detestam a ministra, e até posso deixar-lhe escolher se a detesto porque sim ou porque é moda ou porque tem um penteado piroso. Se o faz mais feliz, até posso ser mulher, já que na sua mensagem pressupõe isso, embora deixe algumas reservas nesta encarnação. Grato fico, sim, por colocar o nosso blog no seu. Mesmo sendo na secção “blogues de lixo”, vou tomar isso como um rasgado elogio. Para sua felicidade. Abraço (ou beijinho, se preferir que eu seja uma mulher, embora a ideia não me agrade muito).

 

Post: Pele ao léu

Comentador: Desconhecida

Mensagem: é em momentos como estes que eu gaja, quase quarentona, me sinto feliz por estar permanentemente rodeada de gajos...

Resposta: Querida desconhecida, folgo sabê-la a transbordar de felicidade por estar permanentemente rodeada de gajos. Interrogo-me sobre a sua profissão. Será mecânica de automóveis? Oficial dos pára-quedistas? Operadora de baldes de massa? Domadora de cavalos? A sua felicidade é tanta como a minha (excepto se a sua profissão for operadora de baldes de massa), que trabalho rodeado de infinitas mulheres. Beijinho.

  

Post: Chouriça de azeite

Comentador: Rebeca

Mensagem: Nomeei o seu blog para "Blogs com tomate" (…)

Resposta: Querida Rebeca, foi com um grande prazer que vi o nosso blog nomeado para uma tomatada. Deve ser para acompanhar a próxima chouriça de azeite que as minhas colegas tentem assar na brasa, não? Arroz de tomate vai bem com sardinha assada, mas também marcha ao lado do chouriço. No entanto, estranho a inclusão. Estive a rever algumas leituras e não encontro ponte entre o nosso blog e um tomate. Quando muito, haveria algures uma grande ponte entre o nosso blog e dois tomates. Mas, com apenas um, não estou a ver. Como queremos a sua felicidade, aceitamos a nomeação, e ficamos a morrer de ansiedade por saber quem vão ser os galardoados. Beijinho.

 

Post: Cabelos e penteados

Comentador: arpya

Mensagem: Sou mulher e só há cerca de um ano descobri um sítio onde cortam o cabelo mesmo como eu gosto. Nada como um cabelo com algumas nuances, macio, fulgurante e de fácil manutenção.

Resposta: Querida Arpya, ainda bem que, há um ano, descobriu uma maneira de ser feliz. O cabeleireiro deve ser um moço jovem e vigoroso, que lhe massaja o cabelo e o pescoço e os ombros e lhe deita uns pós afrodisíacos. Será? Talvez queira partilhar essa felicidade, enviando-nos uma foto que exprima, melhor que mil palavras, o motivo dessa felicidade imensa. De caminho, podemos inteirar-nos do que é um cabelo com nuances (serão molas?), macio (embebido em caramelo derretido, qualquer cabelo fica macio), fulgurante (tem fulgas?) e da fácil manutenção. Sobre este último aspecto, vejo-me obrigado a informá-la de que a facilidade de manutenção do cabelo é inversamente proporcional ao seu comprimento, daí que, se quer mesmo fácil, fácil, fácil, aplique pente zero. Isso mesmo. Pente zero, o caminho para a sua felicidade: com nuances, derivadas de cicatrizes de infância e uma passagem menos certeira da máquina; macio, tão macio que quase nem se vê; fulgurante como… como… como um ovo estrelado; e de manutenção nula. Beijinho. pickwick

26
Jun07

Sejam felizes 1

pickwick

(com o objectivo de não deixar sem resposta alguns dos nossos ilustres comentadores)

 

Post: Cabelos e penteados

Comentador: Leonor

Mensagem: Quantos anos tens pickwick?

Resposta: Querida Leonor, eu tenho os anos que tu quiseres que eu tenha para seres feliz. Posso ter vinte anos, o cabelo loiro e comprido, olhos azul-cueca e uma prancha de surf. Posso ter trinta e ser dono da Shell. Se preferires, também posso ter sessenta e ser avozinho e cantar-te cantigas de embalar, ou ter dezasseis e usar boné com pala para trás. Tu é que se escolhes, está bem? Beijinho.

 

Post: Retalhos e apontamentos

Comentador: Alex

Mensagem: Mas o "Xereque" 3 só está no cinema. Como é que ela o tem em casa???? Não quero saber.

Resposta: Caro Alex, é com prazer que satisfaço o teu pedido e não te digo como é que ela tem em casa uma versão obviamente pirateada do filme, provavelmente descarregado ilegalmente da Internet. Não queres saber, então ficarás sem saber, ponto final. Só te quero ver feliz. Abraço.

 

Post: Ai, não posso…

Comentador: Desconhecido

Mensagem: (…) Quem assim escreve tem que ser necessariamente uma pessoa inteligente. Parabéns!

Resposta: Caro Desconhecido, obrigado, mas só faço anos daqui a duas semanas. Convém contrapor a sua ideia de que quem escreve assim é inteligente. De facto, a realidade mostra que as pessoas inteligentes não investem a sua inteligência e tempo e energia e arte a escrever disparates consecutivos num blog. A realidade mostra que, estes seres inteligentes, colocam a sua inteligência ao serviço do seu próprio ganha pão, cujas receitas reverterão para a aquisição de palacetes, bólides topo de gama, bem como para a angariação de companheiras de nádegas firmes e peito hirto. Seja como for, e continuando na senda de levar a felicidade aos leitores, prometo que vou tentar ser inteligente e pedir para mudarem a data do meu aniversário. Tudo para que sejas mais feliz. Vale? Abraço.

 

Post: Vestido de chimpanzé

Comentador: Guida

Mensagem: "homem que é homem , não usa cor de rosa"...... Tristeza. Devem ser daqueles que acham a homossexualidade o máximo , Max dps .... pq um homem usa cor de rosa numa camisa..... já não é homem .... MEUS amigos... Deixem o preconceito do cor de rosa de lado. A homossexualidade sim, É ERRADA. Não um homem vestir cor de rosa! Poupem-nos de comentários assim !!!!!!

Resposta: Querida Guida, é com um profundo lamento que constato a sua intolerância a opções sexuais desviados dos padrões conservadores. A homossexualidade, em ambas as vertentes, além de ser apenas um desvio ao padrão, só traz vantagens: por um lado, diminui o número de concorrentes às fêmeas disponíveis; por outro lado, as mulheres lésbicas são extremamente desinibidas, facultando um acesso mais aberto às suas intimidades (repare-se que, no “hi5”, os corpos mais provocadores são de lésbicas). Para terminar, o problema com o cor-de-rosa não é um problema de preconceito. É, tão só e apenas, um facto: o cor-de-rosa fica mal a qualquer um! Parece batido de morango fora de prazo! E, homem que é homem, não se veste mal. As mulheres é que, na sua ganância pelo aspecto exterior, fazem opções de roupagem que, bastas vezes, tomam contornos de horror e agonia. Quanto aos “comentários assim”, peço desde já desculpa pelo facto de não lhe podermos poupá-los: a sua presença, é a razão da nossa existência. Mas, Guida, eu quero que sejas feliz. Por isso, durante o mês de Julho vou tentar vestir um pólo cor-de-rosa que ainda não comprei. Vou tentar poupar nestes comentários preconceituosos e reforçar outros que revelem maior abertura de espírito. Beijinho.

 

Post: Pele ao léu

Comentador: Carla

Mensagem: Eu adoro as cinturas descidas porque como se situam na zona da anca, não apertam a barriga quando nos sentamos. (…) alguém lhes explique que o "rego" do traseiro nada tem de sexy, seja no homem, seja na mulher.

Resposta: Querida Carla, fico contente por se sentir feliz ao usar cinturas descaídas que não apertam a barriga. Talvez queira partilhar essa felicidade enviando-nos uma fotografia elucidativa do seu prazer e da sua felicidade ao usar essa cintura. Ficamos a aguardar. De facto, o rego do traseiro não tem mesmo nada de sexy: nem nos homens, nem nas mulheres, nem nos chimpanzés, nem nos elefantes do circo. Beijinho. pickwick

25
Jun07

Uma queca de 10 em 10 anos

pickwick

Neste fim-de-semana que passou, fui à bela da capital. Aproveitei, entre lasanhas, arroz-doce, cervejolas e muita TV, para ir ao cinema! Cinco euros e quarenta cêntimos, e embrulha! Por esse dinheiro, eu… enfim... Bem, uma das partes boas de se ir ao cinema, nomeadamente junto à capital, como por exemplo numa vilazeca chamada Oeiras, mais concretamente num centro comercial daqueles cheios de tias e tops, é a paisagem que se vislumbra em redor. Meu Deus! Já não há decoro? Não, não há! É um mundo de melões e meloas, redondinhos e aconchegados, como que a brotar para fora do algodão. Ui! Pormenores à parte, fui ver o “Piratas das Caraíbas”, episódio 3. Eu gostei muito dos outros episódios: monstros, costeletas, tiques gay, quase nenhum sangue, tiros de canhão, golpes de espada, piratas, fantasmas, água, enfim, uma coisa muito divertidíssima e cultural. Como tal, havia que ver o terceiro episódio. E assim foi. Acontece que, para mal dos meus pecados e da minha carteira, o filme saiu uma borrada. A tal ponto que, no intervalo, ponderei seriamente a possibilidade de levantar e sair, antes que morresse de tédio. Não sei bem, explicar, mas fiquei com a impressão que o Manoel de Oliveira tinha metido a sua colherada na realização. A coisa começou logo mal, com uns gajos a serem enforcados, ah e tal, depois começam todos a cantar uma suposta canção de piratas (já não há canções de piratas para homens?), e aparece um puto a cantar com um aparelho nos dentes. Ah, pois é! Aparelho! Tipo armação metálica! Tipo gradeamento! No século não sei quantos! Admite-se? Claro que não! Uma borrada, é o que é! Depois, o filme é uma sucessão desidratada de pirosices, enredos aborrecidos, chineses sujos, chineses com unhas compridas sujas, barcos de pernas para o ar, passeios ao mundo dos mortos, barcos a atravessarem desertos em cima de caranguejos, feiticeiras desdentadas e com mau hálito, mapas rotativos, gajos com cara de polvo (bom, este já aparecia nos outros, mas podiam ter variado e metido um gajo com cara de pizza de cogumelos, não?), a Keira Knightley que ainda não foi fazer um implante de silicone, coitada que tanto precisa, e por aí fora. Estava a ver que nunca mais acabava! Em jeito de conclusão, e porque quero contar já o fim do filme para ver se menos pessoas têm a mesma desilusão que eu, a aventura termina com a fatalidade de a Elisabete e o Will se passarem a encontrar de dez em dez anos, numa ilha qualquer, para darem uma queca. E só pode ser de dez em dez anos! Portanto, tantas aventuras, tantos putos com aparelhos nos dentes, tantos barcos, tantos canhões, tantos piratas emporcalhados, para quê? Para o casalinho acabar assim? Dez anos é muito tempo! Alguma coisa ainda murcha pelo caminho! Ou apodrece! Ah, pois é! Mas, vejamos, em dez anos, a Elisabete pode ir fazer um implante. Ou dois. Os dois podem tomar banho. Ela pode comprar uma lingerie oriental, em vez de andar com aquela vestimenta achinesada que de chinês não tem nada. O Will pode ir ao barbeiro e arrancar aquela penugem das beiças. O puto pode ir ao dentista e tirar o aparelho. A feiticeira pode ir com ele e remendar aqueles buracos negros no meio do marfim apodrecido. Aliás, podem ir todos com eles ao dentista, porque o que há ali mais naquele filme é dentes podres! E o Jack, esse ser mítico, pode ir lavar o rímel das olheiras com um esfregão da loiça e Fairy. E o Pérola Negra também podia ir ali à estação de serviço levar uma escovadela, que com tanta lapa e estrela do mar agarradas ao casco fica com muito mau aspecto. Depois, passados os dez anos, ah e tal, ilha, Will, Elisabete, areia, upa, upa. E ainda chamam isto um filme de piratas? No meu tempo, os filmes de piratas eram a sério: o bom da fita acabava com uma gaja debaixo de um braço e uma arca de ouro debaixo do outro. Era simples e era de homem. Hoje, como se pode constatar, acaba-se com uma vida conjugal vivida com intervalos de dez anos. Um dia a rebolar na praia, mais dez anos, outro dia a rebolar na praia, mais dez anos, mais praia, mais anos. Não há condições! Aliás, este filme bate certo com os valores que a sociedade e a comunicação social vão valorizando: o convite ao adultério por falta de uso (dez anos?! poxa!...), o sexo ao ar livre e em zonas públicas (a polícia marítima devia intervir…), o sadomasoquismo mal disfarçado (sexo com areia pelo meio havia de ser o quê?), a ausência de hábitos alimentares saudáveis (gajo que é gajo, tem mesmo que comer! e não pode passar um filme inteiro a alimentar-se do ar conspurcado de um convés), a anorexia (aquela Keira até é gira, mas os ossos sempre a chocalharem uns nos outros dão muito mau aspecto e são um péssimo exemplo para as nossas jovens), e, claro, a violência. A bela da violência. Que aprendem as nossas crianças com este filme? Pois claro: quando aparecer o bicho papão, em vez de lhe darem Chocapic e o encaminharem para um jardim, atacam-no barbaramente com espadas e pistolas de carregar pelo cano! pickwick 

24
Jun07

Poema ligeiro das Sofredoras

pickwick

És bonita, que linda,

Que feia até podias ser,

Anjinha é que não,

Porque essas não o têm

Em rigorosa definição.

 

Sendo como és, sofres,

Por o seres, ou porque não,

Uma por a Benetton, essa,

Fechar de Sábado,

E outra, que nem por isso,

Não sabe onde cair morta.

 

Todos sofrem, perto ou longe,

Molhado ou seco, na brasa.

Apelam à compreensão celeste,

Mensagem na mão terrestre,

Meu amigo escutante,

Acode-me que a dor vai longe.

 

E eu digo, na nébula maior

Dos pensamentos subtis:

Porra! Havia de estudar PDS!”

 

Nota do autor:
Esta obra-prima da poesia erótica remonta a 21 de Maio de 1994. Encontra-se arquivada numa pasta da estante da minha sala, misturada com centenas de outros disparates da época. Sinceramente, não me recordo quem era a contemplada nos versos, nem se era apenas uma ou meia dúzia. Seria uma gaja que trabalhava na Benetton? Francamente, não faço a mais pequena ideia. Mais de metade dos versos também não faço ideia do que querem dizer. Devia ser um momento de grande iluminação, certamente. Ou não! Certo, certo, é o contexto em que foi escrito o poema: devia ser véspera de um exame da cadeira de PDS - Processamento Digital de Sinal, do 4º ano. Para não variar, em vez de estar a marrar afincadamente nos livros, estava a pensar em gajas inatingíveis e de moral duvidosa. Enfim, há coisas que não mudam… pickwick

23
Jun07

Retalhos e apontamentos

pickwick

Porque a vida também é feita de retalhos e apontamentos…

 

1. A Lena, hoje, veio confessar-me que não bebeu álcool ao almoço. Não é que uma quarentona tenha que me prestar contas do que bebe ou deixa de beber, mas, depois do olhar reprovador que lhe lancei quando regressou do almoço toda eufórica, deve ter-se sentido na obrigação de mostrar que aquilo foi uma excepção. A Lena é uma porreira. Estás é muito pálida, ó Lena, disse-lhe eu. Pálida, eu?! Lá vai a mulher ficar sem dormir, a pensar se deverá beber diariamente um copito de tinto para ficar com as faces mais rosadas e atraentes.

 

2. A Ju chegou, encasacada. O tempo não está para brincadeiras, apesar de ser Junho. Na sala estava-se agradavelmente, à temperatura de uma noite de Verão. Ao fim de cinco minutos, a Ju tirou o casaco. Ui! Uma camisa bem aberta, deixando ver o brutal decote proporcionado por um top preto. Hum… carne fresca, pensei para comigo, entre derivadas e complexos. A dois metros, a janela aberta ajudava a renovar o ar. Chama-se a isto arejar. Ao fim de cerca de uma hora, a Ju voltou a vestir o casaco e puxou o fecho até cima. Está a ficar frio, queixou-se. Portanto, companheiros de luta, já sabem: nunca, nunca, nunca, mas nunca estejam numa sala com uma gaja e tenham a janela aberta. É um erro de palmatória. Não se faz!

 

3. Eu já sabia que a Ana pintava o cabelo de preto, para não se notarem os cabelos brancos. Afinal, ser-se quarentona sempre pesa no aspecto. Mas, a novidade do dia, é que ela mete pó talco no cabelo! Ah e tal, tenho o cabelo oleoso, justificou-se perante o princípio de gargalhada geral. Ana, francamente, pá!…

 

4. As miúdas da escola secundária da minha terra passam a vida agarradas ao telemóvel, enquanto caminham na rua. Será GPS? Não sei, mas parece ser crónico. Ainda há bocado passou-me uma aqui debaixo da janela, com um decote generoso, olhos postos no telemóvel enquanto carregava freneticamente nos botões. É todos os dias. Aqui, na rua principal, de manhãzinha, ao final da tarde, tanto faz. Não me parece nada saudável…

 

5. Na semana passada recebi um e-mail da Arlete. Como devem saber os leitores assíduos deste blog, a Arlete é uma gaja que até meteria medo ao Drácula numa rua escura. Tive um aperto no peito, quando vi que era dela. Afinal, era só para perguntar onde é que poderia comprar determinado software que me tinha visto usar. Eu devia ser mais condescendente para com as gajas feias, mas não consigo. Shame on me…

 

6. As minhas colegas têm o pé muito pesado. Ouço com cada estória que até parece mentira. Uma não pára nos semáforos quando passa em claro excesso de velocidade. Outra só pára de vez em quando. Outra já foi multada. Outra idem. Outra acha que um dia destes também. Outra voa. E depois ainda há estudos que dizem que, ah e tal, as mulheres conduzem com segurança. Pois sim…

 

7. A Ana insiste em trazer todos os dias um vestido e, por baixo, calças de ganga. Eu acho mal. Ao primeiro olhar, parece que ela vem toda provocante, com um vestido curto a realçar as curvas, mas, num segundo olhar, lá está a porcaria das calças de ganga. Hoje, o Philip passou-se: mas para que é que trazes sempre calças de ganga por baixo do vestido? Ah, é para não me verem as pernas, respondeu ela. Às vezes, não há paciência para as aturar… não há, não…

 

8. A minha colega da cuequinha laranja diz que se beber um copito conta tudo o que quisermos. Isto, a propósito de marcarmos um jantar na próxima semana, para comemorar a chegada do Verão. Ela até não vai para casa, a cerca de cem quilómetros daqui, só para poder ficar a jantar calmamente. Nós, não conseguimos resistir à tentação de lhe enfiar um copito ou dois pelas goelas abaixo. Então, conta tudo o que quisermos? E o que é que nós vamos querer ouvir? E o que é que ela quererá contar? Estará ansiosa para contar alguma coisa? Alguma novidade tórrida? Está mesmo a meter-se a jeito para a noite lhe correr de feição e acabar no largo da igreja, em pêlo, a cantar as Janeiras, com a cuequinha laranja enfiada na cabeça. Está mesmo a meter-se a jeito…

 

9. A minha fã número um mandou-me agora mesmo uma SMS. Ah e tal, tenho cá em casa o “xereque número três”. O quem?! Passados cerca de oito minutos, e na chegada de uma outra SMS perguntando se eu não queria ir ver o filme, fez-se-me luz. O xereque! Três! O filme! Devo andar mesmo lerdinho, para demorar tanto tempo até me cair um raio de luz pela testa adentro… pickwick

22
Jun07

Ai, não posso…

pickwick

Normalmente, não se gosta de reuniões de trabalho. Não é pelo trabalho em si, que com esse pode-se bem ou mais ou menos, mas é mais pela reunião. Muita gente, muitas frases a cruzar o ambiente, alta probabilidade de alguém se chatear com outrem, uns mais bem dispostos que o normal e outros com o humor de um crocodilo enfadado. Apesar disso, e fora o trabalho e o humor, as reuniões têm algumas coisas de positivo. As gajas, por exemplo. Costumo ser frequentador de duas reuniões em que a percentagem de gajas é completamente diferente: numa, costuma haver uma única gaja – que só por acaso é tão podre de boa que até incomoda – para um número variável (mas grande) de gajos; noutra, as gajas são em franca e intimidadora maioria, embora a qualidade não acompanhe a quantidade, pelo que os olhos se cansam muito mais para conseguirem captar cumulativamente uma graduação de beleza mínima. Enfim, é o que temos. Hoje, tive uma reunião do segundo género, com dois gajos e resmas de gajas, que não primavam pela beleza embora não fossem todas de se deitar fora. Pela proximidade do Verão, coincidente com a debandada geral do povinho português para paragens pirosas a sul e a oeste, achou-se por bem fazer desta reunião um momento de salutar convívio entre os intervenientes. É sempre bonito o convívio salutar. Desta feita, a parte do salutar traduziu-se numa feira gastronómica requintadíssima. Houve uns cinco quilos de queijo amanteigado, da Serra da Estrela, daquele que se abre uma tampa em cima e depois se barra no pão e depois um gajo baba-se todo e depois não quer fazer mais nada senão barrar o pão com o queijo e depois até apetece meter logo a colher na boca mas porque está lá mais gente é melhor não e depois por causa disso tem que enfardar pão até não caber mais. E bolinhos. E ovos moles. Ui, e logo ovos moles! Uns dois quilos deles, pelo menos! Quanto a mim, levei uns bolinhos redondinhos e jeitosinhos com frutos secos, dentro de um saco de pano que era do meu avozinho e que ainda trazia bordadas as iniciais dele. Este saco ainda é do tempo em que, na aldeia ribatejana do meu avozinho, o padeiro passava pela rua principal numa carroça toda pitada de vermelho, parando casa a casa para distribuir o pão. Bom, os bolinhos foram um sucesso. Quando viram o saco, as gajas ficaram logo todas histéricas, que ah e tal, são caseiros! Tão bons! Ah e tal, não estão a ver o saco? Nestes momentos, um gajo enche-se de paciência e tem de explicar que ah e tal, não são bem caseiros, porque foram comprados no Pingo Doce, está bem? Pingo Doce?, exclama chocada a gaja da frente. Se é feito no Pingo Doce, está cheio de porcarias!, completou, com um ar falsificado de enjoada, provavelmente lançando a rede para ver se ficavam todos sem vontade de provar os bolinhos e sobravam todos para ela. Azar. Os bolinhos foram devorados, muitos deles barrados com o queijo. Uma orgia gastronómica, é o que foi. Entretanto, algo parecia não correr muito bem. A maior parte das gajas, a bem dizer, só provaram do festim, e só alguns itens. Queijo? Ovos moles? Ai, não posso porque faz engordar, queixavam-se baixinho. Engordar? Está bem que, para trintonas e quarentonas, algumas delas até estão muito bem conservadas, especialmente a que ontem apareceu com cuequinhas laranja, mas não havia necessidade de ficar a ver os outros a comer! Mas, não. Fidelidade ao programa, acima de tudo. Paciência, mais sobra, concluiu a minha pessoa. Entretanto, houve sessão fotográfica para mais tarde recordar. Ai e tal que eu não sou nada fotogénica, queixava-se uma. Ai que eu também não, respondia outra. Enquanto o amador de fotógrafo se posicionava, elas ajeitavam-se para ficarem benzinho na fotografia. Ombros para trás, mamas acima, zás-zás no cabelo, barriguinha para dentro, corpo direito, cabeça ligeiramente de lado, sorriso como que apanhada desprevenida e de surpresa mas que é treta, anca para o lado, e tal. Um gajo fica com vontade de cruzar os braços e ficar a olhar para o arraial fotográfico, a apreciar as habilidades e os tiques. Ai, então já tiraste a foto?, é que eu estava a pentear-me. Mas, verdade seja posta na mesa, há que reconhecer que não são muitas as mulheres trintonas e quarentonas que ainda se preocupam com a aparência física. Frequentemente cruzo-me com mulheres acabadinhas de entrar nos trinta que mais parece estarem de saída dos quarenta, de tão mal estimadas que estão, de tanta falta de cuidado que colocam no seu corpo e na sua aparência. Portanto, apesar de, assim num primeiro relance, as minhas colegas de trabalho parecerem um bocado pirosas com aquelas preocupações todas, é um facto que são merecedoras de todo o meu apreço. Cuidam-se e fazem por parecer bonitas e atraentes. E conseguem-no! É de louvar. Se assim não fosse, haveria raros dias de sol durante o ano. Se assim não fosse, nem a melhor das anedotas me faria sorrir. E, por falar em sorrir… mas o Verão nunca mais chega?! Estou farto de as ver ainda de casaco! Arre! pickwick

21
Jun07

A violação da Susana

pickwick

Por falar em mulheres com os copos, que é uma coisa sempre bonita, ocorre-me uma cena passada há uns… xii… já foi há muitos anos!… Em 1985, se a memória não me falha. Poxa! Acho que nunca contei isto aqui no blog. Bem, fui a uma festa de anos de uma miúda cujo nome não me ocorre, mas que era uma das namoradas do meu amigo Almeida. À mesma festa iriam alguns conhecidos e alguns amigos. Uma coisa discreta, no minúsculo apartamento da aniversariante, aí com umas dez pessoas. Em cima da mesa, uma garrafa de Johnnie Walker Black Label. Plano maquiavélico preparado há várias semanas: embebedar a Susana, para depois eu a levar para o WC e a violar. Objectivo: tirar as manias à Susana (não me lembro de que manias eram, mas se calhar na altura também não sabia). Autores do plano: Almeida e namorada. A namorada do Almeida era bem jeitosa, mas não me consigo lembrar do nome. Deve ser por isso. Bem, naqueles tempos, eu dizia que sim a tudo e se fosse preciso piorar as asneiras eu arranjaria sempre ideias. Claro que disse que sim, ah e tal, como se eu soubesse o que era violar uma gaja! Como se eu soubesse o que era uma gaja! (maldita adolescência desequilibrada!) Noite dentro (tipo 22h00), os planos corriam pelo melhor, o povo já encharcado em uísque e com a oralidade muito comprometida. Almeida e namorada, sóbrios que nem um pau-de-gelado, expectantes. A dado momento, atiraram-me para dentro do WC com a Susana. Ela ia caindo, eu fingi que também não, e ficámos ali a olhar um para o outro. E agora?, pensei para comigo. Como se viola uma gaja? É na banheira? Com água ou a seco? No tapete? E se lhe parto uma perna a apalpar-lhe as nádegas? Não dá para desligar a luz porque o interruptor ficou lá fora. E se ela me bate? E se grita e a polícia aparece? Eu balouçava-me para a frente e para trás, mãos nos bolsos, embrulhado nestes pensamentos, enquanto a Susana se apoiava com pouca firmeza na parede, olhando-me fixamente. Finalmente, abri a boca, tipo peixe. Não cheguei a dizer nada. A Susana adiantou-se: não gosto de ti, disse ela. Está bem, respondi-lhe eu, então vamos embora. Abri a porta e saímos. Silêncio na sala, olhos postos na Susana. Esta, fez de conta que não era nada com ela e foi apanhar ar à varanda, mas correu-lhe mal a vida: a porta da varanda estava fechada, espetou-se de nariz na vidraça e caiu para trás, estatelando-se de costas no chão da sala. Risota geral, blá, blá, blá. Lindo serviço, pensei para comigo. O Almeida topou que não devia ter acontecido nada e olhou-me com aquele ar reprovador que os padres fazem quando temos um pensamento pecaminoso. Olhei as horas, 23h e pouco, boa altura para saltar dali para fora. Ricardo, levas-me a casa? Sim, respondeu o moço, três anos mais novo que eu, olhar condescendente para com o meu corpo cambaleante. Acompanhou-me até à esquina da minha casa, a uns duzentos metros da festa. Se não fosse o Ricardo, a esta hora ainda eu andaria perdido numas ruas quaisquer de uma cidade no outro lado do mundo. Entro em casa, pé ante pé, escuridão total, passo à porta do quarto dos meus pais: ah e tal, então filho, como correu a festa? Bem, bem, respondi eu, passados os dez segundos necessários para processar a pergunta, compor uma resposta credível e deitá-la cá para fora sem parecer ter a boca atestada com Nestum. E cama. Desde então, sou atacado por um forte sentimento de nostalgia quando toca na rádio aquela música dos Art Company, “Suzanna”…  pickwick

20
Jun07

Um copito

pickwick

Hoje, à hora do almoço, e como já é costume desde há dois anos, fiquei sozinho na paz e no sossego enquanto os meus colegas debandaram para o restaurante. Às vezes, há uma ou outra colega simpática que, por motivos obscuros eventualmente relacionados com problemas de passagem nas portas, fica a fazer-me companhia. Mas, hoje não foi o caso, até porque soa a Verão, apesar de ter acabado de cair uma carga de água dos céus daquelas que metem medo ao susto. A paz e o sossego souberam mesmo bem e consegui dar um adiantamento razoável no trabalho. Mas, como tudo o que é bom ou sabe bem, acabou-se com o regresso do magote de gente. A Lena, essa aterrorizadora de criancinhas, regressou extremamente bem disposta, com as bochechas rosadas e uma vontade incontrolável para dizer piadinhas e soltar disparates. Foi só um copo de tinto, comentavam as colegas no intervalo de mais uns disparates. Risinhos, mais uma gracinha, ah e tal. Eu, com um ar de pilar inabalável da moralidade, abanava a cabeça em jeito de reprovação. Fica-me bem este ar, devo confessar, mas acho que não já não convenço ninguém. Bom, com a brincadeira do copito de tinto, abriu-se-me a mente para mais uma realidade factual: o monstro-das-bolachas que se esconde no corpo feminino e que é facilmente acordado pelo degustar de pomada de uva. A Lena, que normalmente é uma pessoa séria e grave embora humorada, transformou-se no Jô Soares com um ataque de urticária hilariante. Não comparei com o Jô Soares à toa, como se depreende, embora lhe faltem uns quilos. Será por causa deste monstro-das-bolachas que muitas mulheres preferem não beber umas pomadas, ou umas cervejolas, ou uns licores? Porque têm medo que o monstro lhes salte para fora da pele e façam figuras inimagináveis e altamente comprometedoras? Porque vão perder a compustura? Porque nunca mais ninguém as vai levar a sério? Será? Medo? Pavor? Ora, francamente! Não era preciso serem assim. A avaliar pela Lena, até ficam muito engraçadas quando bebem um copito e começam a dizer disparates e a atirar graçolas picantes. É bonito de se ver. Quem assiste, fica sempre com a impressão de que nos próximos três minutos ela vai arrancar a camisola e fazer uma fisga com o soutien para atingir a plateia atónita, mas não é preciso stressar com os pensamentos alheios. Quem assiste, fica sempre com a impressão de que ela vai pendurar-se de surpresa na braguilha do gajo com quem tem sonhos eróticos secretos, mas não há problema. Bom, se a Lena se pendurasse na minha braguilha, com aqueles presuntos todos, haveria problemas sérios… de hérnia! Chiça! Não que ela tenha sonhos eróticos comigo. Ou que tenha sonhos eróticos, sequer. Hum… bem, é capaz de ter… é loira, mesmo que o cabelo seja pintado, portanto, tudo é possível. Medo! Ok! Adiante. Mas nem todas reagem assim. Há delas que ficam incapazes do que quer que seja. Há delas que começam a chorar. Enfim. O melhor, mesmo, é beberem um panaché. Ou sumo de framboesa. Copos à parte, e para terminar, o relatório do dia: Gorety, cuequinha laranja; Maria, cuequinha branco-sujo; Patrícia, cuequinha vermelha; Celine, provavelmente cueca XXXXL. pickwick

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